Developer: Ryu ga Gotoku Studios, SEGA
Plataforma: Xbox One, Xbox Series, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC
Data de Lançamento: 10 de Novembro de 2020
A novo título da série Yakuza é sempre motivo para celebrações, especialmente quando ajuda a apadrinhar o lançamento das consolas da nova geração. Uma saga bastante popular pela sua especificidade, especialmente por terras nipónicas, contudo, também no ocidente é venerada por uma larga base de jogadores que já olham para Yakuza como um verdadeiro culto. Embora, curiosamente, desta vez ainda não haja uma data de lançamento para este jogo no Japão.
Yakuza: Like a Dragon é o mais recente jogo da franquia e desta vez apresenta-nos um spinoff, que além de personagens novas, traz também várias mecânicas daquilo a que estávamos habituados. É a SEGA a sair da sua zona de conforto relativamente ao sucesso da série e tentar coisas novas, que poderão muito bem ser o futuro da saga.
Quem pretende começar por Like a Dragon poderá ficar um pouco intimidado. Afinal, há toda uma história que desconhece e ficou para trás, ao longo dos imensos jogos da franquia, lançados ao longo de 15 anos. Mas nada temam, porque este último título é um excelente ponto de entrada para quem se está a estrear no mundo muito particular de Yakuza.
Agora acompanhamos a história de Ichiban Kasuga, um yakuza que apesar da sua excentricidade e invulgar confiança, é apenas um membro sem grande relevância da família Arakawa, e à qual o protagonista tem uma dívida por pagar.
Após importantes desenvolvimentos, Kasuga acaba por ser preso por um crime que não cometeu, e tem agora uma longa pena pela frente. É, no entanto, quando sai em liberdade, que começa a descobrir a trama que esteve na origem da sua detenção, e que o leva a descobrir que foi alvo de uma traição por parte da família Arakawa.
O início não é fácil para o protagonista, já que este se vê completamente desamparado, sem nada, e com ninguém com quem contar. Todavia, o seu optimismo quase irritante mostra ser um trunfo bastante precioso para não se deixar abater. Ah, e claro, a sua obsessão por Dragon Quest e estranha forma como projecta este clássico dos videojogos para as circunstâncias em que a sua vida se encontra, como um poderoso factor de motivação que tanto tem de inusitado, como de hilariante.
Yakuza: Like a Dragon é o típico JRPG. Talvez ainda mais agora, com os combates a serem por turnos, e com Dragon Quest a servir de inspiração na maneira como estes se desenrolam. Existem os ataques simples e especiais, e ainda golpes combinados entre os nossos personagens, sendo que podemos controlar até quatro, e onde teremos de decidir estrategicamente como aproveitar as habilidades de cada um deles (por mais absurdas que pareçam).
O combate foi claramente talvez a proposta mais ousada que o estúdio Ryu ga Gotoku trouxe para Yakuza: Like a Dragon, um caminho alternativo relativamente ao que os fãs mais leais à série estão habituados. Não obstante, pela forma como está desenhado, funciona surpreendentemente bem, ainda que muito diferente das experiências dos jogos anteriores.
Na verdade, uma das riquezas deste título são mesmo as personagens, com as quais rapidamente criamos um laço e se tornam inseparáveis. Cada uma com personalidades muito distintas, e que nos guiam pela excelente narrativa de toda a história. Resumindo, uma das principais características de toda a franquia.
O jogo tem lugar em Isezaki Ijincho, uma cidade ficcional que tão bem representa a cultura japonesa. Não tem a dimensão de outros jogos em mundo aberto, mas tem, ainda assim, muito por explorar e muito para fazer. Além de todas as missões secundárias, as possibilidades são imensas para quem gosta socializar e interagir com o mundo virtual de Yakuza, que vai desde nos podermos inter-relacionar com outras personagens (cada uma com a sua história), comer em restaurantes, ter um ofício, e até diversões, como karaoke, ou conduzir um Kart, por exemplo.
Yakuza: Like a Dragon pretende mesmo que nos percamos num universo que existe para que possamos sentir todos os elementos da cultura moderna nipónica, com tudo aquilo que a torna única, beneficiando, ao mesmo tempo, de um cenário de entretenimento que tanto diz aos japoneses, especialmente àqueles que são apaixonados por videojogos.
Mas mais importante, cria um espaço para antigos e novos jogadores poderem desfrutar de um jogo que, por muito que mude, ou que empreste mecânicas de outros lados, tenha mesmo assim uma oferta singular e interessante. Não é por nada que cá anda há tanto tempo e tenha sempre sucesso a cada novo título.
Graficamente, apesar de ser um jogo cross-gen, digamos que já podemos ter um gostinho da próxima geração. Não a nível das texturas, que cumprem sem impressionar, mas especialmente nos reflexos e efeitos de luz que são mais visíveis durante a noite. Os frame rates mais elevados adicionam, igualmente, uma notória fluidez aos movimentos e às animações, trazendo mais realismo à experiência, que é reforçada com uma boa banda sonora.
Yakuza: Like a Dragon poderá estar ligeiramente diferente para quem jogou os antecessores, mas não ficará certamente desiludido. Reúne tudo aquilo que é importante na saga, e dá-lhe um face lift que lhe acrescenta novidades e muito por descobrir. Para quem sempre se sentiu tentado em dar oportunidade uma à franquia, não vai encontrar melhor momento do que este.