Developer: Wolcen Studio
Plataforma: Xbox Series, Xbox One, PlayStation 5, PlayStation 4 e PC
Data de Lançamento: 15 de Março de 2023

Wolcen: Lords of Mayhem pode não ser o jogo mais popular, mas despertou a atenção de muitos jogadores quando entrou em Early Access no Steam em 2017. Um interessante RPG isométrico em mundo aberto que se inspirava em importantes nomes do género como a franquia Diablo e Path of Exile. O projecto era ambicioso, mas passou por alguns problemas no seu desenvolvimento, com muitas mudanças que acabaram por alterar a visão inicial significativamente.

E se nos lembrarmos, muitos questionaram se realmente alguma vez sairia da fase de acesso antecipado, mas em 2020 veio a agradável notícia de que finalmente chegaria à sua versão final, sendo lançado mais tarde nesse mesmo ano. E os sinais devem ter sido positivos, uma vez que foram agora lançadas as edições para as consolas, ou seja, para a Xbox One, Xbox Series, PlayStation 4 e PlayStation 5, respectivamente. E vem acompanhado de um verdadeiro brinde, já que nesta versão estão incluídos todas as actualizações, além do “Endgame” – o quarto acto que oferece a esperada conclusão da história.

Esta expansão tanto em termos de conteúdo, como de plataformas, é a promessa de que o Wolcen Studio continua a apostar forte num jogo que é muito interessante pela sua proposta. Um RPG que combina o estilo mais conservador do género em certos momentos, mas adiciona-lhe combate com alguns elementos de um hack n’ slash, que proporciona uma jogabilidade de acção realmente frenética a toda a experiência. Essa conjugação de ideias foi provavelmente o que esteve na origem de um desenvolvimento algo acidentado, mas felizmente tudo acabou em bem, sendo agora possível jogar também nas consolas.

Iremos mergulhar na história de três órfãos, Valeria, Edric e Airem, que, quando ainda eram crianças, foram salvos de um massacre pelo Grand Inquisitor of the Republic – Gerald Heimlock. Posteriormente, acabam por juntar-se à academia militar onde ganham acesso a um treino especial dado pelo próprio Inquisitor, onde acabam mesmo por ganhar o nome de “Children of Heimlock”. Com esta preparação implacável, desenvolveram-se para agora serem soldados de elite, com o objectivo de defenderem a República do sobrenatural.

Jogamos como um desses três irmãos, que serão enviados na Operation Dawnbane de maneira a enfrentarmos uma força misteriosa. A batalha é feroz, e tudo muda quando tudo parece praticamente perdido e uma força divina desperta em nós, salvando o dia. Mas nem tudo são boas notícias, já que este mesmo poder leva a que sejamos remetidos ao exilio pelo Grand Inquisitor.  No entanto, os nossos talentos serão necessários uma última vez, visto que poderes ocultos estavam à espera do momento certo para se revelarem.

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Este é um jogo desenhado especificamente a pensar na replayability, o que infelizmente faz com que a narrativa passe para segundo plano. Não é uma má história, mas falta-lhe claramente profundidade e algo que provoque genuinamente o interesse do jogador. Sentimos que é mais um cenário que teve de ser criado para que tudo o resto pudesse ter um espaço para existir. E é pena, porque tinha um imenso potencial e é sempre uma parte fundamental para alguns fãs dos RPG’s.

Os diálogos, por outro lado, embora não sejam de enorme qualidade, estão bem escritos, e o voice acting ajuda bastante nesse sentido, especialmente o da protagonista. As missões vão carregando a história na forma de eventos os quais são lançados em alturas-chave, e isto porque o jogo tem uma componente multiplayer, o que permitirá que outras pessoas se juntem à nossa sessão, caso decidirmos jogar no Modo Online. Os períodos de acção são constantes, apesar de termos de criar uma personagem específica para cada um dos dois modos.

Paga-nos o café hoje!A jogabilidade tem as particularidades que lhe dão o seu próprio rosto. Embora obedeça a um modelo que é comum ao género, utiliza o sistema de Willpower e Rage para complicar tudo (no bom sentido). Ao contrário de outros RPG’s em que normalemtne usamos somente um recurso como pool para as nossas habilidades, neste caso iremos usar as duas, sem que existem skills que precisam Willpower, e skills que usam Rage. O que torna este sistema único, é que usar habilidades gastem de um recurso, automaticamente irão regenerar o outro, levando a que saibamos diversificar a nossa forma de jogar e gerir ambas as duas pools com inteligência.

O gameplay foi sobretudo pensado para que possamos revisitar com frequência independentemente de já termos chegado ao fim da história. Na verdade, é mesmo jogando em modo cooperativo que Wolcen: Lords of Mayhem mostra tudo o que tem para oferecer. Suporta até quatro jogadores, e está construído para que as builds tenham flexibilidade para tirarmos exactamente aquilo que desejamos de cada personagem, tanto individualmente, como para serem úteis aos objectivos da party.

Essa vastidão de opções é o ponto forte do jogo, e não há dúvidas de que tirou ideias da enorme skill tree de Path of Exile. A lógica é a mesma, ou seja, dar ao jogador inúmeras possibilidades de combinações para encontrar o que melhor se adequa ao seu estilo. E funciona muito bem, há que dizê-lo, principalmente para quem gosta de experimentar e testar os efeitos da mais pequenas das alterações nas habilidades e equipamentos, e a maneira como se reflecte depois no campo de batalha em conjugação com os papeis dos nossos companheiros e pets.

A personalização é outra dos factores importantes da jogabilidade, e temos mais do que o suficiente para criar uma personagem tal como a idealizámos. Já as classes, apesar de apenas existirem três por onde escolher, não se preocupem, porque são apenas pontos de partida, porque graças à liberdade que a skill tree e o equipamento proporcionam, será possível criar ramificações verdadeiramente únicas, tanto no seu propósito, como na sua tipologia.

O crafting resume-se basicamente às gemstones, pelo menos no essencial. Não é nada que possamos considerar de novo, e é quase já um padrão na esmagadora maioria dos ARPG’s. Conforme a raridade, irão adicionar ao vosso equipamento três categorias de efeitos (Offensive, Defensive e Support), e dependendo do tipo de gemstone, podem esperar os mais variadíssimos efeitos. Não faltará equipamento e gems para que, juntamente com a árvore de habilidades, possam dar asas à vossa criatividade e criar as builds mais temíveis. Sendo irresistível para quem gosta deste ciclo de dinâmicas.

A qualidade do combate tem os seus altos e baixos, mas quando é bom, é realmente bom. Obriga a pensar estrategicamente, mas também a saber improvisar quando as coisas se complicam. Saber coordenar habilidades e posicionamentos quando jogamos em co-op é absolutamente essencial, especificamente ao enfrentar bosses, e em dificuldades mais elevadas. Contudo, é aí que ficamos colados ao ecrã, com uma satisfação genuína de superação do desafio.

Com o jogo a dar entrada nas consolas, jogar com o comando tornou-se imperativo. E se durante o jogo esta readaptação cumpre como é suposto, em especial na mobilidade e na execução das habilidades, já a navegação pelos menus deixa muito a desejar. Não é nada intuitivo e fácil de entender, e isso reflecte-se igualmente nos tutoriais, que podiam ser menos confusos e acessíveis.

Graficamente está a um nível interessante. Não sendo particularmente impressionante nas texturas, consegue cativar pelos efeitos visuais e pela variedade de skills e de inimigos. Quando à vertente sonora, está bastante competente, tanto na música como nos efeitos, e com um excelente desempenho no voice acting da parte dos actores que deram voz às personagens principais.

Wolcen: Lords of Mayhem é um bom exemplo de uma feliz conjugação de ideias. Não será um título que ficará sinalizado como uma das referências dos RPG’s isométricos, mas proporciona uma experiência que vale a pena conhecer para quem tem apetite por estes jogos.

REVER GERAL
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Completamente obcecado por tudo o que tenha a ver com futebol, é daqueles indesejados que passa mais tempo a editar as tácticas do PES do que a jogar propriamente. Pensa que é artista, mas não conhece as cores primárias, e para piorar, é ligeiramente daltónico. Recusa-se a acreditar que o homem foi à Lua.
analise-wolcen-lords-of-mayhem<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Excelente ambientação</li> <li style="text-align: justify;">Um sistema de combate muito interessante</li> <li style="text-align: justify;">Enorme e flexível skill tree</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A navegação pelos menus é confusa</li> </ul>