É precisamente com a paragem do campeonato para os jogos das selecções que aproveitamos para nos debruçar sobre o FIFA 17. E de facto é preciso ter tempo para jogar e apreciar atentamente todas as novidades deste ano. Comecemos por dizer que este é o FIFA que mais novidades traz desde que chegou à nova geração de consolas. Um verdadeiro salto gráfico, um verdadeiro novo modo de jogo e uma jogabilidade super equilibrada. Agora será que é o 11 perfeito, equilibrado e dinâmico para ganhar sobre o seu eterno rival PES?! É a isso que também vamos responder, fundamentando as nossas opiniões e utilizando também a mesma plataforma, a Xbox One S para esta review.

Quando fomos convidados para ir até ao Santiago Barnabéu para conhecer as novidades de FIFA 17 nunca pensámos que fossem tão drásticas, o novo motor de jogo Frostbite, não torna só o jogo mais real, mais bonito, mas também mais fluído, mais dinâmico, mais simulador e ao que nos parece com uma grande margem de progressão; o The Journey vem acrescentar conteúdo ao modo single player e colocar num novo nível o modo Be a Pro (que continua presente), com a condução da vida futebolística de Alex Hunter.

Aquilo que vimos na beta, confirmou-se na versão final que tivemos acesso na Sede Ibérica da EA Sports, onde percebemos onde quis chegar o FIFA 17 este ano, o que alcançou e o que ainda pode alcançar. Comecemos pela questão do motor de jogo que falávamos ainda à pouco. O Frostbite, utilizado já em Star Wars Battlefront ou em Battlefield 1, deu uma nova cor, um novo detalhe, um novo sistema de iluminação do campo, dos estádios e dos jogadores, assim como maior realismo especialmente em condições atmosféricas adversas. Os jogadores estão mais detalhados, mas também é verdade que nem todos parece que passaram pelo mesmo motor. Todas as competições inglesas, espanholas ou até mesmo italianas estão com um grau de detalhe muito superior às restantes, isto por causa das famosas licenças, onde a maioria das equipas estão representadas, mas onde os jogadores nem por isso. No caso português, os jogadores que já passaram por outros clubes europeus estão muito bem representados, ou os nossos campeões da Europa, mas os restantes estão bastante aquém. No Benfica, terão Jonas, Eliseu, Julio César e Danilo, no Sporting, William, Adrien, Rui Patrício, João Pereira, por exemplo, e no Porto, Casillas, Adrien Lopez e Layun.

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É uma pena, mas tal como o Head of Product Marketing da EA Sports IberiaYeray Romera nos confirmou em entrevista, numa reportagem quem podem ver , a Liga NOS não é representada por apenas um organismo, mas sim pelo conjunto de clubes e infelizmente, e como tal, os direitos de imagem são trabalhados “um a um” e como tal a questão financeira e burocrática que envolve continua a complicar a representação dos clubes, dos jogadores e dos estádios portugueses.
Mas voltando à questão gráfica, aconselho vivamente a jogarem com uma câmara mais aproximada para observarem o detalhe da relva, das camisolas a ficarem sujas, dos cotovelos, das marcas na relva, do desgaste do terreno, da iluminação do estádio, do suor a correr na cara dos jogadores, mais do que um salto gráfico, é um salto equilibrado. E digo isto, porque estar apenas “bonito” não chega, porque sendo honesto, o PES 2017 este ano também melhorou a sua componente gráfica, mas no entanto a sua fluidez de movimentos, a sua resposta mais próxima à realidade, à simulação do desporto rei, faz com FIFA 17 ganhe nesse capítulo. Os jogadores não são contorcionistas apenas porque estão mais bonitos, o contacto físico está melhor, a fluidez dos movimentos do corpo também, e a velocidade do jogo está no ponto certo.

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Equilíbrio é também aquilo que encontramos na Inteligência artificial, que acho que pouca gente tem falado como um dos pontos a favor deste ano do FIFA 17. Tanto os níveis de dificuldade já não estão absurdos, isto é, ou demasiado fácil ou demasiado difícil, mas também essa IA foi expandida à forma de jogar do adversário. Agora já não acontece jogar contra o Paços de Ferreira e eles irem uma vez à baliza e num remate de 30 metros fazerem um golo e ganharam e o jogo. Mais facilmente o poderão fazer, numa jogada de contra ataque bem organizado, numa jogada rápida e simples e com uma finalização “normal”. Para além disso, a IA, nota-se que está melhorada nos modos The Journey e Be a Pro, e quando digo nota-se é mesmo nota-se!

Faz todo o sentido que assim seja, pois se na nova geração e PC, The Journey é referência deste ano, tinha que haver melhorias substanciais na IA, o que eu não tinha a certeza era se isso acontecia da mesma forma no Be a Pro, e reflecte-se. As principais diferenças e as fundamentais são a nível do passe, da pressão que a equipa faz ao portador da bola, à leitura do jogo e da nossa posição, e do entrosamento que finalmente sentimos da nossa equipa com o nosso jogador, e se já não tinha muita vontade de jogar este modo Be a Pro há um par de anos, agora a pica voltou por completo.

Já que falámos aqui de movimentação e IA, temos que aprofundar a questão dos restantes aspectos da jogabilidade, para quem joga ainda em Defesa Legacy na maior parte do tempo, não vai notar grandes diferenças a defender, a não ser aspecto nos confrontos físicos pela disputa de bola que agora são muito mais intensos e difíceis, e que ganhar bolas aéreas já não é a mesma coisa, devido à possibilidade do adversário proteger a bola, mas quando atacamos, aí é que as maiores diferenças se notam, e para melhor.

Precisamente por esta questão da IA, os jogadores todos procuram a melhor forma de desmarcação e não em ângulos de 90º, mas sim tentam contornar os adversários, o que aliado ao novo passe de desmarcação avançado, pressionando o mesmo botão para executar os remates com efeito, fazem com que a desmarcação seja para o espaço vazio e nas costas dos adversários.

Também os remates sofreram um upgrade, agora podemos pressionando duas vezes o botão de remate, executar um remate rasteiro ou cabecear de cima para baixo. Até os centros podem ser executados de primeira pressionado o LB, de forma em que situações mais apertadas a bola vá mais em balão para o centro da área.  Para além disto a introdução da nova forma de segurar a bola, impedindo que os defesas consigam nos roubar a bola, pressionando o LT, faz com que os médios consigam segurar a bola de costas para a baliza, tal como os nossos ponta de lança, criando nova oportunidades de chegada à área, assim como driblar e surpreender os nossos adversários com novos movimentos. Não é fácil de dominar, mas conseguindo o fazer, vão perceber que faz toda a diferença, isso e com a mesma execução, vão conseguir parar bolas no peito, ou saltar a bolas aéreas e tentar colocar a bola no chão, em vez de ter que impreterivelmente as cabecear para um companheiro.

De destacar ainda que as bolas paradas foram todas elas redefinidas, com os livres a permitem um posicionamento do jogador perante o esférico, usando o analógico direito, dando a oportunidade de podermos tentar fazer o conhecido Tomahawk de Ronaldo, ou rematar de trivela como o Quaresma. Os livres indirectos e os cantos também foram redesenhados, agora tendo uma espécie de mira onde podemos definir onde a bola vai cair, e se bloquearmos o jogador que queremos que cabeceie, podemos movimentar esse mesmo jogador para tentar enganar os adversários e depois apenas carregar no botão de centrar para que ele faça centro para esse local de forma automática. Já os penaltis foram os que mais foram transformados, agora escolhemos a posição do nosso jogador com o analógico direito e com o esquerdo corremos para a bola e a direcção do remate. Não é fácil ao início e vão fazer corridas parvas com o vosso jogador, mas depois de atinarem é talvez a marcação de penaltis mais divertida dos últimos tempos.

Apesar de o já termos referido em alguns pontos, temos que destacar o The Journey, neste novo modo de jogo vão acompanhar a caminhada de Alex Hunter um jovem que tenta chegar ao estrelato. Numa espécie de RPG futebolístico vão comandar as decisões do jovem jogador desde a final regional tendo que marcar um penálti com cerca de 10 anos de idade até ter que lidar com a pressão de tentar ser o melhor do mundo. Este modo desenvolve-se através de cutscenes que acompanham o dia a dia de Hunter, a escolher o que dizer aos seus companheiros, aos jornalistas, ao treinador, etc, a ter que treinar e conquistar um lugar na equipa, ou a ter que levar com a dura realidade que foi emprestado a outro clube para amadurecer.

No início acabamos por chegar e poder escolher qualquer clube da Premier League, mas a dificuldade difere do clube que escolhemos, se por exemplo escolhermos o Manchester United, é muito provável que Mourinho ache que precisemos de rodar num outro clube da Liga Inglesa para ganharmos experiência, mas se por outro lado formos para um clube com expectativas mais baixas, como o Southampton é possível que possamos tentar ganhar um lugar na equipa principal.

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Ao logo do jogo nem sempre jogamos de início, muitas vezes entramos a meio de uma partida e temos objectivos para cumprir. Se efectvamente o conseguirmos podemos tentar ascender a ser titular, mas se pelo contrário não conseguirmos vamos passar mais vezes no banco. As variáveis são imensas, e acompanhadas por vários pormenores interessantes, como conquistar patrocínios, ganhar fãs no Twitter, e lidar com a situação do nosso grande amigo Walker tentar nos roubar o lugar na equipa. Há drama, há novela, e há muitos motivos de interesse, e uma longevidade bastante grande para agarrar qualquer jogador de FIFA e ainda mais para aqueles que sempre sonharam ser um jogador de futebol e vêem neste modo uma maneira de recriar esse momento.
Tudo isto alimentado pelo Frostbite que torna tudo isto possível, interessante e com um nível de recriação de ambientes, como estádios, balneários, treinos, imediações etc com um nível muito detalhado.

Temos que é claro falar dos outros modos de jogo, continuamos com a possibilidade de apoiar a nossa equipa dando pontos jogando as jornadas recriadas todas as semanas, com as estatísticas actualizadas da nossa equipa, os já conhecidos torneios de todas as ligas representadas, assim como os personalizados, ainda os modos de carreira, que já mencionámos com o Be a Pro, mas que também no Modo Treinador levaram um upgrade, com os menús mais dinâmicos, e com uma diferença grande no detalhe dos objectivos que temos que cumprir. Neste caso, passamos a ter objectivos não só desportivos, mas também de marketing e de formação. A rede de transferências e de olheiros continua presente, com as movimentações de mercado a agitar os menús em cada passo que damos no calendário e com os fechos de mercado a serem cada vez mais um momento empolgante.

No online continuamos a poder disputar os amigáveis online e a tentar ganhar o maior número de taças, podemos jogar de forma cooperativa, tanto em formato equipas como em Be a Pro, nas já famosas Seasons tentando subir de divisão em divisão.

Destaque ainda para o FIFA Ultimate Team, o modo que mais tem rentabilizado a série FIFA, desta vez com duas novidades, a primeira prende-se com os Desafios semanais que vamos tendo acesso para no final de cada semana acedermos a um Torneio especial para ganhar algumas recompensas, Desafios esses que se prendem com a construção da equipa, por exemplo apenas com jogadores “bronze” ou outros que tais. A outra novidade é o FUT Champions, que à semelhança do FIFA Interactive World Cup, consiste em jogos online e torneios específicos para aceder às finais regionais para depois entrar nos Campeonatos Mundiais e depois no grande evento que decorre ao vivo com os 32 melhores do Mundo. Como podem ver é o passo que o FUT estava a preparar em anos anteriores para chegar ao mundo dos eSports. Talvez por isso mesmo o FUT está muito mais detalhado, com as transferências a ganharem uma nova dinâmica e cada vez mais ter mais FIFA points ou coins não quer dizer que têm a melhor equipa ou que jogam melhor, vão mesmo de ter de suar. Para treinarem têm sempre os modos offline, e é claro, como já perceberam os torneios online que ganham agora uma nova dimensão devido às recompensas mas também ao acesso aos torneios que referimos anteriormente.

Este foi o ano em que a série FIFA mais evolui e em todos os sentidos, jogabilidade, gráficos, novo modo de jogo, um campeonato de FUT próprio, a preparação para os eSports, e fê-lo de uma forma notável para quem alterou o seu core, o seu motor de jogo como aconteceu este ano. Nem tudo é perfeito, e se fosse não teria interesse nenhum, alguns bugs de contacto físicos ainda permanecem e outros surgiram, pequenos glitchs em algum caso, e a nossa tristeza particular e de ainda não ver as caras dos nossos jogadores recriadas da mesma maneira que outras equipas, mas no entanto sabemos que estamos perante o melhor FIFA que já jogámos até hoje, e que finalmente demonstra que está na nova geração e que ainda tem cartas para dar. Pode ser o início de uma brilhante caminhada!

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.