Developer: Iron Gate Studio
Plataforma: PC
Data de Lançamento: Early Access (2 de Fevereiro de 2021)

Nem mesmo a equipa de desenvolvimento da Iron Gate Studio estaria à espera do enorme sucesso que Valheim conquistou mal foi colocado em Early Access no Steam. Um fenómeno de popularidade que, além dos 3 milhões de cópias vendidas logo nas duas primeiras semanas, conseguiu, igualmente, atingir o pódio dos três jogos mais jogados da plataforma da Valve, com mais de 500 mil jogadores simultaneamente.

É um bom exemplo do apetite dos jogadores do PC por títulos sandbox survival games, e apesar de Valheim de não criar nada verdadeiramente de novo, consegue juntar com mestria vários dos elementos que funcionaram noutros jogos semelhantes.

Como é habitual no género, a narrativa é secundária e serve apenas como nos fornecer algum contexto sobre as condições da nossa existência. Inspira-se na mitologia nórdica e conta a história de como Odin criou o reino de Valheim para enviar todos os seus inimigos. Um reino clandestino com o propósito de enclausurar quem ousava desafiar o mais poderoso dos Deuses.

Eventualmente – como em qualquer história que envolva Deuses –, uma rebelião dos prisioneiros rompeu em Valheim, e obriga Odin a medidas ainda mais drásticas, recrutando guerreiros que acabaram de morrer, e que para poderem ascender a Valhala terão de lutar em nome Odin contra os rebeldes de Valheim.

À imagem de outros jogos dentro do mesmo estilo, ficamos entregues ao nosso destino logo de início. No entanto, tudo o que precisamos está em Valheim, e nem somos obrigados a enfrentar tudo sozinhos, já que é possível jogar em grupo até 10 jogadores ao mesmo tempo.

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Tem todos os elementos clássicos de um survival, o que significa que temos de dedicar uma boa parte do tempo ao básico, como descansar, comer e procurar abrigo para nos podermos proteger do frio. E convém mesmo não negligenciar o aspecto da sobrevivência, porque a morte pode sair cara, dado que além de o equipamento ficar no local onde morremos, sofremos uma significativa penalidade de XP.

Mas são mesmo os sistemas de crafting e de construção que se tornam a espinha dorsal de Valheim. É possível criar de tudo um pouco, desde armas a ferramentas, sendo estas últimas indispensáveis para construir os edifícios. Sendo que, neste caso, é importante ter tudo em conta quando idealizamos um novo projecto, tal como a estrutura geral das paredes e, especialmente, as fundações do edifício.

É abordagem alternativa às construções a que estamos habituados em jogos idênticos, e que consumirá um pouco mais do nosso tempo. Não obstante, certamente fará as delícias de quem adora dedicar-se à construção de edifícios, já que tem aqui todas as condições para dar largas à imaginação e à criatividade.

A exploração é outra das grandes virtudes do jogo da Iron Gate Studio. Com um mapa gigantesco e gerido proceduralmente, muito há para descobrir neste reino da mitologia nórdica, como itens, recursos, dungeons, e os mais variados tipos de criaturas.

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O combate é surpreendentemente bom, se considerarmos que normalmente não é uma prioridade no género. E melhor fica quando juntamos um grupo para enfrentar os bosses que esperam por nós. Contudo, há alguma tremideira na imagem – para criar alguma tensão durante o combate, imagino eu –, que era completamente dispensável e acaba por aborrecer ao final de algum tempo.

Ainda assim, o combate é satisfatório no geral. Temos uma mecânica de stamina que é usado quando atacamos, bloqueamos, ou utilizamos o dodge e que oferecem uma sensação de estratégia quando enfrentamos um inimigo.

O sistema de progressão depende do uso que damos, seja nos movimentos básicos, como correr e saltar, ou nas armas. Quanto mais utilizarmos uma arma, mais esta irá evoluir, levando a que possamos acelerar o processo do que mais nos interessa. Temos machados, lanças, arco-e-flecha, facas, entre outras coisas, e provavelmente mais armas serão adicionadas futuramente.

Nesse sentido, convém experimentar o máximo de armas, de maneira a percebermos com que tipo de jogabilidade nos sentimos mais confortáveis, para depois investirmos naquilo que mais é apelativo para nós.

Um dos problemas no começo, é de que a única forma de nos deslocarmos é correndo. Não existem veículos ou animais para montar, e é a única forma de transporte até desbloquearmos os portais. A boa notícia é que estes portais poderão ser depois construídos onde desejarmos, e irão poupar imenso tempo entre viagens.

Sim, há uma boa necessidade de grinding. Mas olhando para o jogo em questão, acho que quem se interessar não podia esperar outra coisa. Sendo uma sandbox que envolve construção, recursos são necessários para tudo o que pretendemos criar, e grande parte da jogabilidade será a explorar, e apanhar materiais e itens, cuja lista é enorme.

Do ponto de vista gráfico tem a capacidade de impressionar através das paisagens e pelo próprio ambiente de fantasia, que apesar de discreto, está sempre no ar. Embora os modelos dos jogadores pudessem estar bem melhores, por outro lado, os bosses estão excelentes para um jogo indie, e tornam os confrontos ainda mais espetaculares.

Quanto à banda sonora, está bastante razoável, ao estilo de uma aventura épica, que nos inspira a explorar e a descobrir. É o tipo de música em que nos esquecemos que está lá, mas sentimos falta quando não nos acompanha nas tarefas. Dito isto, cumpre com o que é suposto: acompanhar o jogador sorrateiramente, enquanto este se deixa absorver pelo jogo.

Valheim convence pelas suas possibilidades. Quando nos entregamos, o tempo passa a correr e fica difícil abandoná-lo. Ainda tem vários bugs a corrigir, mas está agora a dar os primeiros passos, e muitas serão as correcções e mudanças até ser lançado definitivamente. Todavia, o potencial é enorme, e promete apaixonar os fãs do género nos próximos tempos.