Developer: Guerrilla Games
Plataforma: PlayStation 5, PC
Data de Lançamento: 31 de Outubro de 2024
Foi no início de 2017 que os jogadores receberam Horizon Zero Dawn – um dos melhores RPGs da geração PlayStation 4. Era o exemplo perfeito de como um jogo conseguia combinar uma boa história, liberdade de movimento, combates incríveis, e, para os que gostam de explorar tudo ao máximo, vários outros conteúdos como missões secundárias e outras atividades. O sucesso de Aloy junto dos jogadores foi tão grande que, no final desse mesmo ano, foi lançada uma expansão, The Frozen Wilds. Mais recentemente, em 2022, chegou a sequela, Horizon Forbidden West, e em 2023 a sua expansão Burning Shores.
O impacto da série foi tal que, em apenas sete anos, Aloy tornou-se uma das figuras emblemáticas da PlayStation; ao mesmo tempo que Horizon solidificou o seu lugar como uma IP marcante, e, pelo que se espera, duradoura. Sem dúvida, é uma das minhas IP favoritas da PlayStation, e sete anos após o lançamento de Horizon Zero Dawn, chega-nos agora a sua versão remasterizada, que já inclui a expansão The Frozen Wilds, como aconteceu com a edição completa do jogo.
Entendo que alguns jogadores possam questionar a necessidade de um Horizon Zero Dawn Remastered. Por um lado, para aqueles que já adquiriram a versão completa do jogo, e por outro, para quem vê com reservas remakes e remasterizações. No entanto, quem aprecia o detalhe e a qualidade gráfica será surpreendido pelo que esta versão tem para oferecer. Acreditem, se são do tipo de jogador que gosta de explorar cada pormenor, ficarão encantados.
Antes de passarmos aos elementos visuais que enriquecem esta remasterização, vamos explorar um pouco da história, para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de desfrutar desta magnífica aventura. Caso já conheçam a história e a jogabilidade, podem saltar uns parágrafos à frente, clicando aqui.
Horizon Zero Dawn transporta-nos para um futuro distante, numa América pós-apocalíptica onde a natureza retoma o seu domínio sobre o planeta. As cidades que um dia foram o centro da civilização humana estão agora em ruínas, cobertas por uma vegetação densa e selvagem, e os poucos humanos que sobreviveram vivem em comunidades isoladas, com um estilo de vida que lembra as antigas tribos. Os animais vivos são escassos, mas as máquinas que habitam este mundo enigmático dominam a paisagem: são criaturas mecânicas com designs inspirados em animais ferozes, que variam em forma, tamanho e comportamento, cada uma delas com uma função e um desafio próprios.
Um dos elementos que torna este mundo tão intrigante é a rejeição da tecnologia pelos humanos. Longe de ser um recurso, a tecnologia é vista como uma ameaça e é, por vezes, proibida. Assim, estas tribos primitivas vivem num equilíbrio delicado, com um temor reverente pelas máquinas que lhes rodeiam, o que levanta a questão: como é que a humanidade passou de uma era de domínio tecnológico para um regresso a um estilo de vida quase ancestral?
A protagonista, Aloy, é uma personagem que se destaca e prende-nos desde o início com a sua história cheia de mistério. Desde o seu nascimento, foi excluída da sua tribo, os Nora, considerada uma maldição por ser órfã. Rost, também ele um exilado dos Nora, toma conta de Aloy e cria-a como sua filha, educando-a com os valores e as habilidades de sobrevivência de um caçador, sempre à margem da sociedade.
O jogo começa com Aloy ainda criança, curiosa e determinada, explorando o mundo à sua volta. É numa dessas aventuras que descobre um dispositivo chamado Focus, um aparelho antigo que lhe permite ver detalhes ocultos no ambiente e observar fraquezas nas máquinas. Este Focus torna-se essencial não só para a sua sobrevivência, mas também para desvendar os mistérios relacionados com o passado. Através dele, Aloy acede a informações sobre o mundo antigo, revelando uma era tecnológica avançada que contrasta com o modo de vida atual dos humanos.
Determinada a ser aceite entre os Nora, Aloy treina intensamente sob a orientação de Rost, preparando-se para participar numa competição conhecida como The Proving, um ritual que lhe dará um lugar na tribo e a possibilidade de fazer pedidos especiais. Contudo, os acontecimentos tomam um rumo inesperado quando uma tribo inimiga ataca a cerimónia. Aloy sobrevive ao ataque, mas perde Rost, que se sacrifica para a salvar. Este momento marca o início de uma jornada intensa, movida pela busca de respostas sobre o seu passado e sobre o mundo em que vive.
Existiria muito mais para dizer, já que isto é apenas uma pontinha do iceberg, mas isso estragaria a surpresa dos jogadores que possam estar a agarrar em Horizon Zero Dawn pela primeira vez. Mas também devo preparar-vos para um jogo que oferece uma experiência verdadeiramente rica na exploração, e repleto de segredos. Entre florestas densas, desertos e montanhas nevadas, o jogo proporciona diversas horas de diversão. E acreditem que não é difícil chegar às 80 a 100 horas de jogo se incluirmos a expansão, The Frozen Wilds.
Em termos de jogabilidade, Horizon Zero Dawn Remastered é profundamente envolvente, combinando elementos de combate estratégico, exploração e sobrevivência num mundo aberto. Começando exatamente pelo combate, diria que no centro desta experiência está o Focus. Este pequeno aparelho permite analisar as máquinas que dominam o ambiente, revelando as fraquezas e pontos vulneráveis. Isso é valioso para escolher o ponto exato a atacar para causar o maior dano, além de oferecer a opção de marcar inimigos e seguir as suas rotas, o que facilita planeamentos táticos e evita surpresas desagradáveis.
Algo essencial para o combate, é o arsenal de Aloy. Diria que este é diversificado e adaptável ao estilo de jogo de cada jogador. Se no início começamos apenas com um arco – e este é para grande parte dos jogadores a arma de eleição –, rapidamente começamos a obter outras armas. E não importa a que escolham, algo que devem ter em mente é que o melhor a fazer é optar, maioritariamente, por abordagens furtivas e ataques precisos a longa distância. O jogo incentiva imenso o estilo stealth, permitindo que Aloy se esconda na vegetação para surpreender os inimigos, tornando-se uma verdadeira caçadora que age sem ser notada. Para aqueles que preferem um combate mais direto, provavelmente vão gostar bastante da lança, que ganha importância à medida que ela aprende a dominar certas máquinas. Esta habilidade especial permite reprogramar as máquinas, convertendo-as em aliadas temporárias. Algumas podem ser usadas em combate como apoio, enquanto outras servem como montarias para uma deslocação mais rápida pelo vasto mapa do jogo.
A componente de RPG é fortemente incorporada, com Aloy a ganhar pontos de experiência ao longo do jogo que lhe permitem desbloquear habilidades numa árvore de talentos. Estes upgrades cobrem várias vertentes, desde habilidades de combate que aumentam a eficácia das armas e o poder de ataque, ou até habilidades de sobrevivência que melhoram a recolha de recursos e a furtividade. A customização vai mais longe, já que tanto as armas como as armaduras de Aloy podem ser melhoradas e modificadas, adaptando-se a diferentes estilos de jogo e às necessidades de cada confronto. Escolher a arma e a armadura certas para cada situação torna-se uma parte fundamental da estratégia, especialmente ao enfrentar inimigos mais fortes e em missões mais exigentes.
Para aqueles que gostam de explorar, aqui vão encontrar uma experiência enriquecedora. O mapa extenso e variado apresenta regiões com florestas densas, montanhas cobertas de neve, desertos e áreas pantanosas, cada uma habitada por diferentes tipos de máquinas e repleta de segredos. O jogo oferece uma vasta quantidade de missões secundárias e locais para explorar, e para os jogadores mais detalhistas, as opções são quase ilimitadas. Há sempre algo para descobrir: acampamentos secretos, ruínas do mundo antigo e histórias adicionais que enriquecem a narrativa principal e oferecem recompensas.
Horizon Zero Dawn Remastered foca-se intensamente no aspeto visual, com dois pontos essenciais: a otimização completa para as melhores opções na nova PlayStation 5 Pro e um visual altamente atraente tanto na PlayStation 5 como no PC. Essa qualidade é evidente desde o momento em que iniciamos o jogo, com a cinemática inicial a deslumbrar-nos de imediato pelo seu grafismo de alta qualidade. Isso estende-se à jogabilidade, onde detalhes como os novos tipos de erva, árvores e folhas mostram-nos melhorias significativas. A flora e vegetação ganharam novos shaders, texturas e até refinamentos na geometria, o que inclui uma densidade de vegetação aumentada em certas áreas, com ervas mais altas, biomas mais diversificados e um maior número de árvores em vários pontos.
A vegetação reage também à presença de Aloy, com plantas e ervas a moverem-se quando as tocamos, tornando o ambiente mais dinâmico e acrescentando um toque de realismo durante os momentos de exploração. Esta atenção ao detalhe ajuda-nos a sentir que o ambiente interage connosco, criando uma atmosfera mais viva e natural.
A iluminação é outro ponto de destaque, com uma reformulação que cria ambientes visualmente mais apelativos e impactantes. Além disso, a profundidade de campo foi melhorada para oferecer uma nitidez superior, eliminando o típico blur nas áreas mais distantes. E para quem possui um monitor ou televisão com HDR, esta remasterização oferece suporte total, enriquecendo ainda mais as paisagens e os ambientes naturais. O HDR permite cores mais vibrantes e um contraste aprimorado, que realçam os tons do céu, o verde das florestas e a intensidade das luzes e das sombras.
As melhorias estendem-se ainda ao relevo dos materiais, algo que salta à vista nas rochas, tanto naquelas que estão espalhadas pelos campos, como nas estradas de pedra, onde se percebe que cada pedra tem o seu próprio relevo e irregularidade, trazendo um nível de autenticidade impressionante. Outro aspeto visual que merece destaque é a água, que embora não permita mergulhar como em Horizon Forbidden West, apresenta-se agora mais cristalina, natural e com reflexos visivelmente aperfeiçoados.
Nas personagens, as melhorias nos modelos são notórias: os cabelos e a pele estão mais realistas e naturais, graças a novos shaders dedicados a cada material. Segundo a Nixxes, empresa responsável por esta remasterização, foram adicionadas mais de 10 horas de novas capturas de movimento, resultando em expressões faciais e corporais mais naturais nos diversos NPCs.
As condições meteorológicas também receberam uma atenção especial, agora a interagir diretamente com o ambiente e as personagens. Por exemplo, o vento não só é audível como faz o cabelo das personagens – incluindo o de Aloy – esvoaçar de forma realista. Na neve, vemos que esta adere ao cabelo e à roupa, e as marcas das pegadas permanecem na neve, enriquecendo ainda mais esta experiência imersiva.
Graficamente, Horizon Zero Dawn Remastered coloca-se agora a par de Horizon Forbidden West, sendo provável que muitas das tecnologias usadas no segundo título tenham sido implementadas nesta versão.
Por último, referir que existem três modos gráficos disponíveis: Favorecer desempenho, Favorecer resolução e Equilibrado. O modo Desempenho corre a 60 fps, o Resolução a 30 fps, e o Equilibrado a 40 fps. Contudo, o modo Equilibrado requer uma televisão ou monitor com VRR (taxa de atualização variável) para funcionar.
Além das melhorias visuais, o jogo também beneficiou de um aprimoramento no aspeto sonoro, agora utilizando a tecnologia Tempest 3D Audio Tech da PS5 e renderização em Dolby Atmos, o que eleva a envolvência sonora em todas as áreas do jogo. Acreditem, se jogarem com auscultadores (eu usei os Pulse 3D da PlayStation), cada detalhe sonoro torna-se impressionante: o som do vento, o ruído distante das máquinas, o barulho dos passos de Aloy, o som da água a correr ou de quando estamos a nadar, e a banda sonora que encaixa perfeitamente em cada momento. No que toca aos diálogos, estes pareceram-me idênticos à versão original, tanto em inglês como na versão portuguesa.
Outro detalhe importante é que o jogo inclui a possibilidade de importar o save da versão original, permitindo aos jogadores continuarem a aventura a partir do ponto onde ficaram. Vale a pena notar que, mesmo importando o progresso, os troféus não são transferidos; então, se gostam de platinar os vossos jogos, recomendo iniciar um novo save ou um New Game+, já que assim permite-vos manter os equipamentos já obtidos.
Por último. falar do DualSense, já que o jogo agora está completamente optimizado para o novo comando da PlayStation 5, fazendo uso do feedback háptico personalizado e gatilhos adaptativos, aumentando a sensação de imersão. Outra novidade é o sistema háptico para ajudar jogadores com dificuldades visuais, que agora podem receber notificações táteis para objetos interativos. Diria que este foi outro aspecto em que o jogo ficou praticamente igual a Horizon Forbidden West.
Por último, o DualSense é a melhor opção para jogarem o jogo, já que aproveitando ao máximo o feedback háptico e os gatilhos adaptativos para uma experiência ainda mais imersiva. Há também uma novidade para jogadores com dificuldades visuais, que agora podem receber notificações táteis sobre objetos interativos, o que é um belo acréscimo. Em termos de imersão, diria que este aspeto ficou praticamente ao nível de Horizon Forbidden West.
Horizon Zero Dawn Remastered foi uma verdadeira surpresa para mim. Visualmente, é deslumbrante, e, juntamente com Horizon Forbidden West, é provavelmente um dos jogos mais impressionantes na PlayStation 5. Para quem ainda não o jogou, esta é a melhor forma de começar a aventura de Aloy; para quem tem o jogo original e ainda não o terminou, o upgrade para esta versão será sem dúvida uma excelente escolha. Se há remasterizações que ficam aquém do esperado, esta superou todas as expectativas!