Developer: Nintendo
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 11 de junho de 2021

No passado dia 6 de maio tive a oportunidade de trazer as primeiras impressões sobre o novo software para Nintendo Switch, o Game Builder Garage. Mais uma vez a convite da Nintendo Portugal tivemos oportunidade a assistir a uma segunda apresentação onde nos foram demonstradas várias funcionalidades do jogo, assim como algumas lições que vamos encontrar, o modo free programing, e também alguns desafios.

Se na primeira apresentação ficámos com a ideia de que o conceito parecia muito interessante, foi com esta segunda apresentação que se percebeu concretamente o que irá chegar à consola da Nintendo e as oportunidades de criações que irá proporcionar aos utilizadores – e sem dúvida que estamos perante um software fascinante. Claro que como disse nas primeiras impressões eu sou um pouco suspeito quando se refere a este tipo de conteúdo, já que é algo que me fascina, mas acredito mesmo que também vós irá impressionar, mesmo aqueles que pouco ligam a programação ou à criação de jogos.

Obviamente que não será possível fazer um jogo AAA, mas acreditem que vão conseguir fazer pequenos jogos de enorme qualidade, isto é, se forem como eu, e acharem que o divertimento e a jogabilidade está acima da qualidade gráfica – e com isto não estou a dizer que o seu grafismo é mau, apenas não é a principal componente deste software – então as possibilidades são imensas. Embora o objectivo final seja a criação de jogos, a parte pedagógica/interactiva que o jogo oferece com as suas lições e desafios é na verdade o seu ponto alto (no meu ponto de vista).

Vamos então começar por nos focarmos nas lições e em como este processo funcionará:

Publicidade - Continue a ler a seguir

Neste caso, tudo se passa quase como se de um jogo se tratasse, isto é, as lições são uma espécie de níveis onde nos são explicadas algumas funcionalidades e conceitos de um determinado tipo de jogo, e ao cumprirem os vários checkpoints dessa lição, então o software colocará um desafio ao utilizador que, neste caso, podemos fazer a analogia de um Boss (caso se tratasse de um jogo). Neste desafio, o que irá ser pedido é que apliquem os conceitos que aprenderam, e se o conseguirem a próxima lição ficará disponível.

Para melhorar as coisas, a Nintendo pensou ainda mais longe, e se a ideia de ter várias lições com desafios já torna o conceito único e atractivo, agora imaginem o que é terem 7 lições com os seus diversos checkpoints, em que cada um deles permite criar um pequeno jogo de um género diferente. Este foi um ponto fundamental para me convencer do sucesso que Game Builder Garage poderá vir a ter, até porque cada um de nós tem os seus gostos, e se no meu caso sou um amante de RPG’s, de jogos de acção e de mundo aberto, por outro lado, os FPS passam-me um pouco ao lado. Provavelmente vocês têm gostos totalmente diferentes dos meus, por isso, podem decidir aprender a criar os jogos que mais gostam, sejam eles de plataformas, um RPG, ou de outro qualquer tipo.

Obviamente que as lições estão pensadas de forma progressiva, de modo a obterem todos os conceitos de uma maneira solida e que faça sentido, por esse motivo só conseguem avançar para a próxima lição depois de a conseguirem fazer correctamente, e ultrapassar o desafio que irá aparecer no final de a completarem. Mais uma vez, quero deixar bem claro que quando falo de “conceito” e “ideias” não me refiro à teoria, mas sim a ideias práticas, como por exemplo o conceito de onde colocar a câmera num RPG em 3D será completamente diferente do conceito de uma câmera num jogo de plataformas; e quem fala em câmeras, fala no tipo de cenário, objectos encontrados e interacção com o cenário. É tudo isso que vocês vão aprender, colocando desse modo as lições em prática, e neste caso escolhendo a câmera que melhor se enquadra no vosso jogo, ou o cenário correcto, etc.

Paga-nos o café hoje!

É nesse ponto que eu acho que Game Builder Garage irá conseguir oferecer algo a qualquer utilizador/jogador, porque acredito que existirá sempre aquela vontade de criar algo único, nosso, e que vá de encontro aos nossos gostos. Diria mais, é uma oportunidade única de vocês conseguirem perceber como é complicado criar um jogo que agrade a quem vos rodeia, já que algo que poderá fazer todo o sentido para nós, poderá não agradar a outros jogadores. E poderão receber esse tipo de “crítica” ao partilharem os vossos jogos com amigos e familiares.

Em Game Builder Garage tudo são Nodons, o que quer que vocês vejam no ecrã será um Nodon, para terem uma ideia são mais de 80, cada um com a sua função, isto é, um personagem, um objecto, uma plataforma, uma câmera, tudo são Nodons. A lista de Nodon é simplesmente enorme, cada um com a sua categoria, característica e especialidade. Além disso, a maioria deles têm a possibilidade de se ligar entre si, e até têm as suas próprias propriedades, como por exemplo serem indestrutíveis ou destrutíveis, serem visíveis ou invisíveis, terem gravidade, alterar a sua cor, entre outras coisas. É o conjunto das suas propriedades com a ligação dos diversos Nodon que permite, por exemplo, consigam fazer um jogo onde tudo pode ser destruído, ou um jogo onde nada é destruído, e onde temos apenas de ultrapassar determinados objectos.

A facilidade de criação de um cenário pronto a ser jogado é algo que torna todo este conceito brilhante. Para terem uma ideia – e pegando em exemplos concretos – caso queiram fazer uma espécie de arena de luta, como acontece por exemplo nos cenários de Kirby Fighters 2, conseguem fazê-lo em menos de 10 minutos, vamos imaginar então uma arena com 5 plataformas que possam ser destruídas, umas “paredes” invisíveis para balizar o início e o fim da arena, isto é, uma à esquerda, outra à direita e uns efeitos gráficos da destruição assim como uns efeitos de som.

Tendo este cenário hipotético, começamos então por colocar dois Nodons, dar-lhes a sua forma, e neste caso seria uma espécie de dois pilares altos, um do lado direito e outro do lado esquerdo, com características indestrutíveis e invisíveis. Isto seria o limite da nossa arena, depois colocamos outro Nodon para criar uma plataforma, mais uma vez ajustamos a sua largura e comprimento, para ficar como queremos nas suas características iríamos colocá-lo como destrutível. Para dar um efeito de destruição sonoro, adicionamos outro Nodon, neste caso de som e ligamos ao Nodon da nossa plataforma, escolhemos o som que queremos e este ficará ligado à destruição do objecto, assim sempre que aquele objecto for destruído irá tocar o som do objecto a se partir. No entanto, para melhorarmos as coisas, podemos ainda adicionar ao Nodon um efeito de partículas, isto é, a plataforma ganhará uma animação sempre que se destruir.

Por fim, como queríamos ter 5 plataformas, podemos duplicar a plataforma que criamos anteriormente 4 vezes, ajustar as dimensões de cada uma, e posicioná-las no local correcto do cenário; e facilmente, em pouco tempo, criamos um belo cenário para um jogo de batalhas ao bom género de Kirby Fighters 2. Caso queiram, podem ainda ir às opções alterar o tipo de cenário, e adicionar um Nodon para ter musica de fundo, e facilmente temos o nosso nível criado.

O mesmo se passa com as personagens, sendo que funcionam da mesma maneira. São também um Nodon com características próprias e que podem ser ligados a outros Nodon, como o caso de um input de um botão para saltar, o input do analógico para andar, ou mesmo adicionar sons a esse mesmo salto, entre muitas outras opções.

Para aqueles que já estão desejosos por ter este software nas mãos e provavelmente já se perguntaram se será possível importar imagens para a criação de personagens ou de texturas, a resposta é não. Tudo o que podem utilizar está dentro do software e caso o conteúdo gráfico que exista não seja do vosso agrado, terão de ir até ao editor do próprio Game Builder Garage criar a vossa textura, o vosso grafismo do personagem, ou o grafismo de um objecto.

Quanto ao free programing será o local correcto para meterem em pratica as vossas ideias, e aqui podem fazê-lo de diversas maneiras, começando do zero, alterando os jogos que criaram nas lições, assim como podem até alterar projectos dos vossos amigos, para isso apenas precisam de fazer o download do jogo deles, e isso acontece a partir das partilhas de IDs.

A partilhas de IDs podem ocorrer de duas formas distintas: uma delas é obter um ID referente a um jogo que alguém, ou vocês distribuírem o ID de uma criação vossa aos vossos amigos para poderem experimentar o vosso jogo; já a outra opção é a partir do ID do programador, e neste caso estarão a dar acesso a todas as vossas criações que estejam finalizadas e que estejam com a opção de partilhar.

Provavelmente, por todo o conceito deste software, estamos perante algo que não entrará somente nas nossas casas, mas também em universidades e até cursos relacionados com jogos e programação, já que Game Builder Garage permite fazer uma demonstração rápida de alguns conceitos importantes da criação de um videojogo.

Game Builder Garage cada vez mais me convence que será um daqueles softwares que terá um sucesso enorme. Acredito que pouco tempo depois do seu lançamento iremos ver imensos jogos a serem partilhados entre jogadores, uns de enorme qualidade, outros nem tanto, mas o que importa aqui é a diversão, a aprendizagem e a criatividade de cada um. Eu estou ansioso para começar a fazer as minhas criações e quem sabe não as partilharei com vocês.