Developer: Deep Silver e Sperasoft
Plataforma: Xbox One, PlayStation 4 e PC
Data de Lançamento: 22 de Maio de 2020

É difícil entrar num jogo como Maneater sem pensar em duas coisas, Dolphin, o mítico jogo da SEGA que era um desafio acabar, especialmente por ser uma enorme seca, mas relaxante ao mesmo tempo, e Sharknado, a mítica saga de filmes completamente estapafúrdios de domingo à tarde no Sci-Fi. No entanto o que levamos de Maneater é um completo soco no estômago e um choque térmico que nos agarra e nos faz ir de fio a pavio nesta história surpreendente.

Dito isto, olhemos então com a devida atenção para este jogo, que começa com um tutorial bem conseguido onde comandamos um tubarão fêmea perante a primeira área de jogo e onde aprendemos os comandos básicos. Depois de comermos alguns humanos somos interpelados por Scaly Pete, o vilão do jogo, o caçador de tubarões, amargo e rude, com sede de vingança, de exterminar todos os tubarões do planeta. E é aí que vivemos esse soco no estomâgo, com a morte do tubarão que comandávamos e com o esventrar da sua barriga para descobrir que havia um bébé tubarão dentro dela, e mesmo assim Scaly Pete consegue logo nos parecer ainda mais odiável quando faz um corte no tubarão bébé para ficar com uma marca quando o voltar a apanhar. No entanto, o bébé tubarão vinga-se e arranca-lhe logo um braço para dar algum sentido de justiça.

É aí que no fundo começa o jogo, no Bayou, num pântano onde começamos com este tubarão bébé e do qual vamos acompanhar todo o seu crescimento até à fase adulta e até cumprir o seu destino de matar, de se vingar de Scaly Pete.

Tudo isto é regado com um boa dose de humor através da recriação em formato documentário à Discovery Channel onde temos um narrador a contar esta história e a dar palpites e enquadramento com cada acção que fazemos e com o desenvolver do nosso tubarão de cabeça-chata. Em inglês podem contar com a voz de Chris Parnell que devem conhecer de Rick e Mortyr, mas a dobragem em português do Brasil não está nada má e dá mesmo aquele ar de dobragem manhosa dos documentários que lhe dá uma certa graça.

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Maneater em termos de jogabilidade pode facilmente ser apelidado de RPG, não só porque nos vamos afeiçoar à nossa personagem como a vamos ver crescer e evoluir, o mapa dá-nos objectivos principais e secundários para ganharmos elementos para conseguir fazer essa personalização do nosso tubarão.

Há uma espécie de 3 classes que podemos aprimorar, seja termos a nossa carcaça em volta de osso para nos proteger e darmos mais dano nas cabeçadas (Bone Set), o eléctrico onde basicamente parecemos umas enguias, mas mais ferozes (Bio-Electric Set), onde damos choques eléctricos e atordoamos os inimigos e o último onde basicamente adquirimos mais velocidade nos movimentos e recuperamos mais energia mais rapidamente (Shadow Set) . Para além destas “classes” existem ainda os orgãos, são os elementos do nosso tubarão que podemos melhorar desde o nosso Sonar, passando pela forma como digerimos os alimentos e extraímos os seus recursos, assim como termos mais capacidade para sermos anfíbios ou para sermos mais duros de ossos.

A adaptação e troca de classes é necessária para por vezes criarmos as melhores estratégias perante o adversário, especialmente quando entramos em confronto com as espécies mais perigosas do planeta, naqueles que são os desafios de caça a que o jogo se propõe.

Em paralelo, a nossa jornada por vingança tem pela a frente uma lista de 10 caçadores líderes que devem ser eliminados conforme nosso nível. Para isso, devemos devorar humanos e destruir barcos, o que chamará a atenção dos caçadores de tubarões locais. Assim, quanto mais terror criarmos mais vamos aumentar o nosso nível de infâmia até chegar o seu líder. Se por um lado parecem as estrelas do GTA com cada vez mais caçadores a chegarem e o caos a instalar-se por outro faz também lembrar o nível de reputação de Need for Speed: Most Wanted (2005) para alcançar os 14 membros da Blacklist.

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Após cada confronto com cada um dos caçadores líderes, ganhamos uma recompensa para equipar no nosso tubarão. Cada um destes equipamentos possuem níveis de evolução representados por cores e graus ao melhor estilo Destiny. Portanto, todo este aspecto de RPG torna o título denso e profundo proporcionando uma experiência diferenciada para cada jogador.

A nível de jogabilidade é bastante simples, mas com muita verticalidade, o objectivo é morder e comer o que nos aparecer à frente, portanto um botão para atacar com os dentes arreganhados, outra para atingir com o nosso rabo, mais uma para ser mais veloz e outra para nos evadirmos. Basicamente é isso sendo que os efeitos vão sendo diferentes perante a idade que temos ou pelo nível que atingimos. O jogo é rápido, fluído, com o mapa aberto a ser bastante diversificado e recheado numa construção cel shading que só fica a desejar quando à uma quebra enorme de frame rate, o que não é muito usual.

Maneater a nível de conceito e forma surpreendeu, porque tornou algo banal e arcade num jogo com profundidade, conteúdo e reflexão. Cerca de cem milhões de tubarões são mortos por humanos a cada ano, enquanto apenas cinco pessoas morrem por esses animais, sabiam?! É essa ideia que vamos ter bastante presente quando jogarmos as cerca de 15 horas de jogo, se contarmos com as quests secundárias e com as de melhoramentos, cerca de 6 se formos apenas pela história. Não é apenas um jogo sobre um tubarão que come pessoas, é também sobre como engolimos muitas vezes os nossos valores e a nossa moral em detrimento do poder.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-maneater<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Uma boa história e uma boa forma de a abordar)</li> <li style="text-align: justify;">Divertido mas com propósito</li></ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A quebra de frame rate</li><ul>