Developer: Mimimi Games
Plataforma: PC, PS5 e Xbox Series S|X
Data de Lançamento: 17 de Agosto de 2023
Tivemos acesso a uma demonstração do novo jogo da Mimimi Games, Shadow Gambit: The Cursed Crew. Não é de espantar que seja um jogo de estratégia em tempo real, visto que já produziram ícones do género como Desperados III e Shadow Tactics: Blades of Shogun.
No entanto, a ideia era fugir de um ambiente mais realista, como foi o Western ou o Japão Feudal, e dar largas à imaginação com personagens que não estão presas a qualquer lei da física ou da história, oferecendo também uma narrativa de fantasia, ambientada na idade de Ouro da Pirataria, mas criando personagem completamente originais e cuja personalidade só pode ser comparada com aquelas das do Piratas das Caraíbas.
A nossa personagem central, vai juntar-se a Red Marley, um navio fantasma com alma viva, e montar uma tripulação pirata amaldiçoada. Vamos abraçar poderes sobrenaturais para desafiar o ameaçador exército da Inquisição, que se interpõe entre a nossa querida tripulação pirata e amaldiçoada e o tesouro misterioso do lendário Capitão Mordechai.
Como seria de esperar não estamos sozinhos nesta busca pelo mítico tesouro, a vil e cruel Inquisição, isso mesmo, aquela que nos livros de história oprimia a população e queimava vivas as bruxas e feiticeiros. Como tal, é mais do que normal que ande também nos persiga, afinal de contas, somos uma tripulação de mortos-vivos com uma embarcação que tem uma alma. Por isso, vamos ter que encontrar a fórmula mágica para os deter, de uma vez por todas, e, se calhar, o tesouro do Capitão Mordechai pode ser a chave.
O Red Marley, o tal navio fantasma, foi brutalmente dizimada pelas forças da Inquisição, mas um estranho poder emanado pela alma da embarcação vai levar a nossa personagem, a tentar reanimar toda a tripulação para combaterem juntos a impiedosa Inquisição. Por conseguinte, um dos nossos primeiros actos oficiais em Shadow Gambit é recuperar alguns bucaneers – antes de partirmos para a caça ao tesouro do lendário Mordecai.
Shadow Gambit: The Cursed Crew traz uma dinâmica diferente dos anteriores jogos da Mimimi Games, pois o Red Maerley funciona como uma base a que voltamos recorrentemente para tentar aprender os segredos da embarcação e escolhermos quem reanimos primeiro, após conseguir as Black Pearl que lhes confere uma nova oportunidade. Mas para isso, é preciso recolher alguns objectos místicos e, portanto, no início teremos apenas uma personagem disponível no primeiro nível.
Afia Manicato é a primeira personagem que temos à nossa disposição. A jamaicana é a Navegadora, consegue definir os pontos de entrada de cada missão, uma das novidades do jogo, visto que podemos escolher um deles para a abordagem a cada ilha poder ser diferente. Retirando a espada do seu peito, Afia consegue teletransportar-se e executar um ataque mortífero. Para além disso também pode parar o tempo, para que consigam executar alguns movimentos mais complicados.
Toya of Iga, foi a segunda personagem que escolhi reanimar nesta demonstração e é o cozinheiro de serviço. O japonês é capaz de deixar para trás um pequeno amuleto de papel humanóide que só ele pode ver e, em seguida, teletransportar-se de volta para sua localização a qualquer distância. Se um inimigo estiver ao alcance do feitiço quando ele se teletransportar, Toya o matará com estilo. Também carrega um pequeno apito para atrair os inimigos, porque alguns truques nunca envelhecem.
Suleidy é outra das personagens disponíveis, é a médica do navio e cultiva plantas infundidas com almas para poções e remédios. Com o chamado sementes de caveira destila aspectos da sua própria alma e cultiva-os como frutas que têm vários efeitos. Já as sementes de cobertura criam um arbusto oculto no impacto com qualquer superfície do solo. Por fim, o Wander Dust contém esporos que fazem as pessoas “irem dar uma volta”.
Ao todo são oito as personagens disponíveis no jogo, cada uma com o seu estilo próprio e mecânicas específicas, que vão desde a capacidade de controlar a mente de outra pessoa, disparar uma personagem pelo ar, abrir um portal para se esconder, ou mesmo incapacitar inimigos.
O que tem de especial esta estrutura é que, a determinado ponto, podem escolher a que ponto vão primeiro, que ilhas vão explorar e que companheiros vão reviver. Dando aqui uma liberdade substancial e uma diversidade bastante assinalável. Outro dos factores é que, com cada camarada que reanimarem, vão poder treinar as suas habilidades no porão do vosso navio, com a ajuda de Estelle, um macaco também ele com poderes especiais, colocando à prova as vossas habilidades.
Outro elemento diferente das propostas da Mimimi Games é o facto de podermos aprimorar as habilidades das nossas personagens usando um recurso chamado Vigor. Isso faz com que, por vezes, voltemos aos mesmos locais para “revelar” as nossas personagens, o que pode parecer ousado num RTS, mas que, através desta demo não tive a percepção real de como funciona.
Cada mapa do jogo é uma região aberta e os jogadores podem usar uma infinidade de maneiras de abordar os seus objetivos. Embora existam várias maneiras de os jogadores entrarem numa ilha, vão ter que escapar sempre através de “Tear Into The Below”, um portal que transporta magicamente a tripulação de volta ao seu navio, o Red Marley. Como é habitual nestes jogos, os inimigos ficam em alerta com ruídos altos e pegadas, para além de termos que evitar os, já clássicos, cones de visão. Também habitual, é a visão estratégica de coordenação das várias personagens e das suas acções, aqui denominada de Shadow Mode. Basicamente conseguimos colocar em pausa o jogo e emitir comandos para as várias personagens e executá-los de uma vez. Vamos ainda poder usar os elementos de ambiente a nosso favor, como empurrar uma pedra gigante para esmagar um grupo de inimigos, ou algo do género. Para além disso temos também o tradicional save rápido e a possibilidade de voltarmos ao save anterior, aqui, é claro, com uma dose de magia e de voltar atrás no tempo.
Graficamente, até pelo ar um pouco mais cartoonesco das personagens, até nas suas interações e diálogos com as imagens a surgir de cada uma delas de cada um dos lados da tela, temos um ambiente mais leve, menos fotorealista, mas muito mais mágico. As cores vivas, os efeitos mágicos, as animações das personagens e dos seus poderes sobre naturais estão incríveis, e a estilização de cada uma delas é realmente única, e isso por si só é muito bom. O level design é complexo, com múltiplos caminhos e abordagens, com elementos de verticalidade e uma profundidade acima da média em RTS’s.
Por tudo isto, Shadow Gambit: The Crused Crew já estava debaixo de olho e agora ainda muito mais. É competente em todos os campos de um RTS, com a Mimimi Games a mostrar porque é que é exímia no estilo, atirando-se para fora de pé, com um mundo de fantasia muito particular, fugindo das limitações do realismo. Tem tudo para ser um dos meus jogos favoritos deste ano.