Developer: Untitled Studio
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 15 de maio de 2025

Se há jogos que nunca passam de moda — e certamente nunca irão passar — são os jogos de gestão, ou, se preferirem, os habituais tycoons. Neste caso, a Untitled Studio decidiu trazer-nos um jogo ambientado num mundo medieval, onde os ferreiros são fundamentais para o funcionamento das cidades.

Blacksmith Master coloca-nos no papel de um dono de uma oficina, determinado a transformar a sua pequena loja de sustento num negócio lendário. De forma simples, o jogo oferece-nos uma abordagem sólida à gestão de uma oficina onde a forja tem um papel central, misturando simulação, estratégia, gestão de recursos e progressão, tudo num ambiente medieval com algum charme.

Ao iniciar o jogo, somos recebidos por um pequeno tutorial que nos permite perceber rapidamente como tudo funciona — desde comprar equipamentos para a oficina, contratar trabalhadores, até adquirir lingotes de ferro e madeira. Depois chega a parte de aceitar encomendas, montar a loja e, por fim, a possibilidade de recolher os recursos preciosos de que precisamos, com equipas de lenhadores para recolher madeira e equipas de mineração para extrair minérios como ferro, cobre e até prata.

Mas não se assustem, porque tudo acontece gradualmente. Inicialmente, trabalhamos apenas com madeira e ferro, mas à medida que progredimos, desbloqueamos novas opções na árvore de mestria: novos tipos de minérios como o cobre e a prata, mais vagas para trabalhadores, mais andares na oficina, contratação de funcionários de elite, descontos, e mais opções de trabalho.

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O jogo funciona com um sistema de ciclos diários. Os trabalhadores iniciam as suas tarefas às 7h da manhã e terminam à meia-noite — praticamente trabalham de sol a sol. Na oficina podemos criar uma enorme variedade de itens, desde armas, armaduras, peças mais simples como copos, talheres, cutelos, garfos para grelhar, pás de madeira, entre muitos outros. À medida que avançamos, recebemos encomendas que, além da recompensa monetária, oferecem outros tipos de prémios — como novos tipos de chão e papel de parede para melhorar a loja, ou diagramas que desbloqueiam novos itens para fabricar.

Como seria de esperar, os materiais influenciam diretamente o valor dos produtos. Itens feitos com prata ou cobre valem mais do que os feitos em madeira ou ferro. Melhorar a qualidade dos produtos é outra forma de aumentar o lucro, e para isso precisamos de uma equipa de investigação que estuda formas de melhorar os itens. Com o tempo, passamos a fabricar itens com diferentes graus de qualidade: comum, incomum, raro, épico e lendário.

A gestão de pessoal é outro elemento fundamental. Podemos contratar ferreiros, assistentes, empregados de loja, mineiros e lenhadores — cada um com habilidades próprias. Por exemplo, um ferreiro pode ter duas habilidades, que podem ser ambas positivas ou uma positiva e outra negativa, além de diferentes níveis de aptidão em metalurgia, carpintaria e investigação de projetos.

Estas características tornam cada trabalhador único e permitem-nos escolher de forma estratégica quem contratar. Voltando ao exemplo de um ferreiro, caso este tenha mais talento para carpintaria pode ser colocado sobretudo em tarefas ligadas à madeira. Além disso, todos os trabalhadores ganham experiência com o tempo, o que lhes permite evoluir e tornar-se mais rápidos e eficazes.

A personalização da oficina é um dos pontos mais apelativos. Podemos aumentá-la, mudar a localização da porta, adicionar janelas, trocar o chão, colocar papel de parede, quadros, tochas e muito mais. Estas mudanças não só melhoram o aspecto visual como também aumentam o valor dos produtos vendidos. Uma boa organização dos espaços — como a disposição das bancadas, fornos e estações de trabalho — é crucial para garantir fluidez na movimentação e produtividade máxima.

À medida que os trabalhos se tornam mais exigentes, é necessário contratar mais funcionários e expandir as áreas de produção. Com mais encomendas, surgem mais desafios — entre salários, custos de materiais e gestão de espaço, a eficiência torna-se vital para manter o lucro.

Embora o jogo tenha todo este sistemas e opções, após várias horas de jogo torna-se evidente que Blacksmith Master sofre com o seu gameplay bastante repetitivo. Quando cheguei a cerca de 10 horas de jogo, a rotina já começava a ser demasiado previsível, e faltava algo que me motivasse verdadeiramente para continuar. A ausência de uma opção para acelerar o tempo é notória — muitas vezes não há nada para fazer senão observar os trabalhadores. Sendo este um título em Acesso Antecipado, há margem para melhorias, e é de esperar que venham a ser introduzidas novas funcionalidades para quebrar esta monotonia.

Existe a opção de controlarmos diretamente um ferreiro e criar os itens manualmente, mas essa mecânica não é especialmente apelativa: é mais lenta e menos eficiente do que deixar os NPCs trabalharem.

Enquanto tycoon, o jogo tem bastante potencial — tanto pela variedade de itens como pela personalização da oficina, que pode chegar a vários andares. No entanto, ainda precisa de alguns ajustes e novas ideias para atingir o nível de profundidade e vício de outros títulos do género.

Graficamente, apresenta um design algo datado, mas funcional. Não impressiona em detalhe, mas cumpre, cujas animações são suficientemente claras para sabermos o que cada trabalhador está a fazer. A nível sonoro, a música torna-se repetitiva ao fim de algum tempo, fazendo com que a desliguemos e optemos por ouvir outra coisa. Já os efeitos sonoros — como o abrir de baús, o martelar do ferro ou o som das serras — cumprem bem o papel de reforçar a atmosfera de uma oficina viva.

Blacksmith Master oferece uma experiência promissora para um jogo em Acesso Antecipado. Tem ainda um longo caminho a percorrer, mas os alicerces estão bem montados. Com os ajustes certos, poderá ganhar uma boa popularidade, mas precisa mesmo de melhorar os aspetos que referi acima.

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Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.