Muitas vezes não olhamos para as questões do “cheating” porque o que queremos mesmo é jogar e desfrutar do jogo tal e qual como foi feito, mas num mundo cada vez mais competitivo, que envolve torneios, prize-pool’s, clubes de eSports, entre outros, surgiu uma necessidade massiva de controlar quem tente “dar a volta” ao jogo.
O mais provável foi terem notado essa crescente presença de mecanismos e plataformas em jogos de First Person Shooter (FPS), como o Call of Duty ou o Overwatch, passando pelos Mass Multiplayer Online (MMO) ou os chamados Free to Play (F2P), talvez os mais complicados de controlar.
Se olharmos para apenas o F2P vemos que a preocupação é muito maior devido à falta de consequência “reais” que o jogador pode ter. Não existe qualquer barreira na sua entrada para o jogo, a sua conta ser cancelada ou banida, pode se extenuante à primeira vista, mas a verdade é que o jogador pode voltar a usar a sua “manha” com outra conta.
Os jogos que associam contas a serviços, imaginemos uma conta da PlayStation ou da Xbox, poderá levar a um jogador ter uma maior consequência. Por exemplo, por fazer cheat num determinado jogo, ser banido da conta da sua consola, perdendo todos os seus títulos comprados e tudo aquilo que atingiu, isso sim já é uma consequência com um enorme peso.
A verdade é que continua a existir variadas formas de fraude:
- Fraude de Conta: com os chamados boostings, smurfing ou roubo de identidade
- Fraude de Performance: com os chamados aimbots, scritps/macros, wall-hacks, speed hacks, etc
- Fraude de Farming: com os chamados bots ou o data tempering nos ficheiros de jogo
Este tipo de fraudes tem um enorme impacto do eco-sistema de um jogo, seja na componente mais óbvia, que é o jogo ser justo, que o emparelhamento de adversários seja equilibrado e que a comunidade sinta prazer em jogar e em se dedicar ao jogo.
Mais um vez se extrapolarmos estas questões para os eSports onde temos patrocinadores envolvidos nas competições e nas equipas envolvidas nos torneios estamos a subverter resultados, estamos a condicionar todo um sistema económico que gera cada vez mais milhares de euros.
Mas tal como existem empresas, serviços, programas para tentar corrigir estes erros e encontrar os batoteiros e tomar acções, também existe, cada vez mais, uma economia paralela de “serviços” para conseguir cheats para os jogos. Por exemplo há quem pague 60 euros por mês para ter o melhor cheat para o COD Warzone, um jogo F2P. É um mercado, infelizmente, em claro crescimento e nocivo para a indústria de videojogos.
No entanto há algumas soluções para tentar travar esta escalada.
Pode ser visto por uma componente anti-viral, se quiserem, onde existe uma análise profunda dos ficheiros do jogo e sempre que é detetado um hack ou cheat é considerada um vírus e resolvido como tal. Pode ser bastante eficiente mas também é um ciclo vicioso sem fim, muitas vezes, visto que é corrigido, o hacker ou cheater desenvolve algo melhor, é “tratado” e o ciclo pode continuar vezes e vezes sem fim.
Pode ser feita uma análise da data e do gameplay onde a análise da jogabilidade e os seus resultados são verificados pelos developers do jogo para encontrar falhas e corrigi-las, mas também tem um custo excessivo, visto que há jogos com uma massa crítica de dados tão grande que é quase impossível controlar e dominar toda a informação que circula.
E por fim o trabalho das comunidades que detetam e reportam os jogadores fraudulentos, que pode ser caótico em muitos níveis, especialmente no apuramento da verdade dos factos, mas que é um report muito mais visual e factual e talvez o lugar para onde se deva olhar com mais pormenor para encontrar uma solução.
Como vêm há uma espécie de 3 camadas para tentar combater este mal, a proteção do jogo, através de soluções de engenharia, controlo das medidas de segurança da rede, a deteção destes jogadores, destes hackers e cheaters e por fim, um conjunto de soluções legais e de regulamentação que passem por banir os jogadores e até sanções ou coimas se necessário.
É neste sentido que surge a Anybrain, empresa fundada em 2015 com a missão de melhorar a experiência do jogador através de uma tecnologia patenteada que analisa o comportamento do jogador. Depois de 8 anos de pesquisa e desenvolvimento, a Anybrain está a começar a oferecer os seus serviços a estúdios de videojogos e a organizações de eSports com escritórios sedeados no nosso país, em Braga e em Paris na França.
Uma das companhias que trabalha com a Anybrain é a G-Loot, plataforma que permite aos jogadores jogarem entre si, com os seus amigos ou perfeitos desconhecidos, no formato que quiserem, adicionando novas formas de competição para jogos já existentes que passa por missões simples para jogar sozinho ou torneios à escala mundial.
A G-Loot foi a primeira a confiar no trabalho da Anybrain e com resultados impressionantes, olhando para a experiência com o Valorant.
Num universo de 28 583 jogadores, em regiões específicas e durante o período de 1 de setembro a 16 de dezembro foram registadas.
- 2 426 fraudes reportadas pela plataforma e por reports manuais
- 723 utilizadores únicos a cometer essas mesmas fraudes
- 386 utilizadores banidos dos quais 336 pela plataforma e 50 por reports manuais.
- 53% dos jogadores assinalados pela Anybrain foram automaticamente banidos pela G-Loot sem qualquer tipo de queixa.
- 100% de taxa de sucesso a identificar bots e bans (37 utilizadores), isto já por cima do Vanguard (o programa de anti-cheat da Riot para o Valorant)
Não é por isso de espantar que esta parceria se tenha rapidamente expandido para outros jogos como é o caso de Apex Legends, CSGO, Rocket League, e League of Legends, sendo que o Dota2 e o PUBG também estão no horizonte.
E isso acontece devido à forma como a plataforma Anybrain funciona. Como podemos ver no gráfico acima, através do uso da inteligência artificial, a Anybrain consegue identificar o perfil de cada um dos jogadores que joga o jogo. Com isso, com essa aprendizagem e reconhecimento os resultados da plataforma são francamente bons, não só a encontrar bots mas também a detetar smurfing e boosting.
Não sei se poderemos dizer ainda que os criminosos têm os seus dias contados, mas que estamos mais perto disso, estamos.