Developer: PikPok
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 9 de abril de 2025
Into the Dead: Our Darkest Days desde a sua demo que apresenta uma ideia bastante sólida e que poderá colar os jogadoras ao ecrã durante muitas e muitas horas. Misturando elementos estratégia e gestão com exploração e combate, Into The Dead torna-se uma experiência cativante, variada e bastante desafiadora.
Separado entre noite e dia, conseguimos gerir os nossos sobreviventes apenas com uma ação por dia/noite. Uma vez designadas as ações de cada sobrevivente avançamos para a próxima parte do dia, sendo a exploração a única parte em que temos um papel activo. Devido ao limite de ações por dia/noite todo o jogo passa a ser um desafio enorme de gestão entre as necessidades das personagens, o craft e a exploração para irmos buscar mais materiais. É nesta gestão que Into The Dead nos cola ao ecrã, uma vez que as horas passam e as necessidades do grupo vão mudando.
Tudo começa com a escolha das personagens. Aqui temos seis opções de duplas bem como as suas histórias, dando algum contexto para o que juntou estas duas pessoas durante o apocalipse zombie que abalou a zona de Walton no Texas. Cada personagem tem as suas características e skills que trazem não só melhorias como também uma ou outra desvantagem. Temos skills que melhoram crafting, combate e até alguns boosts de moral para situações específicas. Cada personagem costuma ter duas habilidades e um debuff, e nunca são iguais entre personagens. É importante tirar vantagem dos boosts para crafting pois permitem-nos fazer mais items com menos materiais, e o mesmo que aplica à cozinha ou qualquer outra skill de crafting.
Outro factor importante é a exploração. Durante qualquer fase do jogo podemos enviar os nossos sobreviventes para zonas específicas onde estes irão procurar loot e mantimentos. Aqui o jogo muda e ganha uma vertente enorme de ação. O combate de Into the dead não é frenético e louco, muito pelo contrário. As nossas personagens são bastante frágeis e as zonas repletas de zombies são um desafio dificílimo de ultrapassar. O stealth é provavelmente a única hipótese de sucesso, uma vez que qualquer movimento mais brusco ou qualquer som mais alto vai alertar os muitos zombies espalhados por cada zona. Uma vez alertados os zombies a situação fica muito complicada para os nossos sobreviventes, ainda mais quando as armas iniciais se partem com relativa facilidade, deixando-nos não raras vezes sem armas e a tentar lutar contra vários zombies em simultâneo. Sem armas e com pouca vida a única coisa que nos resta é correr e fugir, uma vez que, se morrermos, esta personagem desaparece para sempre do jogo. Estes elementos contribuem para que Into The Dead seja um jogo que requer 100% da nossa atenção, pois qualquer passo fora de pé pode ser o fim da nossa run.
Durante a exploração encontramos outros sobreviventes que se podem juntar ao nosso grupo e aumentar assim as nossas hipóteses de sobrevivência. Da mesma maneira que mais sobreviventes nos permitem fazer mais actividades por dia/noite, a verdade é que temos sempre mais bocas para alimentar, logo mais sítios que temos de explorar para encontrar comida para o grupo. Para além dos sobreviventes podemos encontrar nas zonas de exploração telescópios que nos permitem desbloquear outras regiões para explorarmos no mapa. O mapa de exploração vai-se tornando mais vasto, mas a nossa área de ação está sempre restringida pela proximidade ao hideout, sendo que é possível mudar o hideout de sítio para irmos avançando no mapa.
Todos os sobreviventes tem três stats fundamentais, fome, sono e moral. Sendo que quando algumas destas baixa a níveis extremos essa personagem começa a desenvolver condições que podem ser resolvidas com medicina, dormindo ou passando tempo nas áreas comuns. Isto faz com que a cada dia/noite tenhamos de ter em atenção tudo o que os nossos sobreviventes precisam. Para além destes três stats fundamentais existe ainda a nossa barra da vida que vai baixando sempre que somos atingidos por algum zombie durante a exploração, para subir a vida basta usar um medkit e esperar até que ela suba.
É também durante a exploração que encontramos as pistas para a fuga. Estas pistas podem ser encontradas um pouco por toda a parte e vão abrir um plano de fuga. Neste momento, uma vez que estamos em Early Access, apenas temos duas opções de fuga que podemos dar track assim que descobrimos três pistas. Estas missões são a única maneira de tirarmos os nossos sobreviventes desta zona, antes do apocalipse levar a melhor sobre eles. No jogo é-nos dito que estão mais pistas e hipóteses de fuga a caminho, o que me deixa bastante feliz ver que Into The Dead ainda irá melhorar em cima de uma fórmula já muito forte.
A Gameplay de Into The Dead é relativamente básica e penso que isso torna o jogo ainda mais difícil. Embora existam diferentes armas,temos apenas a hipótese de atacar ou esquivar dos nossos adversários. Uma vez que a esquiva nem sempre funciona na perfeição e são precisos vários ataques para matar um zombie, resta-nos, se quisermos ser verdadeiramente eficazes, seguir a vertente do stealth e andar agachados até conseguirmos executar os nossos inimigos por trás. Poupando assim armas, vida e tempo. Se tivesse de escolher algo a melhorar provavelmente seria o combate, uma vez que tem poucas mecânicas, e que, na minha opinião, poderia beneficiar de alguma fluidez e complexidade.
Graficamente Into The Dead consegue ser um jogo bastante bonito, seguindo um traço realista e tirando proveito do 2D, conseguimos ver zonas bastante realistas bem como as texturas não só do ambiente mas também de todos os inimigos estão muito bem conseguidas. Os gráficos não são o ponto central de into the dead, mas não retiram absolutamente nada à experiência. O lettering, as cores e a lealdade ao Texas no design dos ambientes fazem com que Into The Dead seja um jogo muito bonito visualmente.
A gestão do hideout é um ponto fundamental de Into The Dead. Entre noite e dia podemos utilizar o workbench para criar novos bancos para craft de armas, cozinha para fazer comida, áreas comuns para melhorar a moral dos nossos sobreviventes, mesas para desmantelar materiais, camas extra e até melhorar as barreiras de proteção do hideout. Todos os hideouts tem as barreiras de proteção que vão sendo destruídas pelos zombies, se não as repararmos temos um ataque que vai tirar vida a todos os nossos sobreviventes. Como temos tanto para fazer dentro do hideout, e ao mesmo tempo precisamos de materiais para o fazer, é sempre bom termos muitos sobreviventes para podermos espalhar por todas estas actividades. 60% do nosso sucesso depende desta gestão dos sobreviventes para que seja possível evoluir o nosso hideout, tratar das necessidades dos sobreviventes e ao mesmo tempo ter os materiais necessários para fazer tudo isto. Não vale de nada ter muitos materiais e termos o nosso grupo morto, ou termos muita comida mas não termos armas para podermos explorar outras zonas. Em into the dead o equilíbrio é a chave do sucesso e isso faz com que o jogador não pare um segundo pra suprimir todas as necessidades do grupo.
Algo que gostei bastante foi a variedade de armas que encontramos neste jogo. Aqui conseguimos apanhar armas que vão da simples tesoura até as metralhadoras, passando por várias armas improvisadas como tacos de baseball com picos e até machados improvisados. A variedade de armas, no entanto, não acrescenta muito à jogabilidade uma vez que todas as armas corpo a corpo funcionam com o mesmo ataque, dando umas mais dano que outras. As armas tem também um stat de barulho, sendo que se usarmos armas muito ruidosas em zonas com muitos zombies podemos acordar os zombies que estão no background e que rapidamente se juntam à conversa e nos dificultam e de que maneira a vida
Into The Dead pode ser jogado vezes e vezes sem conta, uma vez que as runs podem ir de bestial a besta em apenas um dia/noite. Tudo isto se deve em grande parte à morte permanente de personagens. Claro que depende de quantos sobreviventes temos no nosso grupo, mas perder um sobrevivente automaticamente complica toda a nossa run. Isto faz com que assim que uma run acaba, comecemos logo outra para dar continuidade a tudo o que aprendemos na última. .
De um modo geral, posso dizer que adorei a experiência de Into The Dead. Mesmo em Early Access encontramos aqui um jogo bastante competente com ideias claras e que ao serem mais polidas com o passar do tempo e com mais desenvolvimento irá crescer em quantidade e qualidade.
A mistura de estilos e a necessidade constante de atenção ao jogo faz com que este nos faça esquecer o mundo real durante algumas horas. Embora seja impiedoso, e devido à sua rejogabilidade, Into the Dead: Our Darkest Days é uma compra recomendada mesmo na versão Early Access. Embora tenha apanhado alguns bugs que forçaram o recomeço do jogo, acho que é um pouco essa a essência do jogo, tentar falhar e tentar de novo até conseguirmos. As áreas diversificadas, as especificidades de cada personagem e a gestão do grupo fazem com que este jogo tenha tudo para ser uma joia quando a sua versão final chegar. Até lá, continua a ser uma experiência desafiadora, competente, divertida e capaz de entreter o jogador por muitas horas.
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