Developer: Two Point Studios
Plataforma: Xbox Series S|X, PlayStation 5 e PC
Data de Lançamento: 04 de março de 2025

No final da década de 90, surgiu um jogo que mudaria o paradigma do género tycoon, aliando-o à gestão de hospitais, estou a falar de Theme Hospital editado com o carimbo da Electronic Arts e que, para muitos, ainda hoje é um referência. Obviamente que quase 20 anos passados desse jogo o género em muito se modificou e foi-se transformando, com a componente da gestão cada vez mais pormenorizada, por vezes demasiada densa, mas por outro lado mais focado na simulação. No entanto, o que agradava em Theme Hospital era gerirmos um hospital num jogo cartoonizado e com eventos extremamente cómicos e impossíveis num jogo de simulação.

Esse estilo só foi realmente recuperado pela Two Point Studios que, em parceria com a SEGA, viria a publicar Two Point Hospital, o verdadeira sucessor espiritual do Theme Hospital. Desde então, e devido ao seu sucesso, o estúdio tem embarcado em cenários diferentes, quatro anos depois com Two Point Campus, dedicado à criação e gestão de Campus Universitários e agora, em 2025, o Two Point Museum, e, como o nome indica, vamos criar e gerir museus.

https://youtu.be/B1dwtQJLwr0?list=PL8YBuApAYRvHEnKo7tXbF49OJXAgqQbRI

Para alguns, eu incluído, seria fácil pensar que “vira o disco e toca o mesmo”, mas não poderiam estar mais enganados, tudo muda com a presença de uma mecânica relativamente simples, mas que dá uma dinâmica completamente nova, as chamadas Expedições.

As Expedições são, como o nome indica, viagens efectuadas pelas nossas equipas de exploração a vários pontos do mapa, tentando recolher os artefactos mais raros do planeta para colocarmos em exposição no nosso Museu. Esta nova mecânica desenvolve-se em vários planos, primeiro no ter condições para as executar, visto que algumas exigem Explorados com determinados Perks, como por exemplo, capacidade de sobrevivência, depois poderá ser necessário ter desenvolvido determinados objectos de captura no nosso centro de desenvolvimentos e, por fim, os locais adequados para albergar as várias espécies. Isto porque, mais para a frente no jogo, deixamos de apenas andas nas escavações pré-históricas, para mergulhar no mar para recolher as espécies mais exóticas para o nosso aquário ou criar o ambiente perfeito para albergar as plantas mais inóspitas do mundo, isto apenas para dar alguns exemplos.

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As Expedições em si exigem bastante dinheiro, exploradores específicos e por vezes material específico também para ser possível as executar, mas existe sempre um factor risco e dilemas que podem acontecer. Isto faz com que tenhamos que jogar com cautela, investir no treino dos nossos exploradores e na equipa que os vai acompanhar. Para além disso, existem os tais dilemas que podem alterar o curso da expedição, aí temos que tomar uma de duas decisões e, como já perceberam ou pode correr bem ou pode correr mal, sendo que não existem respostas óbvias.

Por fim, destacar a ideia de loot que os criadores conseguiram encaixar no jogo. É que quando a Expedição termina o helicóptero traz de volta uma caixa para abrirmos e ver o que os exploradores trouxeram. Ora pois bem isso é completamente random, dentro do possível, dando um factor de surpresa a cada jornada. Isso e o facto de alguns artefactos terem várias peças que temos que descobrir com a repetição das expedições no mesmo local, acaba por dar muita vida ao jogo.

Mas nem só das Expedições vive este Two Point Museum. Apesar de ser talvez a parte onde o domínio dos criadores é maior, a questão de construção e gestão também tem vários upgrades em relação a títulos anteriores da franquia. Para já, tudo é costumizável e com um layout de menus e submenus super fluídos e simples. A própria disposição de todos os elementos do jogo e da sua agruparão fazem com que este jogo seja o mais acessível de todos os Two Point.

O mesmo acontece com o Modo Campanha, que foi reformulado, onde temos “apenas” 5 museus, mas ao contrário dos outros jogos, não temos que ficar num até à sua exaustão e depois passar para uma nova fase para fazer tudo de novo. Aqui não vamos passar demasiado tempo num só museu, vamos rodando entre eles, aprendendo novas funções e disponibilizando novas possibilidades de exposição.

Começamos num, onde temos fósseis, esqueletos de dinossauros ou homens da idade do gelo, passando para a vida marinha e até mesmo por alienígenas, aprendendo em cada um as suas necessidades específicas, mas podendo saltar entre eles para tentar cumprir os objectivos de cada localização, podendo até, trazer e reconstruir exposições de um museu para o outro. O jogo torna-se mais dinâmico, divertido e faz com que repensemos, sempre que regressamos a um deles, naquilo que podemos melhorar.

Depois temos a componente cómica que a Two Point Studios tão bem consegue incorporar em cada jogo. Os diálogos estão cheios de trocadilhos, e durante a gameplay é possível ver diversas situações e comportamentos dos visitantes, transformando tudo em puro ouro. Até os problemas de IA (como funcionários presos em portas) viram piadas, e não frustrações. Para além disso, existem várias informações que nos vão sendo transmitidas via rádio que têm tanto de útil, dando conta de melhorias que podem ser feitas, como relatos de coisas bizarras, é uma espécie de comic relief. É um jogo que não se leva a sério — e é exatamente por isso que funciona tão bem.

Os funcionários que lidam diretamente com o público possuem funções bem definidas e podem ter um foco específico, seja no atendimento da loja de presentes ou na venda de bilhetes. Já os especialistas em arqueologia podem ser treinados para aumentar a sua eficiência na limpeza de fósseis. Guardas, por sua vez, podem especializar-se na prevenção de furtos ou na organização das filas. Independentemente da área, qualquer tipo de treino aplicado reflete-se diretamente no desempenho do museu.

No Modo Sandbox, a liberdade é total: podemos estabelecer os nossos próprios critérios de sucesso e combinar diferentes estilos de museu num único espaço. Esqueçam as limitações – nada de ter apenas um museu assombrado ou um museu aquático. A decisão está nas vossas mãos: escolham os tipos de exposições, invistam tempo em expedições e assistam ao crescimento do vosso museu. E para os que adoram um bom desafio, sugiro experimentar a dificuldade mais alta – só para ver se conseguem evitar cair no vermelho.

Em termos visuais, o jogo mantém a atmosfera descontraída que define a franquia, apostando em gráficos simples, mas envolventes e bem animados. Essa escolha não só reforça o charme visual, como também garante acessibilidade em diversas plataformas e configurações, algo que certamente agrada aos fãs. No entanto, também apresenta o único revés do jogo, isto é, não existe uma qualidade gráfica extremamente polida, com um trabalho de iluminação acima da média, que poderia  ajudar em alguns cenários, nomeadamente no Museu Assombrada e do Alienígena. Falta um pouco brilho nos cenários e nas texturas na sua generalidade.

Os visitantes continuam a ser um espetáculo à parte, destacando-se pelos trajes temáticos e pelas interações inusitadas. Já as exposições variam entre objetos interativos e peças históricas, recriando diferentes períodos de forma única. Graças ao humor característico da série, muitos desses itens acabam por ser divertidas sátiras à nossa própria cultura. Um bom exemplo disso é o museu pré-histórico, onde um dos fósseis em exibição nada mais é do que a imagem de um disquete, outro é um frigorífico dos anos 60 congelado num bloco de gelo.  Cada museu segue essa lógica, adicionando um toque de humor às suas peculiaridades.

Two Point Museum é o melhor jogo da franquia. Apresenta um modo de campanha refinado dividido em 5 museus, obrigando-nos a revisitá-los várias vezes para cumprirmos os objectivos do jogo e isso foi a melhor redefinição que a franquia já teve. Aliada à introdução das Expedições que implica novas mecânicas e desenvolvimentos na jogabilidade, dando uma maior dinâmica ao jogo e redistribuindo a nossa atenção para mais do que apenas gerir um museu. Um salto para a modernidade que não era fácil fazer, mas que foi feito com grande exímia.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-two-point-museum<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">O novo formato da Campanha</li> <li style="text-align: justify;">A introdução das Expedições</li> <li style="text-align: justify;">O humor</li> <li style="text-align: justify;">O layout dos menús e as vastas opções</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A componente visual podia estar mais polida</li> </ul>