Developer: Paradox Interactive
Plataforma: PC e Mac
Data de Lançamento: 25 de Outubro de 2022

Para quem acha que liderar o rumo de um país é coisa fácil é porque nunca se aventuraram na franquia Victoria da Paradox Interactive. Passaram 12 anos desde o lançamento do segundo jogo da série para chegarmos agora a Victoria 3 que eleva a fasquia nos jogos deste género em que o objetivo é gerir uma nação.

Para o bem ou para o mal, seremos nós os responsáveis por tomar decisões que podem levar um país a prosperar ou então à bancarrota. Basicamente, sem assustar, temos de gerir as políticas económicas, industriais, ter um sistema de saúde, uma boa rede de distribuição de exportações, equipar a nossa defesa, entre outras mil tarefas que vão ser necessárias fazer. Preparados? Vamos a isso!

A nossa carreira como líder político, começa no ano de 1836 e ao longo de um século vamos ver diversos cenários geopolíticos e económicos a acontecer em tempo real ao longo de todo o mundo. Através de um mapa dinâmico e agora também com animação 3D podemos perceber o que se está a passar em cada parte do globo. Desde Guerras a alianças económicas, pode-se observar e pensar o que podemos fazer ao nosso país para estarmos lado a lado com as grandes potências mundiais. É muito giro ver as constantes evoluções do mapa ao longo do tempo e reparar que nada é regular. Se numa primeira aventura, os Estados Unidos da América tornam-se donos e senhores do mundo, numa segunda vez pode ser a China, a Espanha ou quem sabe, ainda que me pareça impossível, Portugal. 

Nada é linear em Victoria 3 e tudo vai variando, principalmente porque está tudo ligado às posições que tomamos em relação a diversos aspetos. Se queremos, por exemplo, ter um sistema de saúde nacional bem implementado, precisamos de garantir que temos as instituições necessárias para que tal possa ser proposto e aprovado no parlamento. Estas coisas podem levar o seu tempo, e levam mesmo. Demorei quatro anos a mudar algumas medidas, porque não se conseguem tomar decisões de um dia para o outro sem ter de as preparar bem. 

Na base de um país forte está a inovação tecnológica, boas instituições de ensino e uma indústria de exportação com diversas rotas variadas. No entanto, isto das relações comerciais tem que se lhe diga. Se algum país para o qual exportamos cortar relações connosco é necessário procurar novas rotas de exportação ou quem sabe declarar guerra a essa nação. A via diplomática é a mais encorajadora, com possíveis sanções e alianças com outros países, mas nem sempre é possível. 

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É bom estar preparado para tudo, até para uma Grande Guerra ou uma Guerra Civil, que também acontecem porque há um lado do nosso país que não concorda com as nossas políticas. Tive de lidar com isso numa das vezes que joguei e garanto que vai custar algum dinheiro, muitas vidas e limitação de recursos. Nós não lidamos diretamente com a Guerra, no sentido de estratégias de combate, mas vamos ter de nomear os nossos chefes da Defesa para lidarem com isso. Podemos sim desenvolver mais equipamento para usar, dar mais dinheiro e entrar em negociações com as partes envolvidas no sentido de terminar a batalha. Se se renderem, a vossa vida como líderes do país que escolheram termina de imediato, uma vez que foram anexados por outros. Se conseguirem vencer a Guerra, aí as coisas mudam de figura e outros países vão olhar-nos com mais respeito, ou medo, depende da maneira como estamos a fazer as coisas.

Nem sempre é fácil perceber o que temos de fazer no jogo, embora isso nos dê um sentimento de liberdade total. A bem dizer, podemos fazer tudo, ou não fazer nada, a decisão é nossa. Para algo mais guiado e de forma introdutória em jeito de tutorial, o jogo permite escolher alguns países com objetivos claros e ajuda-nos ao longo do processo a alcançá-los. Escolhi a Suécia num primeiro passeio pelo jogo. Aquelas coisas básicas de um jogo de gestão, estão lá todas: andar com o tempo para a frente, de forma mais rápida ou mais lenta, podemos pará-lo para decidir algo que esteja pendente, ver as finanças, olhar para as infra-estruturas, entre muitas outras coisas. 

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Com este guia vamos ter um Journal, que nos avisa daquilo que se vai passando no Mundo e alerta para o que temos de fazer de forma a alcançar os nosso objetivos. Quando aparece alguma tarefa, podemos ver como se faz e o próprio jogo explica-nos o porquê daquilo ser assim, o que nos dá uma maior noção daquilo que devemos ter em conta para aventuras futuras. Esta é uma grande ajuda para quem chega a Victoria 3 sem ter passado pelos seus antecessores. Não é fácil perceber o que se tem de fazer, nem onde estão as coisas que queremos fazer, mas nota-se um esforço da Paradox para simplificar processos com menus laterais subdivididos, atalhos no rodapé do ecrã com as notícias do “país e do mundo” a serem dispostas à nossa direita. Nos cantos superiores a forma de avançar no tempo e as informações básicas do nosso país, desde a população, a dívida, o PIB, entre outras coisas.

Quem já jogou outros jogos da Paradox sabe o quão complexo os seus jogos podem ser e muitas vezes o melhor é usar a internet como grande ajuda quando queremos fazer algo em concreto. Sinto que aqui vai ser igual. Aliás, os próprios criadores têm vídeos no canal do youtube a explicar diversas áreas do jogo. Eu comparo um pouco com o Cities: Skylines, um dos jogos que nos últimos cinco anos passei bastante tempo, mas que ainda hoje há aspetos que não percebo bem e recorro a vídeos explicativos. Victoria 3 vai ser igual. Não percam o entusiasmo só por não saber fazer certas coisas, porque com o tempo vão aprender e aperfeiçoar as vossas manobras políticas de modo a conseguir colocar a vossa nação nas bocas do mundo.

O motor 3D do jogo é fantástico e ajuda a perceber melhor o que está a ser desenvolvido nas nossas terras. Vamos poder ver as rotas de exportação de serviço, a nossa força naval e até ver os comboios a passar como parte do desenvolvimento para ligar a outras zonas. Os sons, quando se está a olhar o mapa em 3D também está muito bem feito, com os efeitos sonoros habituais de um comboio a carvão quando ele passa perto da imagem, a confusão de barulhos nas fábricas, os ruídos das espadas nas guerras, são pormenores que encaixam da melhor maneira num jogo que é de facto muito completo.

Victoria 3 é um jogo que vai obrigar a pensar, a errar e a evitar a perda de soberania da nação que escolhermos. Consegue evoluir em vários níveis e assume-se como líder de jogos de estratégia deste tipo. Nem sempre é fácil de jogar e podia haver mais interação nas batalhas, mas a aposta na diplomacia e burocracia que teremos de tratar é o principal desafio do jogo. Para o bem e para o mal, as nossas decisões vão mexer, e bem, com a forma como o mundo se vai desenvolver. Resta escolhermos bem o nosso caminho e ter alguma sorte no meio do processo. 

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Élio Salsinha
Aprendeu a jogar ao Pedra, Papel, Tesoura com o Alex Kidd e a contar até 100 com o Sonic. Substituiu a Liga da Malásia pela Liga Portuguesa no Fifa 98 e percebeu que havia jogos melhores que filmes com o Metal Gear Solid.
analise-victoria-3<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Efeitos práticos das nossas decisões</li> <li style="text-align: justify;">Mapa mundial em constante mudança</li> <li style="text-align: justify;">Motor 3D dá maior autenticidade ao jogo</li> <li style="text-align: justify;">Modo tutorial ajuda a quem só agora chega à franquia</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Complexo em algumas matérias</li> <li style="text-align: justify;">Podia haver mais interação nas Guerras</li> <li style="text-align: justify;">Convém ter uma boa máquina para correr o jogo sem problemas</li> </ul>