Todos se devem lembrar de quando os primeiros trailers de Watch Dogs foram exibidos, criando o habitual hype que a Ubisoft tão bem consegue provocar nos seus trailers. Contudo, verdade é que um pouco devido a isso, o jogo ficou sempre abaixo das expectativas, com a sensação constante de que faltava algo, de que o produto final não era bem aquilo que esperávamos. Mas atenção, quando digo isto não é porque estou a criticar o primeiro jogo, até porque não era um mau jogo, no entanto poderia ter sido bastante melhor e muito menos repetitivo. Sintetizando: o que lhe falta é uma sensação de preenchimento.

Quando Watch Dogs 2 foi anunciado o entusiasmo do público já não foi tão notado, muito por culpa do que disse anteriormente. Mas há que dizer, a Ubisoft aprendeu com as críticas dos jogadores e seguiu muito dos seus conselhos, Watch Dogs 2 pode não ser perfeito, mas dá-nos todavia tudo aquilo que o jogador desejava no primeiro jogo.

O jogo começa com Marcus Holloway, o protagonista a entrar numa instalação e apagar todos os seus dados pessoais, e esta pequena missão serve como tutorial dos comandos e conceitos do jogo. No entanto, não serve apenas para isso, é devido a esta missão que Marcus irá também entrar num grupo de hackers com o nome de Dedsec, e como devem calcular, não existe opção de escolha, sendo mesmo esse o único caminho possível.

Marcus além de hacker é uma espécie de faz tudo, e digo isto porque ele é capaz de infiltrar-se facilmente em qualquer local, está sempre pronto para uma luta corpo a corpo e é altamente extrovertido. Algo bastante diferente do protagonista de Watch Dogs, Aiden Pierce. Como jogo para nos divertirmos funciona perfeitamente, oferecendo ao jogador uma sensação de superioridade, contudo, foge um tanto à realidade, sendo que, normalmente um hacker é o oposto de tudo que Marcus representa, excepto nas skills de informática.

A história está bem desenvolvida, nota-se claramente que a produção optou por uma abordagem cómica, mas com bastante críticas à sociedade, e devo dizer que o conseguiram na perfeição. A crítica às redes sociais está igualmente presente, pois todas as nossas missões têm o objectivo de obter mais seguidores para a Dedsec (algo que acontece actualmente com qualquer companhia). A própria história do jogo consiste no abuso que a Blume faz das informações que tem das pessoas da cidade de São Francisco, e ironicamente, existe até uma missão onde teremos de entrar nos estúdios da Ubisoft para roubarmos o trailer de um jogo. Pessoalmente, esta crítica discreta do estado actual da sociedade deixou-me bastante satisfeito, e acho que é um ponto muito positivo no jogo.

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Continuando na história do jogo, não podemos fugir das missões principais, e estas são um ponto muito forte do jogo. Algumas são bastantes simples, outras mais complicadas, mas nunca chegando ao ponto de fazer o jogador perder a paciência. Têm sempre bastante variedade e as descobertas são uma constante, e algumas delas mesmo muito interessantes. As missões secundárias são outro aspecto positivo em Watch Dogs 2, também variadas, nunca deixando o jogador sentir que está a repetir algo que já fez. Existem inúmeras missões secundárias e todas elas têm uma pequena história, contribuindo para o enredo e eliminando a sensação de as estarmos a fazer sem um propósito ou substância. Ao longo do mapa existe bastantes pontos de diversão, desde corridas de drones, corridas de karts, apanhar sacos de dinheiro  e desbloquear pontos de pesquisa.

Um dos gadgets que mais iremos usar será o nosso smartphone, onde estarão detalhadas todas as missões que podemos fazer, sejam elas as principais, secundárias, ou missões online. Há também um media player, no qual podemos criar uma playlist e escolher as músicas da nossa preferência, e na verdade a banda sonora está óptima, com bandas e artistas como Megadeth, Mozart, Creedence Clearwater Revival, Bob Marley e até Daniela Mercury, entre outras bandas. E uma vez que existe a possibilidade de instalar novas aplicações no nosso smartphone, temos de referir o SongSneak, que permite desbloquear novas músicas enquanto percorremos o mapa.

As opções de hack são do mais variado possível, muitas delas idênticas à do primeiro Watch Dogs, no entanto, todas bastante úteis, desde ouvir conversas, ler mensagens, roubar dinheiro das contas dos vários NPCs do jogo, abrir portas, comandar carros à distancia, destruir e comandar tudo o que são aparelhos electrónicos, sabotar os sinais de trânsito, incriminar pessoas colocando a polícia nos seus rastos, chamar gangues para criar grandes confusões,  entre diversas outras coisas.

Algo que me desiludiu foi a condução e os veículos, e sublinhando que neste jogo é uma parte essencial para nos movermos, é talvez o ponto onde Watch Dogs 2 deixou mais a desejar. O controlo dos carros é estranho, é difícil sentir o carro no comando, dando a sensação de nunca estarmos a controlar o carro a 100%. Além disso os carros parecem indestrutíveis, por muitos danos que causem aos veículos, estes parecem sempre conseguir andar, sendo necessária uma quantidade enorme de choques para que acabem destruídos. Para terem noção, as motas comportam-se quase como carros no que a colisões diz respeito, e é muito raro que Marcus seja projectado ou caia da mota, algo que todos esperamos que a Ubisoft melhore nas próximas actualizações.

Quanto ao mapa e ao sistema de mundo aberto, podemos dizer que é bastante extenso, e caso não saibam, é uma cópia de grande parte da cidade de São Francisco, o que é sinónimo de tecnologia, sol, praia, calor e muita diversão. Ao andarem pela cidade é fácil perceberem os principais elementos da cidade, com recriações muito bem conseguidas, seja no centro, ou nas zonas balneares. Encontramos frequentemente alguns ícones da cidade, sendo que o principal é a mítica ponte Golden Gate, e nós por cá temos uma boa cópia, a Ponte 25 de Abril. O trabalho feito pela Ubisoft no que toca à movimentação que rodeia toda a cidade é brilhante, nota-se claramente que tem vida, e que não existe apenas porque nós ali estamos, são independentes, estejamos lá nós ou não.

No aspecto visual o jogo não nos desilude, tem um grafismo de nova geração para um jogo de mundo aberto, tal como os jogos de mundo aberto encontramos por vezes alguns bugs gráficos mas nada que estrague a sua jogabilidade. Nota-se imenso que a cidade em questão ajudou bastante a dar este tom alegre e colorido a todo o mapa, o que também ajuda a criar uma boa relação entre tudo o que nos rodeia.

A jogabilidade é onde Watch Dogs 2 brilha, se critiquei a condução, a verdade é que quando estamos fora do carro tudo o resto é fantástico, os comandos respondem como devem, o nosso personagem faz todos os movimentos que queremos e sentimos um controlo total. A condução do drone, assim como o do carrinho telecomandado, também têm controlos favoráveis, e ainda bem, porque estes dois gadjets vão ser essenciais para concluírem as vossas missões.

Para terminar, Watch Dogs 2 é tudo o que os jogadores podiam desejar, se precisarem de um novo jogo dentro deste género, então este é o vosso jogo. É uma lufada de ar fresco tanto para a franquia Watch Dogs como para a própria Ubisoft, que ultimamente tem sido um pouco criticada pelos jogadores por criar grande hype nos jogos e estes não corresponderem. Neste caso a situação é exactamente o oposto, Watch Dogs 2 dá tudo o que o jogador quer e talvez um pouco mais.

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Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.