Beyond: Two Souls chega à PS4 com o sentimento que deveria já ter sido um jogo PS4, isto porque foi das obras mais bem exploradas para a consola da antiga geração. Talvez por isso não se irá notar um remake do jogo, mas sim um update gráfico com  uma resolução 1080p a 30fps de origem, com uma renderização de 1920×817, tornando a experiência mais cinemática, em vez dos originais 720p da PS3. 

Mas as diferenças ficam-se por aí, pois apesar de trazer de origem o DLC, Advanced Experiments, apenas será introduzido um novo modo de jogo, onde podemos jogar toda a história por ordem cronológica, algo que poderá até ter algum interesse para quem já o jogou, mas para aqueles que querem ter a experiência original e que tantas vezes foi focada por David Cage, não será a melhor opção.

Aliás, um dos desafios a que a equipa da Quantic Dream se propôs foi a alterar o espaço-tempo de forma a que não existisse uma cronologia de eventos lógica, mas que o jogador saltasse no tempo para a frente e para trás, tirando-lhe muito do contexto e desafiando-o sempre a decidir e agir sem esse background, dando-lhe apenas a ligação com a personagem central, Jodie. Sendo assim vamos acompanhar a personagem interpretada por Ellen Page durante 15 anos da sua vida, passando pela sua infância, juventude, adolescência e idade adulta, com o lado bom e mau de ser-se “especial” e carregar uma identidade consigo mesma (Aiden). O aspecto social de ser considerada uma freak por ser diferente, a ambição de ter uma vida normal, da entidade não fazer parte da sua vida, mas por outro lado ser o seu melhor amigo, a pessoa que nunca a abandonará. Desafio que também já nos tinha sido relatado por Guillaume de Fondamiére, outro dos directores executivos da Quantic Dream, como podem recordar nesta reportagem.

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Quanto à jogabilidade, se por um lado existe uma lógica muito bem construída do movimento de Jodie corresponder aos botões e movimentos que temos que executar no comando, por outro sentimos sempre que existem limitações nas escolhas que tomamos, o ir por um caminho errado faz Jodie voltar para trás, aparecem objectos ou estruturas a obrigar-nos a ir por determinado caminho.

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Já com Aiden isso não acontece da mesma forma, se nos afastarmos demasiado de Jodie sim, mas a nível de transpor paredes e estruturas a liberdade é muito maior, aliás como seria de esperar, tal como os controlos que dão a sensação de pairarmos no ar.

As sequências de luta fazem-se acompanhar de “slow motions” para nos deixar corresponder com alguma destreza, mas em ambiente stealth ou de luta directa não esperem nada parecido com Uncharted ou Call of Duty, muito longe disso, existe sim causa e efeito, falhar movimentos e acções podem ser determinantes nas sequências seguintes e até no desfecho final. Destaque ainda para o modo cooperativo, onde podemos ter a companhia de outra pessoa a jogar através de um dispositivo móvel e da sua respectiva aplicação, onde podem comandar Aiden ou Jodie.

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20 fins diferentes, várias formas de abordar os capítulos, vários desfechos para cada um deles ou sequências e no fim será o instinto e o ser humano que decide tudo.

Curioso como 200 artistas e editores, um ano a escrever, um ano a filmar, um ano de produção, 50 mil animações, 56 horas de captura de imagens e uma banda sonora conduzida por Hans Zimmer e Lorne Balfe, acaba tudo por ser decidido por aquilo que somos ou pensamos enquanto pessoas, seres sociais com vivências e experiências, tal como esta será para todos os que o jogarem.

Beyond: Two Souls não traz nada de realmente novo, mas para quem nunca o jogou e tem uma PS4 torna-se num elemento essencial a qualquer colecção.

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