Developer: 2K Sports, Take-Two, Visual Concepts
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X|S, PlayStation 4, Xbox One, PC
Data de Lançamento: 11 de Março de 2022
Longe vão as tardes de dias sem escola em que reunia os meus amigos em casa para jogar um jogo de wrestling. Na altura, algures em 2004, com a ajuda de um adaptador na PS2, conseguiamos jogar WWE Smackdown vs. Raw com seis comandos, o que dava valentes lutas, risadas e algumas zangas típicas de quem tinha mau perder.
Dezoito anos depois, eis que surge um jogo que me lembrou esses tempos. WWE 2K22 é tão simples de jogar quanto era naquela altura. Tem mais combinações que antes, claro, mas não complica tanto como os seus antecessores, onde era quase preciso tirar um curso para jogar. Nem vou falar se é mais arcade ou mais simulação, porque, sejamos sérios, é um jogo de wrestling onde o objetivo é divertir e lá nisso, estejam descansados, cumpre na perfeição.
Já andava com saudades de jogar um bom “wrestling”, isto porque desde WWE 2K16 nunca mais tinha visto grande evolução neste tipo de jogo. A estagnação foi matando aos poucos a franquia que acabou por fazer uma pausa depois do último WWE 2K20. Pelo meio, a 2K Sports lançou o WWE 2K Battlegrounds, um jogo totalmente arcade e rápido na forma de jogar com os lutadores a terem uma forma bastante mais pequena, típica deste estilo “Battlegrounds” que já tinha sido usado com a franquia da NBA 2K. A grande mudança na série estava guardada para esta nova edição de WWE 2K22.
A avaliar pelas opções que temos e pela maneira de jogar que se revela bem mais simples, é notório que a 2K parou para ouvir os fãs e pensar na melhor maneira de lhes dar algo com que se identificassem. E conseguiu. Há agora um novo motor de jogo que se nota na jogabilidade fluída e variada nos combates. Os comandos básicos são totalmente acessíveis a qualquer um que agarra em WWE 2K22 pela primeira vez. No caso da PlayStation, onde joguei, podemos usar o círculo para iniciar um grapple, executar golpes mais pesados com o X ou ainda usar o quadrado para ataques mais simples, como murros ou pontapés. Já o triângulo é usado para defender e reverter alguns golpes, no entanto, no meio do combate vai ser preciso muitas vezes adivinhar qual o tipo de golpe que o adversário vai usar para o podermos reverter.
Há um bom equilíbrio entre ataques que são revertidos e aqueles que são bem sucedidos, o que dá um ritmo excelente às lutas. É certo que há partes em que vão ser dizimados pelo adversário, mas também há o inverso. Há combates que parecem por turnos e outros mais frenéticos que tanto estão a cair para um lado, como para o outro. A nossa energia vai-se desgastando com os golpes que fazemos e com a porrada que levamos. Enquanto isso acontece, vamos criando condições para que uma outra barra suba e possamos usar os golpes especiais de cada lutador, que se dividem entre os finishers e os signature.
Quanto ao sistema de dano no nosso corpo, ele é apresentado com uma figura que divide os vários membros e vai ficando amarelo, laranja e vermelho quando está em estado crítico. O habitual para quem já joga jogos de wrestling há muitos anos. Os combates tem ainda uma avaliação que distinguem uma boa luta de uma má. As estrelas de combate podem ir até cinco e dependem da variedade de golpes usados. Fazer os especiais, saltos do canto ou ataques em submissão são algumas das coisas que podem usar para valorizar a luta.
A nível visual, WWE 2K22 também evoluiu bastante. Na nova geração está uma maravilha, não só nas semelhanças dos lutadores, como também nos movimentos usados, no realismo das lutas, nas entradas de cada um nos ringues e também no público, onde até há arenas que ainda estão com ecrãs dinâmicos a substituir os fãs presenciais, como se fazia em plena pandemia. Todo o showbizz da WWE está bem patente e bem representado.
São inúmeros os tipos de combate que existem no jogo. Desde o simples um contra um, os tag team, as lutas com três, quatro ou mesmo oito homens no ringue, até aos tradicionais Last Man Standing, Steel Cage, Hell In a Cell, TLC, Tables ou Ladder. Há muito mais para explorar e jogar nos mais diversos modos de jogo que existem em WWE 2K22. Vamos a eles!
Começo por falar no Showcase, dedicado a Rey Mysterio e à sua carreira desde os tempos da WCW em 97 até ao ano de 2020. Este modo é quase como assistir um documentário com os pontos altos da sua carreira, onde ele próprio vai falando de como foram as lutas que vamos ter pela frente. Vamos recordar lutas com JBL, Undertaker ou Eddie Guerrero. Esta é especial com direito a dois combates e ainda um outro contra Shawn Michaels, na noite em que a WWE se juntou para homenagear Eddie, depois da sua morte em 2005. Nestes combates não interessa só ganhar, mas sim tentar replicar como foram as lutas verdadeiras. Há uma data de objetivos para ir fazendo e o jogo até vai passando para imagens desses mesmos combates criando a simbiose perfeita entre a realidade e o jogo. Só é pena não haver mais lutadores com Showcase, lembro-me por exemplo que seria interessante fazer este modo com os Evolution, que eram formados pelo Triple H, Ric Flair, Batista e Randy Orton. Dava mais variedade aos combates e longevidade ao modo. Fica a dica senhores da 2K.
Esta edição marca também o regresso do modo General Manager, no MyGM e que tantas horas passava eu a jogar naquelas tardes bem passadas que vos falava no início. O objetivo é levar uma das marcas da WWE a ter mais fãs que a outra. Pode ser Raw contra Smackdown ou Nxt contra Nxt UK. Podemos escolher entre um GM já existente ou criar um próprio. Podemos querer ser Shane McMahon, a sua irmã Stephanie McMahon, William Regal, Adam Pearce ou ainda Sonya Deville. Depois de escolhermos, teremos de selecionar um rival. Cada um deles tem perks diferentes, que funcionam basicamente como cartas para usar. Podem servir para elevar a popularidade dos nossos lutadores ou impedir que o nosso concorrente use um combate de título naquela semana.
Podem fazer temporadas curtas de 15 semanas ou jogar um ano inteiro. Infelizmente não se pode continuar mais do que isso, o que é pena porque até poderíamos já ter atletas que eram mais fracos no início, decididos a ser o futuro da marca. No modo que é uma espécie de FM da WWE, vamos ainda ter de lidar com drafts de lutadores, orçamentos, gastar dinheiro em promoções, arenas, iluminação e tudo o que está ligado a um evento da marca. Teremos de saber potenciar rivalidades, promover assinaturas de contrato, ter equilíbrio entre um plantel de “bons” e “maus” e aqueles que o público apoia e os que apupa.
Semanalmente vão ter de criar um evento com 3 combates e depois nos PPV’s terão 6 combates para fazer. Infelizmente, os títulos disponíveis são limitados a dois, um para femininos e outro nos masculinos em cada marca e não há título de tag team. Podemos marcar vários tipos de combate, com interferências e tudo, mas não é permitido fazer uma triple threat por exemplo. É estranho ver um modo tão bem concebido com algumas lacunas, mas ainda assim, é talvez o melhor GM desde esses primeiros dos tempos da PlayStation 2. Como fã deste modo é certo que vou passar horas nisto e de preferência contra um amigo. Sim, isto pode ser jogado com dois jogadores localmente e um ser a Raw e outro a Smackdown, por exemplo.
Há o modo carreira no MyRise que tem uma data de storylines preparadas para nós que começamos num centro de treinos de performance e vamos conseguindo subir de reputação, ao mesmo tempo que criamos rivalidades, tomamos decisões e interagimos com outros lutadores via redes sociais. O objetivo é ir subindo na carreira passando pela Nxt para depois subir ao ringue nas marcas principais, quer seja a Smackdown ou a Raw. Há uma data de histórias para descobrir e há coisas diferentes entre a classe feminina e a masculina. Isto dá uma maior variedade e longevidade ao jogo.
Outro dos modos presentes é o MyFaction, uma espécie de Ultimate Team, mas apenas offline, no qual vamos juntando cartas e claro, lutadores à nossa equipa. Há vários modos de jogo com o objetivo de ir subindo patamares ao bom jeito de temporadas e à medida que se vai ganhando, mais prémios podemos ter. Desde combates individuais até aos 4vs4, o meu favorito neste modo, há muito conteúdo para desbloquear. Ah e é claro que há as microtransações marotas para quem quiser queimar etapas e alcançar alguns objetivos mais rapidamente, mas não estraga, de forma alguma, a experiência a quem não quiser gastar dinheiro nisto. Ainda assim, isto sem microtransações é sempre melhor.
O modo Universe também está de regresso, no qual podemos escolher ir com um lutador já existente e fazer parte dos eventos e combates semanais, ou escolher personalizar tudo e mais alguma coisa, desde as rivalidades, às equipas de tag team, o calendário dos eventos e tudo o que possam imaginar no universo da WWE. Além destes modos todos ainda podemos jogar Online contra outros adversários e criar salas privadas com amigos ou desconhecidos. Também podemos jogar localmente e fazer combates variados com as mais diversas regras ou quem sabe ainda criar conteúdos, desde lutadores, arenas, logos entre outras coisas que depois podem ser partilhados com a comunidade de jogadores. Aliás a nível de criação estamos por nossa conta pelo que já perceberam. Tudo pode ser atualizado com as nossas escolhas ou ir replicando o que acontece na realidade.
WWE 2K22 regressa aos ringues com pompa e circunstância e bate qualquer um dos seus antecessores na WrestleMania. É um regresso em pleno e de boa saúde com uma jogabilidade mais simples, combates variados e divertidos e um conjunto de modos de jogo que vai agarrar qualquer fã de wrestling ou de jogos de luta durante longas e divertidas horas.