Developer: Atlus
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 10 de Janeiro de 2019
Atlus é um nome que normalmente associamos a jogos verdadeiramente diferentes do registo habitual. E apesar de ter ganho maior notoriedade por desenvolver Persona 5 – um título muito bem-recebido pela crítica e que marcou o ano de 2017 – já em 2011 havia lançado Catherine para a PlayStation 3 e Xbox 360, e que para muitos esteve na origem do estilo que diferencia a Atlus.
Sete anos depois, chega a reedição para PC, agora com o nome de Catherine Classic, e que posteriormente dará igualmente entrada na PS4 e PS Vita, com novo nome (Catherine: Full Body), e em forma de remaster, contudo, com conteúdo novo.
Catherine é um daqueles jogos que, descrevendo, dificilmente conseguirá cativar alguém; e tanto tem de interessante, como de bizarro. Na realidade, provavelmente só seria possível ter nascido do misticismo que normalmente achamos na cultura japonesa, e que tem uma forma muito única de contar histórias.
O protagonista é Vincent, e encontra-se dividido entre a relação com Katherine, a sua namorada de longa data, e que começa agora a dar alguns sinais de saturação; e Catherine, uma sedutora e intrigante mulher, que se materializa numa paixão arrebatadora, abanando por completo a vida de Vincent.
Como se não bastasse, parece haver uma relação evidente entre os recentes e recorrentes pesadelos de Vincent, e as mortes que têm acontecido com frequência na sua cidade. Será nesses pesadelos que se situará a jogabilidade de Catherine Classic, na forma de puzzles, onde teremos de escalar blocos em estruturas enormes, sendo que a lógica estará no planeamento para deslocar os cubos de lugar e subir até ao topo. Conforme o progresso, não só os desafios vão ficando mais exigentes, como também vamos periodicamente encontrando alguns bosses, e que nos obrigarão a uma escalada mais acelerada. O final de cada nível é premiado com uma pontuação avaliada no tempo que demorámos a terminá-lo.
A jogabilidade vai alternando entre os puzzles, e a interatividade com os outros personagens no Stray Sheep, um bar onde todos se reúnem, e que, além de termos a oportunidade de ouvir várias referências musicais a Persona 3, 4 e 5, através da jukebox local, também podemos ir desvendando mais detalhes de maneira a resolver mais rapidamente o mistério.
Também não podemos esquecer o sistema de moralidade que irá tomar registo das nossas acções mais pessoais e compará-las com aquelas que foram tomadas por outros jogadores. Uma mecânica que num jogo que tanto depende de diálogos e decisões, é sempre bem-vinda, especialmente numa perspectiva interessante de autoconhecimento.
Graficamente está muito bem executado. Os puzzles, ainda que em cenários inevitavelmente repetitivos, cumprem o que se espera em termos estéticos. Todavia, onde realmente brilha é ao nível das longas cutscenes, cuja envolvência e arte é apresentada num estilo animé, enriquecendo uma história que irá certamente agradar a quem tiver o prazer e a astúcia para desvendar o mundo de Catherine Classic.
Sim, é um título que se pode considerar de alguma forma bizarro. O conteúdo é direcionado para um público mais adulto, e os puzzles são simplesmente um acessório da verdadeira atracção do jogo: a sua história. O pormenor de se basear nas experiências oníricas de Vincent, oferece uma sensação de exploração aos confins da mente do protagonista, o que curiosamente, se tornam a base da sua própria profundidade. Uma boa surpresa.