Developer: 1P2P, The Arcade Crew
Plataforma: Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, PC
Data de Lançamento: 10 de março de 2022
Estávamos a 17 de agosto de 2021 quando Young Souls chegou em exclusivo ao Stadia. O serviço de streaming de videojogos da Google recebia um jogo que, pelos primeiros trailers, mostrava ter tudo o que era necessário para ter sucesso entre os jogadores. Um Beat-‘Em-Up ao bom estilo do bem conhecido Street of Rage na sua jogabilidade, e até na componente cooperativa, já que é possível jogá-lo em co-op com um amigo localmente, fazendo com que a experiência seja ainda mais divertida.
Neste jogo teremos dois irmãos gémeos, Jenn e Tristan, que ao que parece não têm família. Foram adoptados por um homem ao qual todos chamam Professor (não, não é o da La Casa de Papel). Os gémeos além de terem personalidades bastante diferentes, são uma espécie de rebeldes da cidade, com a população a olhar para eles de lado. Essa rebeldia provavelmente provém de toda a sua infância – algo que vamos percebendo com as conversas que vão tendo um com o outro.
Embora os dois protagonistas sejam gémeos, a história começa com um pedido do Professor aos dois adolescentes, quando pede para estes irem até à cidade entregar uma caixa a uma loja. Eles lá vão, e quando voltam para casa, percebem que o Professor não está lá, e a porta principal da casa encontrava-se aberta, e os móveis destruídos. Os jovens percebem que algo aconteceu ao Professor e ao procurá-lo encontram uma passagem secreta com um elevador para uma espécie de bunker. Lá apercebem-se que existe um portal aberto, e decidem entrar para ver o que tinha acontecido ao seu pai adoptivo.
Ao chegarem a esse local, dão de caras com um bando de goblins, numa cidade totalmente destruída e em chamas. Entre eles, um ferido – Baldwin – que iremos ajudar, e este nos irá dar informações sobre o Professor. Baldwin informa-nos que o Professor tem sido uma espécie de mediador entre o mundo humano e o mundo subterrâneo dos goblins para a existência de paz entre os dois. Acontece que os Goblins fartaram-se de morar no mundo subterrâneo, e o seu líder decidiu entrar em acção para estes seres voltarem a viver à superfície novamente.
Embora o jogo seja um Beat-‘Em-Up, consegue ao mesmo tempo oferecer progressão. Proporciona aquela experiência de que os jogadores tanto gostam, e conforme vão avançando têm à disposição novas armas, novos itens e até locais para explorar. Essas três componentes conseguem oferecer a sensação de maior poder conforme vamos avançando no jogo, e dar um pequeno toque de RPG num Beat-‘Em-Up. No caso dos itens, armas e armaduras, isso acontece de maneira bem prática, já que é possível encontrar baús ao derrotar inimigos. Algo interessante é que as armas e armaduras conseguem diferenciar-se, não só no aspecto, mas até nos extras que oferecem, como dar mais vida, resistências a certos ataques, mas também invocar criaturas, entre outras coisas.
Já no aspecto das áreas, não existe a linearidade de outros jogos do género. Aqui temos a possibilidade de explorar mais do que o normal, e até de voltar aos locais aos quais já fomos. Isto acontece porque muitas vezes encontramos caminhos alternativos ao principal. Algumas vezes podemos explorá-los de imediato, mas muitas vezes estes encontram-se bloqueados, sendo preciso encontrar itens para o fazer – e podem ser chaves ou outras coisas. É devido a esses caminhos bloqueados que sentimos vontade de voltar a locais onde já tivemos, para ir desbloquear e explorar essas áreas que estavam fechadas. A verdade é que muitas das melhores armas e armaduras que encontramos no jogo estão mesmo nesses locais, por isso vale a pena ir lá dar um salto.
Ao dos nível de inimigos, temos uma boa diversidade de goblins, cada um com as suas especificidades, mas é nos bosses que as coisas se tornam caóticas. Muitos deles vão dar trabalho para serem ultrapassados, mas nada que seja impossível, até porque se perceberem as suas lógicas, depois apanham a maneira de os derrotarem, e muitas vezes perdendo pouca vida. A variedade também me surpreendeu, já que raramente sentimos que estes sejam repetitivos, oferecendo dinâmicas diferentes. Muitos deles fazem algo um pouco irritante, que é chamar outros inimigos para lutarem ao seu lado, e aí as coisas tornam-se bastante mais complicadas, particularmente quando se joga em single-player.
O jogo também apresenta um sistema de níveis dos personagens, e isso acontece com a aquisição de XP, ao completarem níveis e derrotarem inimigos. Cada um dos gémeos tem 3 atributos, são eles a força, resistência e a stamina. A força afecta o dano que causamos nos inimigos, a resistência afecta a nossa vida e a stamina está ligada aos desvios dos ataques e à corrida. Para usarmos essa XP adquirida é necessário que as personagens voltem a casa e durmam, sendo nessa altura que a XP acumulada é então incrementada no personagem aumentando o seu nível, e com isso aumentando os 3 atributos.
Outra maneira de melhorar os 3 atributos é no ginásio da cidade, o Happy Fit. Isso acontece com pequenos mini-jogos que o jogador terá de superar, e muitos deles são bastante complicados de conseguir a sua pontuação máxima, e caso consigam terão um bom aumento num desses atributos à escolha. Mas para conseguirem usar o ginásio será necessário terem fichas para lá irem, logo não é algo que possam estar sempre a usar.
Algo interessante é a maneira como saltamos entre “mundos”, já que usamos a máquina do professor que permite abrir portais para vários locais, logo, é bastante normal andarem entre a cidade dos humanos e o mundo dos goblins.
Graficamente estamos perante um jogo com detalhes muito interessantes, mesmo que seja apresentado com um grafismo bastante cartoonesco. O jogo apresenta umas cores interessantes, mas sem necessitar usar cores exuberantes. Oferece pequenas animações divertidas, e bem feitas.
Algo também bastante interessante são os diálogos, todos eles cheios de humor, criando assim um jogo de acção que nos coloca um sorriso na cara enquanto vamos lendo os personagens a conversar. Os diálogos entre os dois gémeos são por si só bastante interessantes, até porque as suas personalidades chocam bastante e oferecem picardias entre si que melhoram bastante o ambiente do jogo.
A componente sonora também está bastante competente, conseguindo oferecer exactamente o estilo de música necessário para as várias ocasiões, quer sejam momentos mais calmos, como as inquietantes lutas contra bosses.
Mencionar o facto de a nossa análise ter sido feita a partir da Nintendo Switch, onde o jogo correu sem qualquer problema, quer em modo dock, como em modo portátil.
Young Souls é um jogo bastante divertido, que jogado com um amigo ou familiar torna-se brilhante. É uma excelente entrada neste mês de março, que certamente agradará aos jogadores que gostam de Beat-‘Em-Ups.