Nos dias de hoje, quem está minimamente envolvido no panorama do gaming, é quase impossível não conhecer a franquia Assassin’s Creed. Iniciada em 2007, foram dezasseis anos que nos trouxeram 12 jogos – com mais alguns a caminho –, tornando-se uma das séries mais importantes da indústria das últimas duas décadas.
Passou a ser uma das minhas sagas preferidas, já que proporciona uma mistura única onde a ficção nos permite viver períodos históricos de enorme importância, assim como conhecer as figuras que estiveram no seu centro. E tudo isso, explorando um enredo de conspirações que dura há centenas de anos e coloca uma organização secreta de assassinos contra a Ordem dos Templários – sendo o verdadeiro sal da narrativa.
Tendo jogado todos recentemente, decidi deixar aqui a minha lista considerando a ordem do pior ao melhor jogo. Não considerei DLC’s ou expansões stand-alone, nem mesmo os Assassin’s Creed Chronicles, restringindo as minhas escolhas apenas aos principais títulos.
- – Assassin’s Creed: Rogue
Não é surpresa para muitos que partilham da mesma opinião de que Assassin’s Creed Rogue foi aquele que mais ficou aquém do que prometia. A história tinha potencial, especialmente porque nos deixou experimentar o lado dos Templars, mas a sua curta duração deixou a sensação de que a narrativa foi demasiado apressada, parecendo mais uma expansão do que um jogo completo.
Em termos de jogabilidade, tentou ser uma ponte entre o Assassin’s Creed 3 e o Assassin’s Creed 4: Black Flag, no entanto, falhou em trazer algo que pudesse ser considerado seu, e desiludiu imenso nesse ponto. Vale-lhe, porém, alguns momentos inesquecíveis, como a fuga durante o Terramoto de 1755 em Lisboa, que está realmente incrível.
- – Assassin’s Creed
Foi o jogo que deu início à longa franquia, e um título que estava bem à frente do seu tempo, contudo, pareceu mais um ensaio e uma demonstração do que seria possível fazer com aquele motor de jogo. Leva-nos até regiões como Jerusalém, nos tempos da Grande Cruzada, onde através de Desmond Miles iremos jogar as memórias do assassino Altair Ibn-La’Ahad na sua busca pela redenção.
Também tem uma história curta em comparação com os outros jogos, e abusa da repetição para compensar o que tem em falta. O processo é praticamente igual em todas as missões, o que pode causar algum desinteresse. Ainda assim, a jogabilidade está bastante boa para um jogo com 16 anos, e serviu como ponto de partida para que a Ubisoft pudesse ter uma ideia do que resultou e do que podia ser melhorado no segundo jogo.
- – Assassin’s Creed: Revelations
É o último capítulo da trilogia de Ezio Auditore, onde o lendário assassino terá de viajar até à Constantinopla para encerrar a sua história. O império Otomano está numa guerra civil de sucessão entre dois irmãos com ambições relativamente ao trono, e Ezio terá de impedir um aproveitamento da situação por parte dos templários, enquanto procura pelas cinco chaves para abrir a biblioteca de Altair.
Se a história é estimulante, a jogabilidade desilude um pouco, dando claros sinais de que estava a cair em saturação. A insistência em mecânicas que não resultaram tão bem não ajudou, salvam-se, no entanto, algumas boas ideias que merecem ser mencionadas, como os random events, o novo sistema de recrutamento e o hookblade.
- – Assassin’s Creed: Brotherhood
É a sequela de Assassin’s Creed 2 e continua a história de Ezio Auditore da Firenze, agora mais maduro, e uma figura importante dentro da Assassin’s Brotherhood. É o último trecho na missão de acabar com a tirania da família Borgia, enquanto tenta reconstruir a organização da qual faz parte.
A dinâmica do gameplay está bastante similar ao jogo anterior, com algumas adições ao combate que nos concedem mais opções. E apesar de, aqui e ali, ter ficado uma certa sensação de ter faltado alguma inovação, trouxe, ainda assim, o maior e mais complexo Renovation System que tínhamos visto até à data – criando o esquema para algo que se tornaria fundamental em toda a série.
- – Assassin’s Creed: Unity
O desastre do lançamento de Assassin’s Creed: Unity é bem conhecido, mas olhando para tudo aquilo que oferece, foi claramente um jogo injustiçado. Passado na época da icónica Revolução Francesa, relata a história de Arno Dorian e a sua entrada na Assassin Brotherhood com a motivação de descobrir o que esteve por trás do assassinato do seu pai adoptivo.
Foi uma altura em que a Ubisoft ainda estava a tentar perceber como podia incluir a componente multiplayer em jogos que até ali eram apenas de formato singleplayer. Juntem-lhe bugs e problemas de performance e podem concluir que não correu bem. Em todo o caso, após vários updates, o que ficou foi o melhor sistema de parkour e algumas das mais bem desenhadas missões de stealth, tornando-se um jogo de culto para o franchise.
- – Assassin’s Creed: Valhalla
Foi o último título da série a ser lançado, e apresenta-nos à cultura viking através de Eivor Varinsdottir. Ainda que o enredo comece na Escandinávia, a grande ambição de Eivor é estabelecer o seu clã em terras inglesas durante o século IX. Esse desejo não vai ser atingido apenas à base da força, e é por isso que ao longo da história vamos ter de criar alianças com outros clãs e condados saxões.
É um bom titulo no geral, mas podia ter sido um dos melhores, não fosse a recente obsessão da Ubisoft em tornar os seus jogos quase intermináveis. E não teria qualquer problema se a sua duração se relacionasse somente com tarefas e missões secundárias, mas infelizmente não é o caso, já que prolonga tanto a história que tem de repetir os mesmos eventos vezes sem conta, retirando-lhe a magia inicial.
- – Assassin’s Creed: Syndicate
É o título que nos remete para a Revolução Industrial, no final do século XIX, e conta a história dos irmãos gémeos Jacob e Evie Frye que tentam restituir o poder ao povo de Londres, enquanto procuram por um misterioso artefacto. Embora não tenha uma das histórias mais interessantes da série, tem o seu charme graças às personalidades distintas dos dois protagonistas e à complicada relação entre irmão e irmã.
Foi o rebound após o problemático Assassin’s Creed: Unity e mais um sinal do esgotamento da fórmula, confirmando que a franquia estava claramente a precisar de reformas. Por isso mesmo, foi o jogo mais experimental da saga. Tem diversas mecânicas inéditas que fazem dele um jogo muito particular, e que vai conquistando o jogador à medida que se vai aproximando do final. Inclui, possivelmente, as melhores missões de assassinato.
- – Assassin’s Creed 2
É impossível dissociar o nome Ezio Auditore de Assassin’s Creed. É a sua personagem mais marcante, e este não foi só o título que iniciou a sua trilogia, mas também aquele que realmente lançou a série. Novamente, é uma história de vingança, que inicia um jovem Ezio na Assassin Brotherhood durante o período do Renascimento em Itália.
Foi o jogo que mostrou o verdadeiro potencial de um mundo aberto, tornando-se a principal referência para muitos títulos que foram lançados posteriormente. Pegou nas ideias do seu antecessor que funcionaram melhor, refinou-as, e adicionou-lhe algumas novidades que resultaram muitíssimo bem. Um dos grandes jogos da sua geração.
- – Assassin’s Creed 3
De todos, é provavelmente o que tem a narrativa estruturada da forma mais interessante. Começando com o templário Haytham Kenway nas primeiras sequências, e passando depois para aquela que é a minha personagem preferida de toda a saga – o assassino Connor Kenway – iremos visitar a época da revolução americana, em que assumiremos o papel de um índio da tribo Mohawk.
Tem diversas Memory Sequences extraordinárias, com o jogador a querer constantemente descobrir o que virá a seguir. O combate é para mim o mais polido de todos neste sistema mais clássico, onde conseguimos enfrentar vários inimigos com estilo e animações espetaculares. Foi aqui que tivemos igualmente as primeiras missões navais, sendo depois o que destacou para sempre a Kenway Line.
- – Assassin’s Creed: Odyssey
Cronologicamente aquele que vai mais longe no tempo, Assassin’s Creed: Odyssey apresenta-nos à Grécia antiga. Continuou o caminho de transformação iniciado em Origins, e até vai mais além, acrescentando alguns elementos de fantasia. Por essa razão, dividiu algumas opiniões, mas não deixa de ser um belíssimo jogo.
Em Odyssey teremos de optar por um protagonista masculino (Alexios) ou feminino (Kassandra), que partirá em busca de desvendar a relação trágica entre as suas raízes e um misterioso culto. Apesar de ter o sistema de combate mais singular de toda a saga, foi aquele do qual mais gostei. Além de incluir algumas das missões secundárias mais cómicas.
- – Assassin’s Creed 4: Black Flag
Fez quase tudo bem. Não só é um dos melhores da franquia, como também da geração anterior de consolas. A história é excelente e conta com Edward Kenway – um dos protagonistas mais impactantes. O setting das caraíbas e da era dourada dos piratas é uma das mais empolgantes, oferecendo um ritmo perfeito a toda a narrativa.
Acertou em quase todos os aspectos da jogabilidade. E embora a escalada tenha sido deixada para segundo plano, as fugas e as perseguições são sempre excitantes, assim como os momentos de stealth, que são complementados por um fantástico combate. Todavia, como é bem conhecido, o seu ponto alto está nas batalhas navais, dando toda a liberdade ao jogador para se aventurar pelos mares como bem entender.
- – Assassin’s Creed: Origins
Foi o jogo da saga que me conquistou e levou a querer experimentar todos os outros. Foi também aquele que marcou o momento de mudança para uma execução mais próxima do RPG, chegando a novos públicos por esse mesmo motivo. Em Origins seremos transportados até ao antigo Egipto, com cenários místicos de tirar o folego, e iremos conhecer a história de Bayek e o início da Assassin Brotherhood.
Trouxe a primeira skill tree em moldes mais modernos e um sistema diferente de habilidades, transformando a forma de jogar por completo. Mas foram todas mudanças felizes, e que dotaram Assassin’s Creed: Origins com um dos melhores e mais equilibrados gameplays de toda a série. Foi na altura uma decisão ousada e arriscada por parte da Ubisoft, mas uma que acertou em cheio.