Developer: Saber Interactive
Plataforma: PC, PlayStation 5, Xbox Series X|S
Data de Lançamento: 9 de setembro de 2024
Não é de agora que Warhammer mexe com muitos jogadores, e, a verdade, é que Warhammer 40,000: Space Marine 2 era um jogo extremamente aguardado para este ano. Depois de ter tido a oportunidade de jogar algumas missões como referi na nossa antevisão, o Hype pelo jogo era bastante grande.
Este é o jogo que nos traz a continuação de um título com 13 anos, uma vez que foi em 2011 que Warhammer 40,000: Space Marine foi lançando, tendo deixado uma marca na franquia Warhammer, e oferecendo aos jogadores uma imersão única no vasto e sombrio universo criado pela Games Workshop. O primeiro jogo destacou-se naquela altura por uma abordagem direta ao combate, combinando tiroteios intensos com uma experiência visceral de combate corpo-a-corpo. O Capitão Titus, o protagonista da série, ganhou uma enorme notoriedade na sua luta contra os inimigos do Imperium.
Warhammer 40,000: Space Marine 2 chega para preencher a lacuna deixada pelo seu antecessor. O regresso a este universo era pedido por todos os amantes do primeiro jogo, que esperavam que a sequela não apenas respeitasse o legado do primeiro jogo, mas também o elevasse a novos patamares. A evolução da tecnologia e a maturidade dos estúdios de desenvolvimento prometiam uma experiência de jogo mais robusta e refinada, capaz de capturar a essência épica do universo Warhammer 40,000 com uma nova abordagem e inovação.
A história do jogo está muito bem escrita, evolui de forma a proporcionar uma experiência rica e envolvente, marcada por uma excelente profundidade, emoção e até nos coloca perante situações de sacrifício, honra e sobrevivência. Teremos a continuidade da saga do Capitão Titus, que, após os eventos do primeiro jogo, é reintegrado nos Ultramarines e enfrenta uma nova e devastadora ameaça: os Tyranids.
O jogo inicia-se com Titus numa missão crítica ao lado da Deathwatch, que rapidamente transforma-se numa luta pela sobrevivência. Este prólogo estabelece a introdução para o restante do jogo, oferecendo uma visão clara dos desafios que Titus enfrentará. Durante esta missão, embora o objetivo seja cumprido, nem tudo corre como esperado, e é isso que faz Titus regressar aos Ultramarines, e o seu passado como Black Shield desapareça. Titus deixará o título de Capitão e passará a ser apenas Tenente, ficando lider de um esquadrão antes liderado por Gadriel. Ao longo da campanha, Titus não é apenas um guerreiro, mas uma personagem verdadeiramente complexa, cuja trajetória explora o conceito de redenção e a luta constante pela honra.
O desenvolvimento das personagens é um dos pontos fortes do jogo. Titus, que passou por um processo de transformação significativo desde o primeiro título, agora destaca-se como um líder formidável e ainda mais experiente. Outras personagens, como Gadriel e Chairon, acrescentam camadas adicionais à narrativa, oferecendo suporte e contribuindo com as suas próprias histórias e conflitos pessoais. Estas personagens secundárias não apenas enriquecem a experiência narrativa, mas também ajudam a explorar o tema da camaradagem e do trabalho em equipa, essencial no contexto de guerra brutal que temos durante todo o jogo.
Falando em guerra, os tyranids são uma raça alien conhecida pela sua capacidade de consumir e devorar mundos inteiros, funcionando como um enxame guiado por uma mente coletiva, o Enxame. O jogo irá passar-se entre três planetas, Kadaku, Avarax e Demerium.
Algo que não deve deixar de ser falado é como o jogo respeita o universo de Warhammer 40,000. Durante o jogo, encontramos referências e elementos do lore da franquia, estando profundamente ligado ao universo sombrio e gótico de Warhammer 40,000, com detalhes que enriquecem a narrativa e reforçam a autenticidade do cenário.
Outro ponto importante são as referências a eventos e ameaças anteriores, incluindo a influência de forças do Caos, fazendo uma ligação aos eventos do primeiro jogo. Falando do primeiro jogo, é importante esclarecer que não é necessário terem jogado o primeiro jogo para se iniciarem neste. A narrativa é estruturada de maneira a oferecer uma compreensão clara dos eventos e personagens, mesmo para aqueles que não estão familiarizados com o universo Warhammer 40,000. A história é apresentada de maneira a dar o contexto necessário aos novos jogadores, equilibrando a profundidade do lore com uma introdução amigável.
Além da campanha – que por si só já ser incrível –, tem a aliciante de ser possível jogá-la de forma cooperativa com outros jogadores. Esta funcionalidade permite que até três jogadores se juntem, transformando a campanha numa experiência onde os jogadores devem coordenar as suas ações e estratégias para superar os desafios que cada missão oferece.
Mas não é só a campanha que oferece um modo cooperativo, dado que o Modo Operações apresenta missões paralelas e secundárias relacionadas com a campanha principal. Estas operações são projetadas para oferecer uma experiência de jogo adicional, permitindo-nos explorar histórias secundárias e desafios distintos que ocorrem simultaneamente com os eventos da campanha principal. Cada operação é desbloqueada à medida que avançamos na história e oferece recompensas únicas, como experiência extra e equipamentos novos.
Depois temos a vertente mais competitiva do jogo, e esta chega pelo Modo Guerra Eterna, que introduz o multiplayer tradicional. Este modo oferece várias variantes de jogo, incluindo Tomada de Território, Captura e Controle e Aniquilação. É possível competir uns contra os outros em mapas projetados para testes de habilidades e estratégias. Com a possibilidade de escolher entre diferentes classes e personalizar equipamentos, o modo competitivo permite uma vasta gama de estilos de jogo e táticas, oferecendo uma experiência dinâmica e competitiva.
Um dos pontos onde Warhammer 40,000: Space Marine 2 é fenomenal é na sua jogabilidade. É bastante robusta e destaca-se claramente pela intensidade e pela sensação de poder que sentimos enquanto jogamos qualquer um dos modos à nossa disposição. O combate mantém a essência do primeiro jogo, com uma mistura entre armas de fogo e combates corpo a corpo, onde a capacidade de alternarmos entre ataques à distância e confrontos físicos é a chave para o sucesso. Para isso, muito contribui as diversas armas que o jogo oferece, desde a faca, a espadas com serra, pistolas bolt, entre outras.
Além disso, temos a possibilidade de utilizar alguns combos e golpes especiais que demonstram claramente o poder do nosso Space Marine, além de oferecerem animações simplesmente brutais. Dentro dessas animações bastante impactantes estão execuções corpo-a-corpo e finalizações que enfatizam o poder dos Space Marines. Temos ainda um sistema de parry, onde podemos bloquear e contra-atacar certos ataques inimigos, adicionando assim alguma ajuda quando temos carradas de inimigos a atacarem.
Os inimigos também apresentam alguma diversidade, desde os mais pequenos (mas bastante numerosos), até aos gigantescos monstros que requerem mais cuidado. É um jogo que nos obriga a algum movimento quando temos uma grande mistura de inimigos no cenário, quer para nos conseguirmos esquivar como também para recarregar a arma em segurança.
É preciso ter em atenção ao peso que se sente na movimentação, já que estamos a falar de soldados altamente pesados, logo, não esperem uma grande agilidade. Ainda assim, o jogo fornece um bom equilíbrio entre a movimentação e a sensação de força destes soldados.
Em termos de dificuldade, o jogo oferece vários níveis, e que podem escolher quando o iniciam. Para os que estão agora a entrar neste tipo de jogos, convém começarem pelo nível de dificuldade mais simples, até porque uma das novidades do jogo são os combates em grande escala contra hordas de Tyranids, e nessas alturas tudo se torna caótico, e pode ser complicado para os novatos nestas andanças. Aqueles que gostam de desafios e estão acostumados ao primeiro jogo ou mesmo a jogos tipo Gears of War, podem adiantar-se na dificuldade Normal ou mais acima para sentirem a grandiosidade deste jogo.
Falando ainda no combate em grande escala, é impossível não ficarmos impressionados com o que a Saber Interactive conseguiu colocar no jogo. Por vezes são centenas de inimigos simultaneamente no ecrã. A sensação que temos ao olhar para o ecrã é de espanto, e é difícil não ficarmos impressionados e, ao mesmo tempo, com um sentimento de caos e desespero.
Voltando à questão do modo cooperativo, este é sem dúvida um dos pontos mais altos do jogo. A possibilidade de jogarmos com amigos evidencia como esta funcionalidade, além de ser fundamental, torna-se quase vital para proporcionar a adrenalina que o jogo pretende transmitir. A comunicação entre amigos, a criação de estratégias para nos defendermos uns aos outros, o espírito de entreajuda e até a gestão dos recursos disponíveis durante as missões – que raramente são suficientes para todos, obrigando a uma partilha conforme as necessidades de cada um – oferecem ao jogo uma característica única. Isto transforma Warhammer 40,000: Space Marine 2 numa daquelas experiências que, depois de jogada em modo cooperativo, dificilmente se quer jogar de outra forma, seja com amigos ou com outros jogadores. No entanto, neste último caso, o fator comunicação nem sempre funciona na perfeição.
Em termos gráficos, o jogo está verdadeiramente bonito e cheio de elementos importantes, com uma estética fortemente influenciada por um design “medieval” e “industrial”. Os detalhes fazem a diferença, e temos desde as armaduras detalhadas dos Space Marines, com inscrições sagradas e caveiras, até à arquitetura das cidades, que parecem fundir elementos de catedrais góticas com maquinaria de guerra futurista. Há uma presença constante de simbolismos religiosos misturados com tecnologia avançada que reforça a imersão no universo de Warhammer 40,000, acrescentando ao lore do jogo.
O único ponto que provavelmente tenho a apontar relativamente ao jogo, é que quando temos as hordas de inimigos perto da nossa personagem, nota-se que nem sempre o jogo apresenta o desempenho pretendido. Todavia, não é algo que estrague a experiência.
Já em termos sonoros, o jogo oferece tudo o que é necessário para nos sentirmos verdadeiramente mergulhados naquele universo. A banda sonora acompanha em todos os momentos, onde as músicas encaixam na perfeição em todos os momentos, quer nos momentos de maior tensão, como nas partes mais calmas do jogo. No aspecto dos efeitos sonoros, estes também estão fascinantes, com cada arma a ter um som distinto, com o impacto das armas corpo a corpo bastante diferenciadas, as explosões das granadas e tiros todos eles muito bem recriados. O som das hordas de tyranids a aproximar-se cria uma tensão palpável, especialmente quando começam a cercar-nos.
Por fim, não deixar de falar do voice acting, que está bastante satisfatório. Desde a actuação de Titus, assim como todos os Space Marine que falam entre si, de maneira a oferecer ao jogador um mundo vivo.
Warhammer 40,000: Space Marine 2 é como se previa um dos jogos de destaque deste ano de 2024. Oferece uma experiência intensa e imersiva, com um combate visceral, gráficos impressionantes e uma narrativa sólida. O jogo brilha nos momentos de mostrar a atmosfera e a brutalidade nos momentos das batalhas, com a oportunidade de jogá-lo em modo cooperativo a ser um dos seus pontos fortes. Para quem gosta deste tipo de jogos é verdadeiramente indispensável.
