Developer: Retro Studios
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 09 de fevereiro de 2023
Foi com enorme surpresa que na apresentação da Nintendo Direct foi apresentado e lançado no próprio dia a remasterização de um dos jogos de culto dos fãs da Nintendo, Metroid Prime que havia sido lançado na Nintendo GameCube há mais de 20 anos atrás, em novembro de 2022. Confesso desde logo que não ganhei grande entusiasmo com o anúncio do jogo, já que não sou o maior fã de remasterizações, até porque muitas vezes conseguem ser bem piores do que aquilo que temos idealizado na nossa cabeça, principalmente estes jogos com mais de 20 anos do seu lançamento. Prefiro mais um remake de um jogo, desde que seja um jogo que valha mesmo a pena ser jogado novamente.
Para minha surpresa, Metroid Prime Remastered fica bem mais perto de alguns remakes que têm chegado ao mercado do que propriamente das remasterizações porcas (desculpem a expressão) que algumas companhias fazem. Confesso que, além de surpreendido, deu-me um enorme prazer jogar este título, onde a diferença gráfica entre o original e este é abismal; para não falar que os novos controlos do jogo, assim como a possibilidade de mexer a câmera, tornam tudo diferente, para melhor!
Para aqueles que só com a Nintendo Switch entraram no universo de Metroid, então é bom saberem que este jogo passa-se antes de Metroid Dread. Além disso, é um jogo totalmente diferente nas suas mecânicas, e ao contrário dos Metroid em 2D, a franquia Metroid Prime coloca-nos no comando de Samus mas em formato first person shooter (fps), e totalmente em 3D. Alguns fãs preferem a versão original em 2D, outros acham que a franquia Prime é a melhor maneira de usufruir de Metroid.
Gostos à parte, a verdade é que estamos perante um jogo verdadeiramente incrível. E antes de falarmos da sua jogabilidade, como sempre, vamos primeiro dar um toquezinho na sua história para nos enquadrarmos. Samus, mais uma vez, terá uma missão de investigação que com o avançar do tempo, se torna quase uma missão de sobrevivência. Neste caso iremos perceber o que os Space Pirates andam a fazer o Phazon, uma fonte de energia que anda a ser usada para fazer experiências com seres vivos. Tudo para que os Space Pirates se tornem ainda mais poderosos. Tudo isto irá passar-se no planeta Tallon IV, que é constituído por vários biomas, tornando o jogo desafiante a cada novo local onde vamos, ao mesmo tempo que nos obriga a estarmos equipados apropriadamente para cada situação.
Devido a este ser um jogo muitíssimo conhecido, não vamos entrar muito mais na história, mas sim no que esta remasterização tem para oferecer. E claro, vale bem a pena todos aqueles que já tiveram oportunidade de jogar a versão original voltarem a jogá-lo. E se, tal como eu, era um jogo que estava guardado naquela parte nostálgica do vosso cérebro como uma das grandes obras primas dos videojogos e não querem nem por nada estragar essas memórias, bem, então garanto que estão à vontade para adquirir o jogo. As boas memórias do jogo tornam-se ainda melhores a jogar esta remasterização, sendo que o trabalho feito pela equipa de desenvolvimento é verdadeiramente extraordinário. Até mesmo para aqueles em que a história pode estar um pouco esquecida, já que temos a possibilidade de voltar a jogar este Metroid Prime Remastered, onde temos a possibilidade de analisar quase todo o cenário e com isso ir adquirindo informação para preencher as lacunas que nos faltam, visto que as cutscenes e as narrações não nos oferecem tudo de mão beijada e torna o jogo verdadeiramente empolgante.
Falando em cutscenes, e até em análise dos locais e inimigos, é impossível ficar indiferente ao grafismo do jogo, principalmente porque comparado com o jogo original tudo está incrível. Os cenários foram retrabalhados, todos em alta definição, a água, a neve, as pedras, mesmo as infra-estruturas e até os vários inimigos que encontramos, tudo está diferente para melhor. Olhando para a própria Samus e a sua armadura, é possível diferenciar sem dificuldades todas as diferenças em relação à versão original. Diria até que faz inveja a certas remasterizações que vemos chegar a consolas de nova geração.
Algo que também está bastante melhor é a iluminação do jogo, oferecendo agora muitos mais pormenores, quer de efeitos de luz, como oferece assim mais detalhe do que nos rodeia. Algo que não posso deixar de referir, principalmente para aqueles que apenas jogaram Metroid Dread, é que mesmo este sendo um fps, continuamos a ter os diversos power-ups e habilidades dos jogos de Metroid. Até porque este é um ponto essencial da franquia, e conforme vamos progredindo no jogo, vamos adquirindo mais habilidades, que nos permitem avançar, ou por vezes voltar a locais que estavam inacessíveis.
Já no aspecto da jogabilidade, aqui as diferenças são por demais evidentes, já que existiram muitas alterações em relação à ao jogo original. Desde logo temos 4 opções, a Dual Stick onde temos a possibilidade de usar os dois analógicos, onde o da esquerda serve para nos movimentarmos e o da direita será a nossa mira. Depois temos o Pointer, que activa os controlos de movimento dos Joy-Con para a câmera e para a mira. O Hybrid oferece uma combinação dos controlos clássicos com os sensores de movimento. Já para os mais nostálgicos, temos o modo Classic, que coloca a jogabilidade tal e qual como no jogo original.
Falando da componente gráfica, é impossível não referir que o jogo está muito mais fluido que o original, já que roda a 60 fps, tornando assim a jogabilidade ainda melhor, sem sentirmos qualquer atraso, quer na movimentação, como no disparo da arma. Algo que também não deixará ninguém indiferente é o jogo rodar quase de forma idêntica, quer em modo dock como no modo portátil, o que é algo extraordinário nesta remasterização.
Já na componente sonora nota-se claramente que o som e os seus efeitos foram melhorados, e as músicas – tal como acontecia no original – continuam ainda hoje a ser perfeitas para todo o ambiente. Diria que toda esta envolvência faz-nos penetrar de forma única no jogo.
Para aqueles que os jogos actuais são demasiado extensos, e na verdade isso acontece cada vez mais, ficarão satisfeitos por saber que a duração do jogo continua praticamente igual ao original, e em menos de 15 horas, certamente concluirão o jogo sem problemas. Por outro lado, para os “loucos” do colecionismo (nos quais por vezes eu me incluo), agora temos uma nova secção de Extras, com 185 itens prontos para serem desbloqueados. Esta secção está dividida em 3 tipos, uma com arte do jogo, outra focada nos modelos dos personagens e inimigos do jogo e por fim a secção de músicas do jogo. Algumas são desbloqueadas conforme avançamos na história do jogo, já noutras teremos de fazer o scan dos inimigos para estes ficarem desbloqueados nesta secção. É um miminho que a Retro Studios adicionou ao jogo, e que agradará aos fãs que gostam de fazer os chamados “100%” dos jogos.
Metroid Prime Remastered é uma verdadeira obra prima. É uma das melhores remasterizações que podem encontrar no mercado dos videojogos. Um trabalho incrível, que se confunde com um verdadeiro remake. Como não podia deixar de ser, é a melhor maneira de jogar este clássico intemporal, e até essencial para quem mais tarde estiver interessado em jogar Metroid Prime 4 quando este for lançado.
PS: Seria incrível o resto da trilogia ser lançada com esta qualidade!