Developer: Grasshopper Manufacture Inc.
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 18 de Janeiro de 2019

Sempre aplaudi e “venerei” aquelas mentes brilhantes que nos trazem coisas diferentes, e que são capazes de oferecer aos jogadores ideias e conteúdos que não estamos habituados a encontrar, quase sempre nos surpreendendo pela positiva. Numa altura em que a maioria dos estúdios se agarram a modelos preconcebidos cujo sucesso é quase garantido, aparecer alguém com imaginação para algo novo é algo que já não acontece muito, e isso é um dos problemas desta geração de videojogos.

Travis Strikes Again: No More Heroes vinha com essa premissa, oferecer algo “out of the box”; um conceito novo, novas ideias, algo que oferecesse aos jogadores a chamada lufada de ar fresco. Eu diria que por um lado até consegue ser novo, mas por outro, pega em diversas ideias de outros jogos e enfia tudo num único jogo, e depois, para a duração do jogo ser minimamente aceitável, então adiciona-se uma bela pitada de repetição e nasce um novo jogo para os jogadores da Nintendo Switch.

A história inicial do jogo até está bastante interessante, e começa com Bad Man a conduzir loucamente até junto da roulote de Travis, para vingar o assassinato da sua filha, e é aí que começa uma luta entre ambos. É neste ponto que se dá a entrada para o jogo, isto é, a consola de videojogos de Travis faz uma espécie de teleporte dos dois para dentro desta. Esta consola começa logo por ter um nome bastante interessante (Death Drive MK II), e também a sua história é bastante bizarra, já que é uma consola que nunca chegou a sair para o mercado. Como podem ver tudo aqui é estranho, mas até aqui tudo bem, já que não podíamos esperar outra coisa vindo o jogo de quem vem.

Goichi Suda ou Suda 51 (como preferirem chamar) é bem conhecido pelo seu trabalho excêntrico, basta ir ver os diversos projectos onde trabalhou que facilmente tiramos essa conclusão. O problema é quando essa excentricidade não consegue provocar o impacto que deveria, e na minha opinião é exactamente isso que acontece com Travis Strikes Again: No More Heroes.

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Mas vamos lá continuar pela história: Travis e Bad Man tem como objectivo finalizar todos os jogos que foram criados para a Death Drive MK II, e quando o jogador percebe isso, até pode imaginar que estamos perante um jogo com diversos jogos diferentes, e por isso seria algo incrível e bastante interessante. E é exactamente aí que está o grande problema deste jogo, qual é a lógica de se imaginar uma consola com seis jogos, se no fim a intenção e a sua jogabilidade é igual? Basicamente o que vai sendo alterado é a câmara de jogo e as suas perspectivas; fez-me lembrar claramente as aulas de Computação Gráfica na faculdade, onde tinha alguns projectos para demonstrar que sabia usar diversos ângulos de câmeras e perspectivas em alguns motores gráficos.

E percebendo os jogos que a Death Drive MK II tinha para oferecer, percebemos bem a razão de esta ter não ter no seu portfolio um jogo de verdadeiro sucesso. Temos seis jogos, como já vos disse, mas em todos eles temos um Jedi – desculpem – Travis ou Bad Man como personagens principais, e em todos vamos ter uma espada ou bastão que são uma espécie de sabre de luz que tem uma característica única, tem de ser recarregada (George Lucas, obrigado por nunca termos de ver o Yoda ou o Darth Vader a meio de um combate a carregar o seu sabre de luz). Depois é andar a aniquilar todos os inimigos que nos vão aparecendo à frente.

Além disso, os inimigos são quase todos iguais: mudas as suas cores, uns disparam algumas coisas contra nós, outros criam áreas onde ficamos com algumas fraquezas, outros ainda tem mais defesa, outros até têm ataques mais poderoso, mas no final, se os metermos todos lado-a-lado, o boneco é quase o mesmo. O que é claramente diferente são mesmo os Bosses, e esses são os combates que valem bem a pena, até pela sua dificuldade. O jogo tem cerca de 8 a 9 horas de jogo, o problema é que é sempre a fazer o mesmo, e como diz o ditado “tudo o que é demais enjoa”.

Felizmente esta é a parte que faz o jogo ser mesmo diferente, seja nas conversas do Travis com os NPC, os pequenos vídeos que vamos tendo para ver durante os diversos jogos, e até os Fax que Travis recebe. Convém também referir alguns mini-jogos que aparecem no jogo, temos por exemplo um de corridas de motas com um aspecto de Tron, e um jogo de naves que me fez lembrar bastante o Asteroids. Existe também uma inimaginável referência a videojogos, filmes, e até alguns comentários interessantes sobre a sociedade no geral. É também possível comprarmos diversas T-Shirts para Travis ou Bad Man, todas elas com diversas referências de tudo aquilo que falei anteriormente. A verdade é que é este conteúdo juntamente com os mini-jogos que faz o jogo ter pernas para andar, senão seria um jogo extremamente vazio.

Quanto à jogabilidade, esta é bastante fluída, o personagem consegue mexer-se bastante bem, é rápido, salta, tem dois ataques um forte e outro mais fraco, pode usar até quatro skills e ainda se pode desviar. Tudo isto é excelente, excepto o belo ataque forte, e passo a explicar: esse ataque não tem como ser cancelado, isto é, mal carregam no botão de ataque forte não existe maneira de este não ser feito até ao final, bem podem carregar no saltar, desviar, mexer no analógico, nada. Devido a isso, por vezes, ou recebemos dano absurdamente, ou passamos a maior parte do tempo a usar o ataque fraco que é bastante rápido; ou se fizerem o ataque forte, o que irá acontecer provavelmente é levarem com uma habilidade de um boss porque Travis teve a sua paralização mental e não sabe fazer mais nada até acabar o seu golpe. É daquelas coisas eu aceitava nos anos 90, agora em 2019…

Graficamente Travis Strikes Again: No More Heroes também não tem nada a oferecer aos jogadores, fica numa escala média baixa, ao lado de muitos indies dos quais provavelmente todos fugimos quando olhamos para eles. O que não é de se deitar fora é a banda sonora, e aqui o trabalho é bastante aceitável, a par de toda a história, diálogos, e as referências que o jogo nos oferece.

Travis Strikes Again: No More Heroes é uma enorme desilusão, estava à espera de um trabalho bastante diferente, irreverente, e que me surpreendesse; o problema é que se trata de um jogo, e se o seu gameplay é em 90% do tempo sempre igual, então por muitas referências que o jogo tenha, ou até uma historia incrível, a verdade é que falta diversão, e apesar de ser algo que Travis Strikes Again: No More Heroes nos oferece durante as primeiras duas horas de jogo, depois passa a ser um sacrifício devido à sua repetição, e é ai que tudo se começa a desmoronar.

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Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.
analise-travis-strikes-again-no-more-heroes<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A historia ser completamente louca!</li> <li style="text-align: justify;">Diversas referências, como videojogos e filmes.</li> <li style="text-align: justify;">Banda sonora muito competente.</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Extremamente repetitivo.</li> <li style="text-align: justify;">Tirando os Bosses os inimigos são quase todos iguais visualmente.</li> </ul>