Developer: Jagex
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 15 de abril de 2025
Desde o seu lançamento em acesso antecipado em Abril deste ano, RuneScape Dragonwilds consolidou o seu lugar entre um dos melhores survivals. Passados seis meses, trazemos uma antevisão do que podem esperar neste novo jogo, com um nome já conhecido por todos.
Antes de mais devo declarar que ao contrário de muitos jogadores, Runescape não é um universo que me diga algo. Nunca joguei RuneScape em nenhuma das suas versões e como tal, não existe essa ligação emocional a este universo. No entanto, esse afastamento não interferiu em nada na minha experiência em Dragonwilds, tendo desfrutado na mesma de cada segundo que passei a jogá-lo.
Dragonwilds é, em praticamente todas as suas componentes, um survival muito bem conseguido. Apresentando mecânicas avançadas e um mundo muito bem construído. Conta com variadíssimas skills e armas que tornam o combate mais interessante e personalizado para cada build.
Diria que este jogo excede todas as expectativas no departamento de skills. Para subirmos alguma skill da nossa personagem temos que usar essa mesma skill. Elevamos construção a construir, combate corpo a corpo a combater, e a até craft construindo materiais e objectos. Este sistema é bastante realista e leva-nos a ter que praticar para sermos melhores em todos os departamentos. Para além destas capacidades, a nossa personagem vai tecendo vários spells que complementam a jogabilidade. O mais impressionante é que existem muitos spells para as diferentes skills. Temos spells que nos facilitam a construção, spells de ataque, e outros que nos ajudam a reparar materiais, suprimir necessidades básicas e até aumentar a velocidade de craft de uma máquina. Isto é, existem spells para tudo e mais alguma coisa e isso é altamente refrescante, trazendo muita profundidade, não só para o combate, mas para tudo o que fazemos neste jogo.
O combate embora não seja revolucionário é bastante competente devido à mistura de ataques com spells que podemos utilizar. Dragonwilds foca-se muito na stamina e esta é o centro de todo o sistema de combate. Tudo o que fazemos consome stamina e sem ela somos completamente inúteis, ficando impossibilitados de atacar. Claro que a jogabilidade está um pouco ligada à arma que escolhemos, e felizmente podemos encontrar algumas armas interessantes como adagas, espadas, maças, cajados de mago e até arcos e bestas. Para além das armas podemos ainda usar um escudo que bloqueia parte do dano dos nossos inimigos, e que são uma grande ajuda para acertarmos os perfect parry’s. Quando damos um parry no tempo certo, o nosso adversário fica atordoado tornando esta mecânica numa das minhas favoritas, principalmente quando jogada em cooperativo com outra personagem focada no seu dano à distância.
Todos os survivals tem as suas necessidades básicas que são fundamentais para o bem-estar e sobrevivência da nossa personagem. Neste aspecto Dragonwilds é bastante simplificado, apenas com três necessidades básicas: Água, comida e descanso. Se a nossa personagem não dormir, todas as outras necessidades começam a ser afectadas, limitando o seu nível máximo, e baixando a nossa stamina. É importante que estas necessidades sejam sempre suprimidas de forma a mantermos a nossa personagem sem qualquer desvantagem.
As comidas são interessantes, embora não sejam super evoluídas. Conseguimos cozinhar os materiais que apanhamos e consumi-los para saciar a nossa fome. No entanto, é possível também criar pratos com vários ingredientes e que saciam mais a nossa personagem. Para além disto é possível fazer águas com diversas melhorias que vão de redução no consumo de stamina no ataque ao aumento da velocidade a que andamos. Algo que achei interessante foi a nossa personagem queimar alguns alimentos nas primeiras tentativas, tornando-se cada vez mais eficaz à medida que a skill de cozinha vai subindo, desbloqueando novas receitas e habilidades.
O sistema de construção é sem dúvida dos meus favoritos. Temos ao nosso dispor várias paredes, chãos e telhados, mas o mais refrescante é o sistema de pilares que nos permite criar uma estrutura para a casa e suportar a nossa construção. Todas as construções precisam de estabilidade, pois de construirmos alto demais, e sem estrutura, a nossa construção acaba por ceder. Isto faz com que, tudo tenha de ser pensado, mas ao mesmo tempo, seja possível construir tudo e mais alguma coisa. Apenas com três ângulos (60º/45º/30º) e muita decoração, a nossa imaginação é o limite para o que conseguimos construir neste jogo. Não esquecer que, quanto mais construímos, mais partes vamos desbloqueando, bem como skills que nos vão facilitar a tarefa de várias maneiras.
O crafting é uma parte importantíssima de qualquer Survival. É aqui que usamos os vários materiais para criar novas armas, armaduras, poções e tudo o que usamos nesta experiência. Tudo o que criamos consome materiais, e os materiais são bastante extensos. Temos máquinas que ajudam a transformar materiais, como fornalhas para derreter ores em barras, um forno para secar barro e transformar madeira em carvão, entre outros. Embora o crafting não seja algo revolucionário, a sua quantidade de materiais espalhados pelas cinco zonas e as variações que podemos criar desses materiais fazem com que exista muito material para desbravar e craftar neste jogo.
O mapa não é muito grande na fase em que se encontra. Com cinco biomas diferentes, sendo estes Bramblemead Valley, Fractured Plains, Stormtouched Highlands e os dois pântanos, Whispering e Bloodblight Swamp. Enquanto que Bramblemead Valley é uma zona verde e bonita onde começamos a nossa aventura, o Whispering Swamp perde toda a beleza, pois aqui mal conseguimos ver com o nevoeiro e os inimigos aplicam veneno para dificultar a nossa vida. As Stormtouched Highlands são uma zona montanhosa com muita vida selvagem e alguns Garous que se juntam em acampamentos erguidos entre as enormes ossadas dos dragões mortos que dominam toda a paisagem. As Fractured Plains são uma zona completamente cor de rosa, com muitos lobos e a primeira zona onde vemos os nossos inimigos Garous, nesta zona está também situada uma enorme torre, que promete trazer muita ação no decorrer desta aventura. Por último um dos lugares mais hostis, o Bloodblight Swamp. Nesta última zona, o ar é irrespirável e aplica automaticamente poison, tornando esta zona explorável apenas com recurso a poções que vão minimizando esse efeito. Repleto de ferozes inimigos estes pântanos são das zonas mais frustrantes, pois se morrermos lá, recuperar todo o nosso material vai ser uma tarefa complicada.
Ao morrer a nossa personagem volta a nascer no último sítio onde dormimos, e apenas as nossas roupas ficam connosco. Tudo o resto fica no sítio onde morremos e pode ser recuperado ao chegarmos lá. Esta mecânica pode ser frustrante após morrermos algumas vezes seguidas a tentar recuperar o nosso inventário, no entanto, é essa mesma dificuldade que nos mantém na ponta da cadeira a todos os momentos de combate. Pois sabemos que morrer vai implicar toda uma viagem para recuperar o que perdemos, felizmente para nos ajudar, temos os portais…
O sistema de viagens rápidas é o melhor que se podia pedir. Com materiais facilmente encontrados na primeira zona podemos construir portais que nos permitem viajar rapidamente para qualquer outro portal. Este sistema facilita a nossa vida a todos os níveis e é provavelmente o maior factor de qualidade de vida deste jogo. Acabei por espalhar portais um pouco por todo o mapa e a partir daí a experiência tornou-se muito mais tranquila. Tanto para farmar, como para recuperar inventário.
Embora tenha zonas completamente diferentes a nível paisagístico, o mesmo não se pode dizer relativamente aos inimigos que povoam estas zonas. A verdade é que Dragonwilds não tem a maior variedade de inimigos já visto num jogo deste género, muito pelo contrário. O que vemos aqui é alguma repetição de inimigos, com os ratos a estarem espalhados por todos os mapas, apenas com pequenas diferenças entre si, os goblins a povoarem as primeiras zonas do mapa sendo mais tarde substituídos pelos Garous. Existem vários tipos de goblin e Garous, com arqueiros, guerreiros e no caso dos Garous até Druids. Se há área onde o jogo ainda pode melhorar é nesta variedade de inimigos e até na melhoria do design de alguns deles. Não faz muito sentido estarmos a matar o mesmo modelo de rato desde a primeira até a última zona, com pequenas mudanças no seu visual, e praticamente zero diferenças nas suas mecânicas.
Espalhados pelo mapa temos também os vaults que são basicamente as dungeons deste jogo. Aqui temos inimigos diferentes do resto do mapa e é a zona perfeita para farmar runes e os materiais necessários para construir os portais. Tal como os outros inimigos, os que encontramos dentro das dungeons são praticamente os mesmos do início ao fim, ficando apenas mais fortes. Isto faz com que existam poucas surpresas durante estes vaults, e mesmo chegando ao fim da dungeons e desbloqueando o boss, a verdade é que este muitas vezes não passa de um rato gigante ou um Vault Guardian um pouco mais forte. Gostava de ver estas zonas um pouco mais trabalhadas e com bosses que oferecessem um pouco mais de desafio aos jogadores.
O sistema de progressão está dividido por personagem (três no máximo), sendo possível levarmos a nossa personagem com tudo o que lhe compete para outros mundos. Deste modo podemos também criar várias personagens se quisermos separar o progresso entre saves. Ao iniciar uma nova save podemos escolher entre jogar sozinhos, com amigos, com a comunidade, e brevemente com servidores dedicados. Além disso, temos à nossa disposição três modos de jogo: Standart, Custom e Creative. Enquanto que Creative se foca apenas em construção, o modo custom, permite, como o nome indica, customizar a nossa experiência ao detalhe. Estes modos requerem personagens criadas especificamente para esse modo, não podendo assim levar uma personagem de um mundo custom ou criativo para um mundo com as settings em standard.
Por último, temos de falar um pouco sobre os gráficos, sendo este ponto o menos importante na minha opinião para um jogo destes. Dragonwilds é um jogo muito bonito, com uma arte colorida e zonas que nos deixam sempre com aquele sorriso na cara de felicidade. Na minha opinião não se pode pedir mais do grafismo, sendo um jogo hoje bem optimizado, bonito e que apenas pode melhorar no movimento da vegetação, que confesso ficar um pouco aquém do resto do jogo.
Recentemente Dragonwilds recebeu suporte para PT-BR, o que pode ser um incentivo para alguns jogadores entrarem neste universo.
Depois de já ter jogado centenas e centenas de horas em variadíssimos survivals posso afirmar que este estilo de jogo é sem dúvida um dos estilos que mais gosto e que mais me agarram aos videojogos. Dragonwilds tira as referências certas de outros jogos do estilo e evolui no departamento das skills dando aos jogadores uma experiência sólida, bem desenvolvida e com margem para ainda melhorar muito no futuro. O early access faz-se sentir na duração do jogo, um pouco curta na minha opinião, e na variedade de inimigos, que pode melhorar bastante no futuro. Embora curta, a experiência é excelente e dá-nos momentos incríveis. Ao jogá-lo em co-op fica claro que tudo fica mais fácil e mais divertido. Gostaria de ver no futuro uma possibilidade para partilhar mundo com amigos para que qualquer um pudesse entrar independentemente do host estar ou não online.
RuneScape Dragonwilds já é um grande jogo, mas tem potencial e mecânicas para ser um dos melhores survivals de sempre. Com um mundo apelativo, bonito, e repleto de ação, a chegada de mais conteúdo no futuro será determinante para cimentar o seu papel dentro do estilo. O presente é risonho, mas o futuro pode ser lendário.