Developer: Not Knowing Corporation
Plataforma: PC (Early Access)
Data de Lançamento: 21 de novembro de 2025

Em 2026, portanto para o ano, o mítico Desert Srike faz 30 anos do seu lançamento original para a Mega Drive, SNES e Commodore Amiga. Foi precisamente neste último, mais precisamente no meu Commodore Amiga 600 que joguei essa pequena maravilha. Para quem não o conhece, estamos a falar de um shoot’ em up em que pilotamos um helicóptero Apache em várias missões no meio da Guerra do Golfo. Basicamente o Estados Unidos da América enviaram apenas um piloto sem nome e o seu co-piloto para destruir as intenções do ditador, um General auto-proclamado de seu nome Kilaba, que está a construir várias bases militares e até armas nucleares.

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O jogo tinha visão isométrica, onde pilotávamos o helicóptero ao mesmo tempo que mirávamos os inimigos em missões em que a palavra de ordem era destruir tudo com a nossa metralhadora e com os nossos mísseis. Um jogo simples, eficaz, que não tinha concorrência no género e que foi um sucesso comercial. De tal modo que rapidamente surgiram sequelas, por ordem, Jungle Strike, Urban Strike, Soviet Strike e Nuclear Strike. E todos eles foram introduzindo novidades, novos veículos e já nos jogos mais recentes a introdução de novas mecânicas e, é claro, gráficos actualizados.

Em Jungle Strike, podíamos pilotar também um hoovercraft e um B-2, um bombardeiro invisível aos radares inimigos, no Urban Strike foi introduzido o gancho, para recolher armamento e afins e havia segmentos com o nosso piloto dentro de instalações, depois em Soviet Strike entramos na era 3D, deixando a visão isométrica e passando para uma câmara quase mais de “terceira pessoa”, e por fim, o Nuclear Strike, também ele em 3D e com a mesma câmara, mas que traz de volta uma missão com um avião e o maior número de diferentes helicópteros para pilotar. No entanto, chegámos a 1999 e ficámos orgãos desta franquia.

Ora pois bem, esta mini aula de história dos videojogos, serve para fazer a ponte com a chegada de Cleared Hot em Early Acess ao Steam. A Not Knowing Corporation, um estúdio de 12 pessoas, desenvolveu, com todo o amor e carinho pela franquia Strike, este jogo, trazendo-o para a modernidade, tanto em termos gráficos, como de mecânicas, mas dando-lhe uma narrativa própria e um piscar de olho aos mais nostálgicos.

O jogo começa com uma viagem nostálgica ao Desert Strike onde piloto Travis McCall com o seu Apache revive a sua última missão na Guerra do Golfo onde é abatido pelo inimigo. Depois disso, percebemos que Travis estava a ter mais um pesadelo com isso, e que agora, 34 anos mais tarde está a tentar voltar a pilotar um helicóptero. É neste primeiro bioma do jogo, e o único disponível nesta fase do Early Acess, que nos situamos no Oeste do Texas a trabalhar para um amigo que tem um ferro-velho e que nos vai lançando alguns desafios.

O primeiro, nesta fase, é apanhar galinhas com o gancho do nosso primeiro helicóptero, um “Mosca”, mas rapidamente os problemas começam a adensar-se com uma milícia privada a tentar destruir o tal ferro-velho. É nesse contexto que surge a personagem “Desert Mike“, um piloto da velha guarda que nos fornece armamento para o nosso primeiro helicóptero para varrer a milícia e ajudar o nosso amigo. Só que é a partir daí também que nos vemos envolvidos na trama que envolve a Western Replubic Militia e o exército privado da Terminus, uma megacorporação tecnológica que quer dominar o mundo.

A partir deste momento vamos tentar destruir todos os desígnios destas duas forças, quer seja a salvar cientistas que foram raptados, destruir bases, radares, os armazéns do seu armamento e até um foguetão. Pelo meios ainda vamos ajudar as forças de segurança desta zona do mapa dos Estados Unidos, fazendo algumas amizades com a Xerife e com alguns militares norte-americanos. Ao todo, são 12 missões neste primeiro bioma onde não falta variedade de mapas, inimigos, desafios e muita, mas muita diversão.

Para isso vamos jogar com os dois analógicos, sendo esta a principal diferença de todos os “Strike” de antigamente. Basicamente é um twin stick shooter, o que quer dizer que com o analógico esquerdo pilotamos o helicóptero e com o direito apontamos a mira do nosso canhão e dos nossos mísseis, sendo que ângulo do posicionamento do helicóptero também se ajusta com o da mira. Ao início pode parecer estranho, mas rapidamente se entranha e a mecânica passa a fazer parte de nós.

Outra das diferenças é que temos uma espécie de dash/esquiva que ao pressionarmos o analógico direito ou o botão B, no caso de jogarem, como eu, com o comando da Xbox, nos dá um pequeno bossa para a direcção que definirmos. Depois temos o gancho, mas ao contrário dos “Strikes”, aqui não serve apenas e só para apanhar munição, mas sim, para pegar em tudo o que nos realmente apetecer. Galinhas, pessoas, inimigos, carros, tanques, baterias antiaéreas, bidões de gasóleo, vale tudo, o que quer dizer que o caos é garantido, as possibilidades são imensas e a diversão é garantida.

As missões também se coadunam com esta mecânica, isto é, vamos ter missões de escolta onde precisamos tirar veículos da frente que bloquear o caminho, passar os veículos da escolta de um lado para o outro, transportar pessoas sãs e salvas, ou criar barreiras para fortificar a posição dos nossos aliados.

Mas nem tudo são facilidades, pois as missões complicam-se substancialmente do meio para o fim deste primeiro bioma. Os mapas começam a aumentar substancialmente, ao ponto de termos checkpoints, ou até capturar bases para podermos fazer reparações e estar mais pertos dos objectivos seguintes. As defesas das bases inimigas também ficam mais perigosas, não só com SAMS e os seus mísseis de calor, mas também os radares infernais que detectam a nossa posição e nos colocam em perigo imediato. Há também momentos especiais, como é o caso da fuga de um desfiladeiro onde temos uma espécie de Boss Fight, sendo que o nosso único objectivo é sobreviver, onde temos que fugir a um caça que nos persegue. Outra das Bosses Fights, essa sim onde já atacamos o inimigo, é a da recta final deste bioma onde temos que travar o lançamento de um foguetão, que está a ser transportado por uma espécie de carrinho gigante e, em movimento, temos que ir atacando os pontos fracos da estrutura.

Em termos de helicópteros disponíveis temos 8 que podem ser comprados com o dinheiro que fizermos nas missões, quer seja por completar o objectivo de cada missão, quer seja por apanhar alguns maços de notas que estão distribuídos pelo mapa. Helicópteros para todos os gostos, desde os mais leves e manobráveis, passando por clássicos da Guerra do Vietname e armados até aos dentes, e terminando nos clássicos Apache mais modernos e letais. Os pontos fortes de cada um estão divididos em 5 categorias: Velocidade, Aceleração, Saúde, Loadout e capacidade para levar Passageiros. Também temos a possibilidade de costumizar o loadout de cada um com armas leves e pesadas de vários calibres, assim como os mísseis leves e pesados com características diferentes. Nota-se a diferença em cada um deles e cada missão poderá ser bastante mais acessível conforme a nossa escolha, o que dá propósito ao facto de existirem vários para utilizarmos.

São cerca de 2h30/3h00 de diversão, caos e um excelente exemplo de que com as físicas correctas e apuradas, gráficos cartoonescos, mas sem fugir à realidade, um voice-acting personalizado e mecânicas bem definidas, um jogo de helicópteros pode ser uma verdadeira estrela neste ano de 2025. Cleared Hot é tudo aquilo que eu desejava ver num “Strike” moderno, e deixou-me com imensa água na boca para os próximos boinas que vão ser lançados antes da versão final ser editada, em que a equipa da Not Knowing Corporation vai revistar todas as localizações dos “Strikes” já editados, portanto, a “Jungle”, o “Arctic” e o “Urban”, assim como side-missions para este primeiro capítulo e bioma que recorda o primeiro Desert Strike.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.