Julho é aquele mês ideal para tirar férias e dar uma escapadinha. Quer estejas a planear uma aventura a solo para desconectar do mundo ou a encher a carrinha com os teus parceiros de estrada preferidos, o mais provável é que estejas à procura de uma mudança de ares.
Mas… e se não der mesmo para fugir à rotina no mundo real? Não há stress — a equipa do ID@Xbox fez uma curadoria de seis jogos indie para o mês de julho que são autênticas viagens dos sonhos, sem sair do sofá.
Há opções para quem quer passar uns dias num planeta de luxo — com o ligeiro contratempo de uma revolta de robôs à mistura. Também há “pacotes” perfeitos para quem curte construir cidades saltando de ilha em ilha, rodeado por paisagens de cortar a respiração.
Preferes algo mais intenso? Há uma aventura nas terras frias e selvagens da América do Norte, repletas de mercenários e combates à moda antiga — uma verdadeira terapia. Ou então uma viagem completamente inesperada por um portal em Nova Iorque, com três pessoas do teu círculo mais próximo, para salvar o teu pai rato adotivo. Sim, leste bem.
Se gostas de controlar tudo ao pormenor nas tuas férias, há um jogo em que és o encenador de um teatro, a decidir o destino de todos os intervenientes. E se o que te apetece mesmo é ficar por casa a curtir vibes românticas, também temos isso para ti.
Escolhe já o teu próximo “destino” entre os Indie Selects. Eis o que temos para este mês:
I Am Your Beast
O mais recente jogo da Strange Scaffold é um FPS de suspense e vingança, curto mas intenso. Basicamente, é o equivalente digital a gritares “Estou bem!” enquanto corres por uma floresta cheia de lasers e seguranças armados até aos dentes.
Assumes o papel do Agente Alphonse Harding — um tipo com um passado pesado, uma faca e uma sede de vingança. Antigo assassino de elite, vive isolado numa floresta gelada, a tentar esquecer o que fez. Até que Burkin, um velho contacto, aparece com o clássico “só mais um trabalho”. Harding recusa. Má escolha.
Burkin não leva isso a bem. Pior escolha ainda. Harding “passa-se” — palavras dele, atenção — e o que se segue é uma sequência explosiva ao estilo de banda desenhada, com muita acção, rebeldia e vingança estilizada. O jogo não te dá tréguas — atira-te para o meio da confusão com uma lâmina na mão e diz: “Desenrasca-te.”
A jogabilidade é rápida, precisa e brutal — no bom sentido. Cada fase é como um puzzle de velocidade e timing. Um dos meus momentos favoritos? Passar por baixo de um laser, apanhar um guarda de surpresa, atirar a arma dele à cara de outro, apanhá-la no ar e disparar contra um terceiro.
Se curtiste jogos como Superhot ou Ghostrunner, e gostas daquela sensação de ser uma máquina imparável com um toque dramático, I Am Your Beast pode bem ser a tua próxima obsessão. Só não te admires se começares a narrar a tua ida ao supermercado com uma voz grave.
Date Everything!
Todos nós já nos sentimos sozinhos… mas alguma vez estiveste tão sozinho que consideraste namorar a tua mesa de centro? Mais precisamente, o conceito de uma mesa? Sim, é diferente — acredita.
À primeira vista, Date Everything! parece só mais um simulador de namoro esquisito, onde todos os objectos da casa têm personalidade própria. Mas bastam uns minutos para perceber que há algo bem mais profundo (e sombrio) por trás — uma vibe meio distópica e corporativa.
Os teus contactos humanos parecem mais distantes e sem vida do que os próprios objectos com quem começas a criar laços. E sim, isso é mesmo propositado.
O teu papel é descobrir como desenvolver essas relações — até com a tua cama (sem tabus, que o jogo não tem medo de brincar com essas ideias) — e perceber o que raio se passa à tua volta.
E é isso que torna Date Everything! tão fascinante. Os personagens são ricos, o mundo está cheio de pontas soltas à espera de serem puxadas. Quando começas a ligar os pontos, surgem histórias estranhas, diálogos maravilhosos e bem escritos, tudo com um elenco de vozes de primeira.
A mecânica é simples: acordas todos os dias com uma bateria limitada para conversar com os objectos da casa, enquanto recebes mensagens suspeitas dos teus contactos humanos. A cada interação, o quebra-cabeças vai ganhando forma.
É uma montanha-russa de emoções dentro de quatro paredes, sempre com o mundo exterior à espreita. Por isso, vai lá, descobre os dramas da tua luminária influencer e o restaurante de gelados da tua geladeira. E trata-os com respeito, porque sim — os objectos também são gente.
Robots at Midnight
A história passa-se em Yob, um planeta outrora paradisíaco e agora decadente, onde a civilização ruiu depois de uma revolta robótica. A tua personagem, Zoe, é uma adolescente que acorda sozinha, ferida e sem memórias, no meio desta confusão toda. Mas não estás completamente só — o teu pai adotivo (um rato com inteligência aumentada… sim, um rato!) desapareceu, e o teu objetivo é encontrá-lo e perceber o que aconteceu.
A jogabilidade mistura exploração, combate em tempo real e resolução de puzzles. O mundo é enorme, quase como um labirinto cheio de detalhes, com biomas diferentes, cada um mais estranho e fascinante que o outro. Há criaturas bizarras, robôs gigantes, e ruínas de uma civilização que parece ter-se perdido no tempo.
O combate é técnico mas acessível, e há uma grande variedade de armas, armaduras e melhorias. Mas o que me prendeu mesmo foi a história. Aos poucos vais percebendo que há muito mais por trás daquela revolta dos robôs. Os diálogos são bem escritos, e a Zoe — embora jovem — tem uma presença marcante. É um jogo que sabe equilibrar o drama com o sentido de maravilha, sem nunca te deixar indiferente.
Se gostas de jogos como Zelda: Breath of the Wild ou Dark Souls (mas com um toque mais leve e narrativo), este é daqueles que vale a pena explorar com tempo. Vais querer perder-te nos corredores decadentes de Yob — e encontrar-te, quem sabe, pelo caminho.
Islanders: New Horizons
Às vezes o que uma pessoa precisa não é de adrenalina ou combates épicos. Às vezes só queremos respirar fundo, construir algo bonito e desligar do mundo. Islanders: New Horizons é isso mesmo — uma experiência de paz em forma de jogo.
Neste jogo de construção minimalista, o objetivo é simples: colocas edifícios numa ilha flutuante e ganhas pontos com base na forma como os posicionas. Parece básico, mas há uma beleza quase zen nesta simplicidade. A paleta de cores é suave, a música relaxante, e o ritmo é totalmente ao teu gosto. Sem stress, sem tempo, sem pressão.
Começas numa paisagem quase vazia e, edifício a edifício, vais criando pequenas vilas, portos, jardins, catedrais — tudo com um visual encantador. Quando já não tens mais espaço ou possibilidades, passas para uma nova ilha, com um novo desafio, uma nova inspiração.
É como pintar com peças de LEGO flutuantes, sempre à procura da harmonia visual. Ideal para jogar ao final do dia, enquanto ouves música ou apenas queres aquele momento de sossego.
Se gostas de jogos como Dorfromantik ou Townscaper, vais sentir-te em casa com Islanders: New Horizons. É o escape perfeito para quem precisa de desacelerar, mas ainda assim quer criar algo bonito.
Bad End Theater
Lembras-te daqueles livros “Escolhe a tua aventura”, onde quase todas as escolhas levavam a uma morte horrível? Bad End Theater é isso… mas em forma de jogo, com uma pitada de teatro trágico e uma boa dose de reflexão sobre moralidade e livre-arbítrio.
Neste jogo, vais guiar quatro personagens muito diferentes — o Herói, a Donzela, o Servo e a Senhora Demónio — através das suas histórias entrelaçadas. A parte engraçada? Independentemente do que escolhas, quase sempre acaba tudo mal. Mas não te preocupes, isso faz parte do plano.
Cada final mau desbloqueia novas opções, como se estivesses a montar um enorme quebra-cabeças narrativo. As tuas escolhas com um personagem mudam o percurso dos outros, e vais voltar atrás, testar possibilidades, ligar os pontos e, eventualmente, perceber que há uma lógica escondida por detrás de toda esta tragédia.
Visualmente, é simples mas charmoso — parece quase um conto de fadas sombrio com toques de anime — e a música encaixa perfeitamente no ambiente meio melancólico. É daquelas experiências curtas, mas cheias de camadas. Ideal para quem gosta de narrativas não lineares, finais alternativos e aquele tipo de jogo que diz: “anda lá, tenta outra vez, vais ver que há mais para descobrir.”
Se gostas de jogos que te fazem pensar e que não têm medo de te mostrar o lado negro das tuas decisões… Bad End Theater é um pequeno grande espetáculo.
Tartarugas Ninja: O Destino de Splinter
O Destino de Splinter é um roguelike de ação super energético que mistura tudo o que há de bom na franquia com combates frenéticos, humor clássico e aquele espírito de equipa que define as Tartarugas.
A história começa logo a bombar: Leonardo é emboscado por soldados do Clã do Pé, o Mestre Splinter desaparece, e surge uma ameaça misteriosa com poder para abrir portais e baralhar a realidade. É o caos, no bom sentido.
O esconderijo das Tartarugas serve como hub entre as runs, podes encontrar pizza (claro!) para recuperar vida, e desbloqueias personagens icónicos como o Casey Jones. Há referências e piadas para os fãs mais antigos, mas também é super acessível para quem está agora a descobrir o universo.
E jogar com amigos? Um vício. Até a Leo manda bocas quando escolhes habilidades inspiradas nos outros — tipo “espero que isto não venha com as piadas do Mikey”. É esse tipo de detalhe que mostra o carinho com que o jogo foi feito.
Se gostas de roguelikes com muita personalidade, bosses desafiantes e aquele tipo de jogo em que dizes “só mais uma run” até às três da manhã… estás feito. Este é o jogo das Tartarugas que esperámos durante anos.
Seja para te perderes num planeta em ruínas, namorares a tua torradeira, construíres cidades flutuantes ou apenas esperares por alguma coisa com estilo, este mês de julho no ID@Xbox tem de tudo um pouco — sem precisares de sair de casa.