A Xbox bombardeou-nos com uma porrada de títulos da Rare e nós dissemos: Oh Yeahhhh!!! Partilhamos a mesma paixão que Phil Spencer, CEO da Microsoft, pelo trabalho da Rare, e agora que estão a trabalhar em Sea of Thieves, que melhor altura para lançar uma colecção com 30 títulos desta developer.
Bem é claro que não vamos analisar um a um profundamente, até por que já foi tempo disso, mas porque a colecção completa representa muito mais do que isso mesmo, representa por exemplo um soco no estômago na Nintendo por ter nesta colecção 7 títulos anteriormente exclusivos da Nintendo 64, e onde a Nintendo apenas conseguiu garantir 6 nas suas consolas mais recentes através da Virtual Console, perde assim a Nintendo um pouco da sua mística de jogos exclusivos em consolas retro.
Rare Replay apresenta esta colecção com toda a elegância e atenção que a produtora merece, com os menus simples e atractivos, com os jogos organizados de forma cronológica para acompanharmos o desenvolvimento da Rare nesta indústria.
Os 30 jogos correspondem aos mais de 30 anos de lançamentos, desde que a Ultimate Play se transformou na Rare, por isso é normal que tenhamos neste catálogo jogos como Jetpack, um jogo mais arcade, que resistiu muito bem ao tempo, e que ainda hoje pode ser divertido, mas isso não acontece com todos.
Nesta retrospectiva moderna analisemos os jogos por blocos e não cada um individualmente, algo que demoraria semanas. O primeiro bloco tem como destaque Battletoads, o famoso jogo dos irmãos Rash e Zitz, Dois sapos mutantes adolescentes, , que têm como missão salvar seu irmão Pimple e a Princesa Angelica da malvada Dark Queen, líder do planeta Ragnarok, um clássico em todos os sentidos, desde a narrativa ao estilo de jogo misturando o 2d com o 3d em formato beat ‘em up. Mas uma palavra para Snake Rattle n Roll, R.C., Pro-Am ou Cobra Triangle, este último até algo revolucionário com a sua vista isométrica e por se tratar de um jogo com speedboats; títulos que valem pelo seu valor histórico, e para compreendermos as novas tecnologias aplicadas, mas também as novas ideias que foram surgindo ao longo do tempo.
É claro que neste ponto andamos para trás e para adiante nas décadas de 80 e 90, é também aqui que se situam alguns dos ícones da Rare, estamos a falar de Blast Corps, Banjo-Kazooie, Perfect Dark ou o já referido Battletoads, mas o tempo “moderno” viria a ser mais complicado para a Rare com a tentativa após tentativa de criar um jogo memorável para o Kinect, mas quando esse “peso” foi levantado tivemos a hipótese de jogar 007 Goldeneye, ainda até hoje o melhor jogo com o agente secreto James Bond, ou Donkey Kong Country e Kong Racing que infelizmente não estão nesta colecção devido a problemas de licença, mas que não deixam de ser marcos da Rare.
Mas falemos então de alguns dos pontos altos desta colecção, comecemos pela imagem de marca da Rare, a versatilidade que tantas vezes a colocou a investigar e a produzir novas linguagens no mundo dos videojogos. Nesse campo temos de falar de Kameo: Elements of Power, jogo que foi um exclusivo Xbox 360 e fez parte dos jogos de laçamento da consola da Microsoft, mas não nos podemos esquecer do encantador Viva Piñata ou de mix de plataformas e puzzles que era Banjo-Kazooie ou até mesmo de Perfect Dark que aqui surge com a sua versão original e a sua versão Perfect Dark Zero que apesar de ter chegado ao patamar da sua versão original não deixa de ser um excelente jogo.
Mas esta colecção dos 30 anos da Rare com 30 jogos e a ao preço de 30 euros, tem que ter mais 30 razões para serem jogadas ou não?!
Bem já demos algumas, em relação ao catálogo, mas agora é tempo de dar conta das inovações que foram introduzidas e daquelas que não foram esquecidas nesta colecção. Talvez a mais importante função, especialmetnte para os jogos mais antigos é o facto de termos a opção Save e Load, fulcral nos tempos modernos mas um bicho de sete cabeças na “pré-história” dos videojogos. Depois há também a possibilidade de rebobinar o tempo até 10 segundos, desta vez sem precisarmos de canetas para o fazermos nas K7’s do Spectrum, mas para dar a possibilidade e acessibilidade de passarmos aqueles níveis mais complicados, um sinal dos tempos, de que nos fartamos com uma maior facilidade.
Outra das novidade são os “Snapshots”, breves segmentos de jogo de alguns dos 30 jogos nos quais temos de cumprir certos desafios. A maioria deles são de tempo, por exemplo em Cobra Triangle temos de manter o nosso último refém ileso, em Gunfight temos de atingir um certo número de sacos de dinheiro. Por fim em relação aos achievements, continuam intactos, tendo ainda os jogadores a possibilidade de desbloquear conteúdos adicionais, já os “cheats”, esses, nomeadamente nos jogos mais antigos, continuam lá todos.
São 30 títulos e poderiam ser mais, pois haveriam mais para incluir, mas tal não foi possível e este lote de 30 acaba por representar muito bem a história da Rare e um pouco da história dos videojogos, algo que até deveria acontecer por parte de todas as produtoras. É um título obrigatória e até económico.