Developer: Naughty Dog
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 19 de outubro 2022

UNCHARTED é talvez um dos bens mais valiosos da PlayStation, o seu factor multi geracional das consolas da Sony, uma personagem icónica, um estúdio também ele icónico, e, recentemente, a transposição para o cinema, demonstra como a personagem de Nathan Drake é um símbolo da PlayStation. Com a criação da PlayStation Studios englobando todo o universo das suas franquias nas mais variadas plataformas, fomos vendo também a chegada de vários exclusivos ao PC. Agora é a vez de UNCHARTED: Coleção Legado dos Ladrões.

Antes de irmos às questões técnicas adjacentes a esta transposição de UNCHARTED: O Fim de um Ladrão e de UNCHARTED: O Legado Perdido, vamos contextualizar a história dos jogos para aqueles que por ventura não se recordam, mas fundamentalmente para aqueles que vão jogar os dois no PC.

Quando Nathan Drake estava numa posição de viver uma vida normal, junto da sua Elena, depois de tantas aventuras e de se ter reformado da vida de caçador de tesouros, eis que surge o seu irmão Sam, que se vê envolvido numa situação de vida ou de morte. Para o salvar, terão que juntos encontrar o tesouro perdido do pirata Henry Avery, de forma a poder pagar a liberdade de Sam. Só que a trama não é assim tão simples como isso e haverá muitas voltas e reviravoltas ao longo da estória. No entanto não estarão sozinhos na corrida a este tesouro, Raith, um antigo “amigo” de longa data, multimilionário e coleccionador, está à procura desse mesmo tesouro e conta com uma verdadeira força especial para o ajudar, a Shoreline.

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Há muitos twists and turns durante o jogo, e como é habitual, parece mesmo que estamos a jogar um filme de acção, com momentos mais exploratórios, de resolver puzzles, e de repente estamos metidos numa alhada a fugir a alta velocidade em cima de uma mota. É essa diversidade e dinamismo que a Naughty Dog consegue sempre trazer com peso e medida para todos os seus jogos.

Apesar das mecânicas serem já bastante usuais na saga UNCHARTED, a sua fluidez e pequenas novidades são notáveis. Os movimentos de Drake não são “quadrados”, adaptam-se à circunstância, seja a colocar a mão numa parede porque está a ir contra ela, seja a esgueirar-se perante uma multidão, parece que nunca estamos a jogar apenas um jogo, mas a mover a nossa personagem de um filme, devido à realidade dos seus movimentos. É claro que a força e astúcia de Drake a escalar montanhas e a fazer saltos e a cair sem partir umas costelas devolve-nos a realidade de que estamos num jogo, mas faz parte.

Uma das novidades que surgiu neste jogo foi o facto de Nate desta vez estar munido de um “grapling hook“, utensílio que vai usar para balançar entre plataformas ou para subir outras, ou mesmo para se lançar contra os inimigos. Outra é o facto de podermos marcar os nossos inimigos para controlarmos de melhor forma os movimentos dos nossos inimigos e até planear os nossos ataques furtivos. Neste aspecto podemos andar pela vegetação para matá-los sem darem por isso, não tendo que entrar em confronto directo com uma “porrada” deles.

Outra das novidades que surgiu neste jogo foi a utilização do guincho do nosso jipe para derrubar obstáculos ou criar novas plataformas, assim como para conseguirmos puxar o nosso jipe para zonas inacessíveis, atando-o a uma árvore para ganhar tracção e força. Até mesmo em zonas que envolvem a utilização deste guincho, podemos assistir aos nossos camaradas a conduzir o nosso jipe para nos ajudar em determinadas situações, tal como referia em mais acima, é apenas mais uma prova da boa IA que vamos encontrar no jogo.

Tal como acontecia em anteriores jogos, vamos ter várias armas à disposição, sendo que vamos apanhando as que os inimigos vão deixando ou descobrindo tantas outras, cada uma delas, dando uma forma diferente de enfrentar as nossas dificuldades. Todas elas com efeitos diferentes, mas todas elas fáceis de manejar. De referir que poderão escolher no menu do jogo se querem que exista um sistema de auto-aiming ou se preferem fazer as coisas por vocês mesmos.

O Modo História, termina-se facilmente por entre as 15 a 17 horas, sendo que terão ainda a oportunidade de jogar várias vezes para tentarem as dificuldades superiores, ou para encontrar os vários tesouros espalhados por vários níveis.

Nota ainda para a banda sonora do jogo, que mais uma vez nos preenche e preenche a narrativa nos seus variados momentos, nota ainda para o trabalho de Nolan North e Troy Baker na sua versão original, e para a versão dobrada em português, por ser mais uma vez, especialmente nos jogos da Naughty Dog, dos melhores trabalhos que vimos na PlayStation, com destaque para Sérgio Calvinho (Nathan Drake), João Craveiro (Victor Sullivan) e Sofia Duarte Silva (Elena).

Nesta coleção temos ainda O Legado Perdido que foi editado em formato standalone cerca de um ano depois de O Fim do Ladrão. Aqui sem Nathan Drake como personagem principal, mas uma velha conhecida da franquia, Chloe Frazer, que conhecemos de UNCHARTED 2: Among The Thieves onde desenrolou um dos papeis principais, numa espécie de romance Mr Smith com Nathan Drake que preferiu ficar com a doce Elena em vez da rebelde e aventureira Chloe.

Talvez até por isso, por ser uma jovem tão carismática nesse mesmo jogo, e por de alguma forma ser a “underdog” num triângulo amoroso é fácil de nos aproximarmos desta personagem. Para facilitar a nossa relação com Chloe, vamos viajar até à sua terra natal, a Indía, na busca do Golden Tusk (Presa Dourada) de Ganesh, um deus Indiano, que leva-nos para a região de Western Ghats, nas ruínas do chamado Império Hoysala, conquistado e saqueado durante as invasões Persas.

O que nos deslumbra é a qualidade do mundo que nos é apresentado, seja pela representação facial das nossas personagens, seja pela grandiosidade das vastas paisagens pelas quais desbravamos caminho. A representação da realidade, seja a zona de guerra, o mercado indiano, ou as gigantes florestas, tudo é magnânimo e surpreende sempre. A verdade é que enquanto The Order tentou ser um filme jogável, UNCHARTED conseguiu sempre ser o filme de acção jogável que todos queremos, a velocidade a que acontecem coisas, a fórmula fácil com que jogamos várias das suas cenas sempre sem perder fluidez ou jogabilidade, continua a ser um encanto.

Jogabilidade essa que não difere do anterior jogo, a não ser no facto de termos uma mulher como protagonista e portanto um pouco mais frágil, com movimentos de luta um pouco diferentes e sem a capacidade física para executar tudo o que Nathan Drake fazia. Um dos exemplos é que não vamos conseguir esburacar veículos à lei da bala, vamos ter de encontrar explosivos para o fazer, seja a roubar de inimigos ou a arrombar caixas. Outro exemplo é o facto da nossa personagem poder sacar de um gancho do cabelo para arrombar as fechaduras, aqui temos de rodar o analógico direito até uma certa posição em que vibre para acertar e conseguir abrir as caixas.

Apesar de curto, deverá demorar entre as 7 e as 10 horas para concluírem UNCHARTED: O Legado Perdido, o que juntamente com as horas de UNCHARTED: O Fim de um Ladrão vai-vos dar mais do que horas suficientes.

Posto isto vamos então às novidades técnicas que o jogo apresenta na sua versão PC, assim como, algumas que vêm directamente da PS5, falamos é claro da possibilidade da utilização do vosso DualSense como comando no vosso computador.

É claro que a componente visual será um dos aspectos mais relevantes com a possibilidade de jogarem em Ultra 4K a 60fps e com suporte para monitores Ultra-Wide, mas para isso vão precisar de uma boa máquina. Aqui ficas as especificações técnicas para usufruírem deste upgrade visual.

Como podem ver, opções não vos faltam, quer seja para rodarem num computador mais modesto, quer seja a abraçar o lado mais cinematográfico com um monitor Ultra-Wide. O interessante é que estes ports dos exclusivos da PlayStation rodam muito bem nos PC’s. O trabalho da Iron Galaxy Studios, especialista neste campo, é de notar.

A riqueza das texturas na resolução 4K é de tirar o fôlego, especialmente porque as paisagens vibrantes que vamos encontrar nesta aventura também proporcionam esse espanto. Os detalhes no ambiente de tempestade, neve, da água do mar ou da lama da selva, dão uma qualidade ultra realista ao jogo, dando sempre a sensação que estamos mesmo dentro de um filme com Nathan Drake.

Nesta versão PC foram ainda feitos alguns ajustes gráficos, como por exemplo, o Anisotropic Filtering que deixa mais nítidas as imagens tridimensionais do jogo e melhorar a qualidade nas superfícies inclinadas, uma maior definição dos objectos perante uma maior resolução aplicada com as Texturas Ajustáveis, um trabalho adicional no tratamento das sombras e da incidência das luzes, ou ainda o próprio Ambient Occlusion que define como é que a luz é aplicada nas superfícies dos objectos. São tudo pormenores que podem definir na vossa experiência no PC e que trazem mais realismo ao jogo. Em termos de frame rates, podem ainda contar com a tecnologia da AMD, o AMD Fidelity FX Super Resolution 2 que, através do seu próprio algoritmo, consegue potenciar o jogo para suportar maiores frame rates mesmo em resoluções mais exigentes.

Para além disso podem ainda contar com outros pormenores como uma melhoria no User Interface do jogo, com interfaces redesenhados e com a opção de aumentar ou diminuir os sliders de alguns dos menus, a deteção do vosso GPU e VRAM ou a adição da Auto-Pausa e de minimizar a janela do jogo.

Por fim, destaque ainda para a capacidade do DualSense em dar uma maior imersão com cada soco que damos, com a tensão que puxar cordas ou balançarmo-nos nelas nos dá nos gatilhos hápticos, já para não falar da utilização das armas em si, e ainda a condução de veículos, onde sentimos efectivamente o peso dos veículos, assim como os trambolhões que damos com eles ou quando os atolamos na lama. Para o usarem no vosso PC terão que estar ligados por cabo, sendo que foi também optimizado para usarem o DualShock 4, assim como uma panóplia de teclados e ratos gaming, das principais marcas.

UNCHARTED: Coleção Legado dos Ladrões embarca assim numa necessidade que cada vez é mais comum, a de trazer os ícones de volta à ribalta explorando as capacidades tecnológicas dos dias de hoje e nomeadamente do PC. Nota-se que é uma remasterização e que houve um cuidado para sentirmos o salto gráfico e a possibilidade de uma verdadeira experiência cinematográfica.

A única limitação que a coleção traz prende-se com o tempo que o jogo já tem, isto é, 6 e 5 anos, respectivamente, que, hoje em dia demonstram algumas redundâncias nas mecânicas e nas soluções apresentadas por terem sido criados para a antiga geração. A outra é o facto da componente online multiplayers não estar inserida em nenhum dos dois, é uma pena.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-uncharted-colecao-legado-dos-ladroes-pc<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">É efetivamente uma remasterização cuidada/li> <li style="text-align: justify;">A junção dos dois jogos numa coleção</li> <li style="text-align: justify;">Graficamente superior e a integração do DualSense </li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Algumas soluções e mecânicas estão um pouco datadas</li> </ul>