Dando continuidade a uma série de sucesso, a Eidos Montréal está de volta com mais um capítulo que, uma vez mais, mistura acção com tecnologia, moral, política e muita intriga. Sejam bem vindos ao futuro com Deus Ex: Mankind Divided. Se calhar este futuro não era bem o que pensavam…

Conhecem a saga DEUS Ex? Não?! Ok, então não é um COD, não é um Battlefield, está muito mais próximo de um Metal Gear Solid do que um FPS, por isso nunca poderia ser analisado como tal, porque na verdade e apesar de ser possível tentar ser o Rambo e provavelmente morrer milhares de vezes, o mais interessante é ser stealth e usar o cérebro mais do que “smashar” botões.

Disto isto, contextualizemos Mankind Divided, estamos em 2029 e o mundo recupera daquilo que foi apelidado de “Aug Incident”, uma acção terrorista que levou a muitos dos que possuíam implantes biónicos à loucura e a matar pessoas na verdade, tudo por causa de um software ilícito que foi instalado nas suas Augmentations.
Bem, já sabemos que eram os Illuminati que estavam por detrás desse ataque, mas se as repercussões que planeavam acabaram por acontecer, aí já é outra história. E vão perceber rapidamente que as coisas se calhar estão fora de controle e das ambições dos Illuminati.

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Adam Jensen, que regressa, fazendo muito ou pouco sentido é debatível depois do final de Human Revolution, mas também ele foi afectado com software ilícito. No meio de uma espécie de apartheid mecânico, o mundo que rodeia Jensen está completamente virado do avesso, com a divisão social, opressão policial, racismo e até ghettos de Augmented. Talvez por tudo isto o jogo ao princípio parece extremamente confuso e desconexo, fazendo apenas sentido, ao lendo vários emails que vamos encontrando, sendo que é preciso ter paciência para isso, mas para quem conhece a série, já sabe com o que contar.

Adam Jensen está então numa nova organização anti-terrorista chamada Task Force 29, ao serviço da Interpol e que apoia os hackers Juggernaut, e é nesse ambiente que politicamente correcto ou não vai tentar destruir o plano dos Illuminati, na verdade controlar o caos que acabaram por lançar.

Apesar de parecer linear, já sabemos que nos DEUS Ex, nada é o que parece e por isso, existem várias ramificações por explorar, que são desbloqueadas pelos diálogos que vamos tendo com várias personagens, diálogos esses delineados pelas opções que nos são dadas e escolhidas por nós.
Esta liberdade de escolha não acontece apenas a nível de diálogos, mas também na própria acção. Como dizia no início, podemos tentar uma acção mais ofensiva, mais treslocada, recorrendo ao arsenal bélico e augs devastadoras, como a espada mecânica de braço, ou uma acção mais stealth mode, utilizando tranquilizantes e usando camuflagem digital e raios atordoantes. A escolha é vossa, mas a verdade é que Mankind Divided diz-nos, na verdade, que a ideia é ser stealth, pois as balas são muito escassas, e a Inteligência Artificial é implacável, um/dois tiros e já foste, é impiedosa, nesse ponto de vista. Eu também acho que devem deixar esta abordagem de lado, até porque as mecânicas por vezes falharam-me, no início a mira é vaga, isto é, parece uma bailarina, o que pode ser aperfeiçoado se se especializarem em certas armas; e as animações de combate por vezes faziam inimigos entrar dentro de caixotes, isto é, dentro das texturas, percebem?!

E a verdade é que o jogo se torna muito mais interessante tentando ser o mais stealth mode possível, é muito mais cerebral e compensatório a nível de XP, principalmente. E isso motiva-nos a pensar cada movimento com a devida calma, astúcia e perspicácia. Usar o sistema de cobertura, que está de regresso, analisar a área, ver os os vários pontos de entrada, as rotinas dos inimigos, é isso que me cativa em DEUS Ex, e está muito competente nesse aspecto, e honestamente senti-me recompensado por perder esse tempo a determinar a minha abordagem, e no fundo é isso que se quer num jogo.
Temos ao nosso dispor um inventário à RPG, com um número de slots para os vários artigos, sejam armas, munições ou até peças. Um inventário bastante detalhado com a possibilidade de melhorar as nossas armas em vários pormenores, assim como as nossas Augmentations, podendo evoluir os nossos poderes através de Praxis Kits, que em parte terão de ser geridas para não existir um sobreaquecimento, mas com o evoluir da história podem desbloquear isso sem ter esse tipo de restrição.

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Graficamente DEUS Ex Mankind Divided não é perfeito, na versão analisada, Xbox One S, o framerate não é tão estável quanto era exigido, apontando aos 30fps mas nem sempre os aguentando, algo que é genérico nas consolas em relação a este título, mas a Xbox One S apenas oferece uma resolução a 900p nativo, não chegando aos 1080p. O que se nota mais ainda é que para o jogo correr de forma fluída, existiram talvez algumas cedências, nomeadamente na renderização e nas texturas que por vezes parecem demasiados simples e planas. Verdade seja dita, antes da actualização que foi feita ao jogo, haviam algumas cutscenes aos soluços, algo que agora já não acontece, mas por exemplo os loadings enormes para voltarmos ao jogo, ou quando morremos, são de outra geração.

A nível de jogabilidade, perante aquilo tudo que já referimos, falta-nos falar dos comandos em si, e desde início que temos a opção de escolher vários tipos, o do anterior DEUS Ex, o aconselhado para este, ou podemos ainda configurar da nossa forma. Eu aconselho sinceramente a experimentarem primeiro antes de ficarem “colados” a um esquema, pois com a variedade de FPS que existe é normal terem que se adaptar a esta fórmula. Eu por exemplo escolhi um esquema mais perto dos botões do Destiny para que a adaptação fosse mais fácil, e posso dizer que fiquei super confortável com isso, e o jogo proporcionou-me essa satisfação e controlo.

Para além do modo principal de DEUS Ex Mankind Divided, existem episódios soltos para jogarem, mas não são partes do enredo principal, são outros que no fundo complementam a história principal. O primeiro já saiu e para quem tenha o Season Pass ou decida ir comprando os futuros DLC, terá mais missões para jogar. Para além disso existe um outro modo, o Breach, onde assumimos a pele de um hacker chamado Ripper e num ambiente de realidade virtual temos como missão invadir importantes sistemas informáticos. Tal como acontece na pelo de Adam Jensen, onde temos portas, computadores, sistemas para hackear, aqui essa resolução de puzzles será o prato principal, sendo que aqui o cenário é totalmente electrónico. É interessante, até inteligente, e eu que gosto muito da componente de puzzles até me deu especial gozo, mas é curto para ser apelidado de um modo de jogo, por vezes desconexo de tudo o resto, e talvez fosse mais aproveitado como um modo de jogo online do que offline.

DEUS Ex Mankind Divided é aquilo que os fãs da saga queriam em termos de modo de jogo, jogabilidade até, pecando apenas pela necessidade de também tentar incluir demasiado os “virgens” da série, e isso implicou que o enredo seja algo mais “simples” do que o esperado, isto é, esperava-se um passo em frente, e acaba por ser um passo em frente com as rodinhas de apoio de sempre, neste caso de Adam Jensen. O seu modo principal vai pedir umas 20 horas para ser concluído, e se forem daqueles que querem ter tudo e ver tudo, vão voltar ao jogo várias vezes e gastar muitas mais. É compensatório, é gratificante, é difícil e recomendo que coloquem a dificuldade elevada para desfrutar do jogo de forma mais cerebral, e até tem um modo novo para tentar oferecer um pouco mais de diversidade. Os DLC poderão ser um ponto a favor, dependendo da sua extensão, apenas graficamente estava honestamente à espera de um pouco mais.

2016-09-15-1

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.