Developer: 2K Sports, Take-Two, Visual Concepts
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X|S, PlayStation 4, Xbox One, PC
Data de Lançamento: 14 de Março de 2023

Depois do regresso glamoroso o ano passado, tinha uma enorme expectativa para ver o que a 2K Sports ia fazer com a franquia. De certeza que aprendeu com os erros do passado que levaram o jogo ao fundo no desastroso WWE 2K20. Se tinha alguma preocupação, rapidamente percebi que podia estar descansado porque WWE 2K23 mantém a mesma base e melhora em quase todos os modos de jogo para dar continuidade ao sucesso do seu antecessor. 

É certo que dentro do ringue, as mudanças não são assim tantas em relação a WWE 2K22, mas ainda assim nota-se algumas melhorias. Uma delas é o novo minijogo quando os lutadores fazem o pin, trocando a parte de esmagar os botões, pelo acerto do timming certo enquanto uma barra de salvação anda para a esquerda e para a direita. Outra novidade é o cansaço evidente que se vai acumulando com o andar do combate. Pareceu-me que acontece de forma mais rápida e mais verdadeira, tornando os combates mais fiéis ao que podemos ver na Raw ou na Smackdown.

A estas pequenas mudanças, mas que fazem diferença, nota-se a melhoria da IA. Nem é o caso do jogo se tornar mais difícil, mas há agora mais golpes usados, dando mais variedade aos combates. Defender dos ataques, ou melhor reverter os golpes, é mais complicado do que antes, principalmente nas dificuldades Hard e Legend, mas na prática torna a envolvência dos combates mais competitiva.

De resto, a fórmula é a mesma que foi usada o ano passado. Há momentos em que estamos a dominar e outros em que estamos a passar mal, onde é preciso acertar numa reversão para inverter as coisas e tentar-mos ser nós a atacar. O equilíbrio entre o tempo que atacamos e o que estamos a defender está muito bem conseguido, tal como o sistema simples de luta em que podemos usar golpes mais pesados e outros mais leves. Podemos fazer uns combos, com murros, chapadas e pontapés ou optar por fazer o grapple e depois partir para golpes mais pesados onde agarramos o nosso adversário e o enviamos contra as cordas, ou o mandamos ao chão com suplexes e outros truques do género.

Além destes ligeiros melhoramentos no ringue, WWE 2K23 inova com o WarGames, um novo tipo de combate que, tal como acontece na realidade, é um dos combates mais caóticos que se pode assistir. Dois ringues juntos dentro de uma jaula, onde há duas equipas em competição de 3vs3 ou 4vs4 e um a um vão entrando em cena. Os primeiros a entrar podem ir longo combatendo, mas o início oficial do combate dá-se apenas quando todos estiverem dentro da jaula. Com algumas cadeiras e mesas à mistura, ataques conjuntos de tag team, o combate é divertidíssimo, ainda mais se tiverem gente em casa para jogar com vocês. Além disso, podemos ver noutros tipos de combate novas animações, principalmente nas lutas de backstage, onde há novos objetos com os quais podemos interagir.

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Há outras curiosidades ainda na jogabilidade, tal como a possibilidade de destruir o ringue, que já existia na edição do ano passado, ou uma melhoria clara em combates de tag team, com menos interferência dos colegas de equipa quando não estão no ativo. Do que me posso queixar é que a IA envia-nos para fora do ringue demasiadas vezes, mas é algo que não estraga a experiência geral do combate simples e intuitivo.

Sobre os modos de jogo, começo por falar naquele que provavelmente foi o mais promovido, que é o novo Showcase de John Cena. O ano passado tivemos um modo incrível onde passávamos pela carreira de Rey Mysterio com depoimentos antes, durante e depois dos combates, bem à maneira de um documentário. Desta vez, as coisas são diferentes, não só porque não se joga com a figura principal da narrativa, mas porque deixa um pouco a desejar no meio dos combates. Confesso que não estava à espera de não jogar com John Cena, mas talvez não tenha percebido bem essa parte nos trailers de apresentação. Ainda assim, primeiro estranha-se, depois entranha-se e olhem que até dá um novo ângulo sobre a carreira de um wrestler. 

Basicamente vamos ter John Cena a falar das derrotas mais marcantes da sua carreira e cabe a nós tentar vencê-lo, tal como fizeram Rob Van Dam, Kurt Angle, Undertaker, Triple H, Batista, AJ Styles e companhia. O ponto forte é que isto permite jogar com vários lutadores em vez de ser só com um. O ponto fraco é que quem gosta mesmo de John Cena e queria ver todas as vitórias emblemáticas do “Champ”, terá de as fazer sozinho noutro modo. Talvez fosse possível combinar os dois, mas não foi desta. Outra desilusão foi a fraca interação no meio dos combates. Apesar das imagens que passam do jogo para realidade e vice-versa, de forma muito suave, falta alguém a comentar o que está a acontecer, tal como fazia Rey Mysterio o ano passado. Até podia ser um comentador habitual, mas apenas ouvimos uma musiquinha de fundo sem grande envolvência. Nos combates, para desbloquear todos os itens, teremos de cumprir os objetivos todos e replicar os mesmos movimentos que foram usados nos combates verdadeiros. Se quiserem avançar na narrativa, basta vencer o John Cena.

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Se neste Showcase, as coisas não funcionaram tão bem como no ano passado, todos os outros modos foram melhorados. O modo carreira, o chamado MyRise, este ano é mais um modo história com várias ramificações e com duas grandes narrativas originais: o The Lock, para a vertente masculina e o The Legacy  para o lado feminino. Do lado masculino, o nosso primeiro combate é pelo título intercontinental e a nossa primeira aparição na Raw faz-nos ficar conhecidos como o “The Lock” num momento bastante engraçado e em linha com o que era capaz de acontecer na realidade.

Já na divisão feminina, no nosso primeiro combate estamos no papel de Justine, que luta pelo título, mas na verdade, isto serve apenas de introdução narrativa para jogarmos com uma sobrinha sua que está a ver esse combate na televisão. Em ambos os casos a história desenrola-se com três tipos de narrativa: a principal, que em combates chave não nos deixa seguir em frente enquanto não vencermos e depois há alguns combates secundários  e desafios de treino. As redes sociais ainda existem, mas com menos importância do que o ano passado, também era um exagero. Agora tudo está mais organizado e cada história tem os seus dilemas que temos de resolver e escolher o caminho com o qual mais nos identificamos. O pior deste modo são os tempos de carregamento, principalmente depois de editarmos algo no nosso atleta, seja na aparência, seja nos atributos. Não é normal para um jogo de PS5, onde joguei.

Outro modo de jogo, um dos meus favoritos, é o MyGM que melhora, e bem, em relação ao ano passado. O modo que permite sermos um General Manager de uma marca e lutar com outros pelas audiências, semana após semana, em cada episódio, dá agora para quatro jogadores. Além da Raw e da Smackdown, podemos adicionar o NXT, o NXT 2.0 ou até a WCW como marca para representar. Quanto aos GM’s que existem, são agora mais do que no ano passado. Xavier Woods e Tyler Breeze são as caras novas. 

Além disso, o nosso objetivo, para lá das audiências, é chegar ao Hall Of Fame da WWE e na corrida pelo melhor GM, isso conta mais do que os fãs que conseguimos amealhar. Existem determinados objetivos que teremos de cumprir para subir de nível, até ao máximo de 10 e quem mais cumpre, melhor classificado está. Na gestão da nossa marca teremos um orçamento limitado que nos vai permitir construir um plantel equilibrado numa escolha inicial, onde existe um draft entre todos os GM’s para recrutarem os melhores. É importante ter em atenção a sua popularidade, o tipo de lutador e o seu estatuto de mau ou bom da fita, além do seu preço, claro. Podem ainda guardar orçamento para contratar atletas livres e lendas que têm contratos limitados por um certo número de semanas. Vão precisar do dinheiro também para ter os espetáculos em arenas maiores e ter um jogo de luzes adequado ao cartaz de cada semana.

Em cada episódio teremos de programar 4 combates, simples ou de tag team e agora felizmente existem muitos mais tipos que podemos escolher. Há novos títulos, como o Intercontinental por exemplo, o que permite a mais atletas a possibilidade de estar motivado e criar novas rivalidades com base nisso, porque isso também interessa. Tal como no ano passado, teremos Triple H a dar-nos dicas e algumas informações extra. Existe também alguns trunfos na manga para sabotar os nossos adversários GM’s, curar os nossos atletas de uma lesão inesperada ou fazê-los descansar num spa para uma recuperação mais rápida. No final de cada ano podemos manter quatro lutadores na nossa marca, mas o resto vai novamente a sorteio. Isto são só alguns exemplos entre a vastidão de coisas que é preciso fazer neste MyGM revigorado. 

O MyFaction regressa em WWE 2K23 com a novidade de permitir fazer alguns combates contra outros jogadores, em vez de ser apenas contra o CPU. Este modo imita um pouco o que o Ultimate Team, do FIFA começou e depois outras franquias adotaram à sua maneira, até mesmo na 2K, com o MyTeam do NBA 2K. O objetivo é criarmos equipas de quatro lutadores que nos vão calhando nas cartas. Depois podemos criar diversas equipas, masculinas ou femininas e aproveitar cartas especiais que nos permitem entrar em eventos únicos e com certos requerimentos.

Têm várias maneiras de jogar este MyFaction com conteúdo que nunca mais acaba, nomeadamente os desafios diários e semanais, além dos outros modos que já tínhamos o ano passado que consiste na vitória de um certo número de combates, para conseguirmos uma carta ou um pack para abrir. Desde combates individuais até aos de 4vs4, não falta conteúdo, nem diversão. Para alguns, as malditas microtransações podem estragar um pouco a experiência online, isto porque se gastarmos dinheiro extra, conseguimos comprar mais packs e teremos mais possibilidade de ter melhores cartas do que quem for apenas pelo método tradicional em que tem de jogar horas e horas para garantir uma ou outra carta melhor. 

Também podemos ver melhorias no modo Universe, o modo que nos permite fazer tudo à nossa maneira e criar as nossas próprias histórias, rivalidades e combates que podem vir a ficar para a história, pelo menos na nossa. Há duas maneiras de o jogar, ou mandamos em tudo, ou escolhemos um lutador para sermos levados por várias linhas de história e aqui e ali decidir o que devem fazer connosco. Podem criar as vossas próprias rivalidades e realizar os vossos episódios semanais da maneira que bem entenderem, gerir os dias em que há um determinado show, mudar as marcas, mudar os atletas e até escolher uma data de ações que queremos ver acontecer numa determinada rivalidade. Estas novas cenas permitem ter maior variedade nas histórias que queremos contar e aproximam este modo de brincadeira com aquilo que se passa na realidade. Podemos pedir a um elemento externo para interferir ou agredir o nosso adversário antes do combate começar, entre muitas outras possibilidades.

Quem preferir pode ainda optar por jogar Online com combates diversos por um ranking geral ou até criar salas de jogo para estarem a divertir-se com os vossos amigos. O modo de criação também é extenso e dá para modificar praticamente tudo. Desde as entradas dos lutadores, passando por novas personagens, novos vídeos, arenas, cintos de campeão, a mala do Money In The Bank, entre muitas outras coisas. Conteúdo para entreter não falta em WWE 2K23.

Além disto tudo que já falei, há algo que continua a estar excelente que é a apresentação dos atletas. Tal como acontece no mundo real, as suas entradas fiéis, as músicas e um público muito ativo a reclamar ou a apoiar um lutador são coisas que saltam à vista. O trabalho da Visual Concepts é um mimo e coloca o grafismo ao nível de outros trabalhos da companhia, como é o caso da franquia NBA 2K. A banda sonora, além das músicas dos atletas, é gratificante ouvir, principalmente quando passa música dos Metallica, Red Hot Chilli Peppers ou dos menos mainstream Idles.

WWE 2K23 está em melhor forma que o ano passado e é capaz de ganhar a qualquer um dentro e fora do ringue. É indispensável para quem gosta da WWE ou apenas vê ocasionalmente. Com conteúdo que nunca mais acaba e um infindável lote de possibilidades de criação, tudo, ou quase tudo o que podíamos imaginar dentro de um jogo destes, é possível fazer. Além disso, há poucos jogos que nos divertem tanto quando estamos com amigos e nos deixa viciados a jogar por noites fora sem dar pelo tempo passar. Com mais uma Wrestlemania à porta, a edição deste ano termina, mais uma vez, como campeã do mundo e é caso para dizer: “The Champ is Here”.

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Élio Salsinha
Aprendeu a jogar ao Pedra, Papel, Tesoura com o Alex Kidd e a contar até 100 com o Sonic. Substituiu a Liga da Malásia pela Liga Portuguesa no Fifa 98 e percebeu que havia jogos melhores que filmes com o Metal Gear Solid.
analise-wwe-2k23<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Combates divertidos e fiéis à realidade</li> <li style="text-align: justify;">Novo tipo de combate WarGames</li> <li style="text-align: justify;">As melhorias no MyGM</li> <li style="text-align: justify;">As histórias originais do MyRise</li> <li style="text-align: justify;">Modo Universe não tem fim</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Showcase de John Cena deixa a desejar</li> <li style="text-align: justify;">Os loadings no MyRise</li> </ul>