Quando em 2011 joguei pela primeira vez Homefront, confesso que fiquei um pouco desiludido, e tanto foi assim, que quando fiquei a saber do desenvolvimento de HomeFront: The Revolution as minhas expectativas eram naturalmente baixas.

Surpreendentemente, Homefront: The Revolution tem um grande potencial, com uma história interessante e uma excelente jogabilidade, no entanto, nem tudo são rosas, mas já lá vamos.

Comecemos pela história: Em 1972 uma corporação da Coreia do Norte com o nome de APEX tinha uma tecnologia bastante avançada para a altura e com o passar dos anos começou a exportar produtos para os USA, tanto que em 2004 tinha já um poder quase sem igual na economia do país e qualquer produto com o nome APEX era desejado e comprado por todos. Foi então que a APEX se virou para o fabrico de armas, e claro, mais uma vez os USA aderiram em massa, comprando armamento em quantidades quase obscenas para as guerras que se seguiram.

Em 2025 o dólar começou a desvalorizar e como consequência a dívida dos USA para com a Coreia do Norte cresceu para números insustentáveis, como consequência o desemprego aumentou exponencialmente e o país não foi capaz de pagar as suas dívidas. Foi então que a Coreia do Norte decidiu iniciar um plano: uma vez que todos os produtos comercializados para o exterior tinham um acesso remoto, foi dada a ordem para a sua desactivação, nomeadamente armas, smarthphones, tablets, etc.

É nesse momento que uma força militar Norte Coreana, conhecida como EPC, entra no território com a justificação de vir ajudar o pais a reerguer-se, mas claro, era apenas um golpe de forma a entrar e criar as condições de opressão do povo americano, roubando-lhes todas as liberdades e direitos.

Publicidade - Continue a ler a seguir

Em 2027 os USA já se encontravam totalmente controlados pela EPC e é aí que nasce a resistência que irá liderar o movimento de revolução e lutar pelos direitos do povo e entregar novamente a soberania aos USA.

E para nós, tudo começa com Benjamin Walker, líder de uma célula de revolucionários, num encontro em Filadélfia com o nosso personagem Ethan Brady, onde foram tomadas medidas ainda mais rigorosas de controlo e segurança, devido aos confrontos da resistência com os soldados da EPC. Resumida a história, falemos então do jogo propriamente dito.

A dimensão do mapa é verdadeiramente enorme, composto por várias zonas, sendo que umas são vermelhas e outras amarelas. Nas zonas vermelhas os soldados da EPC estão em grande maioria e sempre em alerta e para conquistar estas áreas temos missões secundárias que ao completarmos ficamos com o domínio dessa região e com uma base de operações. Já nas zonas amarelas o objectivo é diferente, os soldados da EPC além de estarem em constante vigilância e em grande número, tal como nas zonas vermelhas, existem ainda câmeras espalhadas por todo o lado, onde o Stealth ganha um papel fundamental. Nestas zonas o mais importante passa por ganhar a confiança e popularidade dos habitantes, fazendo várias missões secundárias, desde resgatar civis, a sabotar operações da EPC.

Para percorrer a extensidade do mapa temos algumas motas pelo caminho, umas em contentores, outras caídas no chão, que nos vão ajudar a deslocar e a chegar mais rapidamente aos locais que desejamos. É bastante fácil de conduzir, no entanto os bugs são um problema, dando o exemplo dos soldados (ou devia dizer hologramas?!?), isto porque, se os tentarmos atropelar, passamos simplesmente por dentro deles, contudo gritam como se tivessem sido atropelados, continuando de pé e a disparar contra nós. Mas falando de bugs, isto é só a ponta do Iceberg. Há ainda problemas em algumas paredes do jogo, isto é, como se elas não existissem, pois os soldados conseguem-nos ver através delas, o que não ajuda quando estamos em Modo Stealth, chegando mesmo a esgotar a nossa paciência.

Quando descrevemos um jogo deste género, não podemos esquecer as armas, e aqui temos de sublinhar que HomeFront: The Revolution foi realmente revolucionário, especialmente nas opções que temos para modificar as armas, que é excelente e algo que adorei verdadeiramente. Podemos pegar numa pistola e apenas com dois botões transformar-se numa metralhadora, ou seja, é possível converter qualquer arma para o que nos for mais conveniente. Homefront: The Revolution tem bastante diversidade nesse sentido, desde metralhadoras, snipers, caçadeiras, e muitas mais. Quanto a engenhos explosivos temos Cocktails Molotov e bombas, como podemos ver, armamento não nos vai faltará durante as missões.

Graficamente o jogo está óptimo, com a cidade de Filadélfia muito bem representada, conseguindo retratar na perfeição as zonas mais urbanas assim como aquelas mais destruídas, tudo com um excelente detalhe, dando mesmo prazer de andar pela cidade atento aos pormenores. Os efeitos meteorológicos também estão muito bons, incluindo a noite e o dia, notando-se claramente quando começa a amanhecer e a escurecer, é mesmo um dos pontos fortes de Homefront: The Revolution.

A banda sonora está igualmente bem conseguida, com músicas que se enquadram bem nos vários locais e alternando com momentos em que é tão discreta que nem notamos que está lá. Todos os efeitos sonoros têm qualidade, e o único problema reside no diálogo com os NPCs, porque caso não estejamos frente-a-frente, o som da voz diminui drasticamente, algo sem qualquer lógica.

Os loadings do jogo são bastante demorados e este é um problema que não existe apenas em HomeFront: The Revolution, mas algo que já vem sendo hábito nos jogos mais recentes, infelizmente.

Seja como for, a Dambuster Studios já prometeu que irá lançar brevemente actualizações para melhorar e corrigir os vários problemas, e caso isso venha a acontecer, Homefront: The Revolution tem um enorme potencial e será um gosto voltar a pegar-lhe, desta vez sem as referidas frustrações. No entanto, fica para já marcado pelos inúmeros problemas que apresentou na altura do seu lançamento.

Em jeito de conclusão, o potencial está lá, mas há que esperar pelas actualizações e confirmar, senão podem crer que é mais um a ficar na prateleira.

SimENaoHomeFrontTheRevolution

Todavia uma nota final: Continuo sem conseguir entender como é possível em 2016 saírem jogos neste estado, bem sei que existem prazos e datas a cumprir, mas será que o lançamento nestas condições é preferível ao adiamento, e proporcionar um melhor produto final ao consumidor?

Artigo anteriorPromoções da PlayStation Store
Próximo artigoO lado político de Hearts of Iron IV
Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.