Developer: WolfEye Studios
Plataforma: Xbox One, Xbox Series S|X, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC
Data de Lançamento: 31 de março de 2022
Quando Weird West foi apresentado, fiquei em pulgas para jogar. Para mim, os trailers revelavam todos os pequenos detalhes que gosto num jogo, escarrapachados num ambiente que me entusiasma sempre, os Westerns. Curiosamente, a Devolver Digital tem no catálogo deste ano dois dos jogos que mais anseio, com duas das épocas e dos cenários que mais gosto. Por um lado, o Trek to Yomi, invocando a era dos samurais e do Japão Feudal e este Weird West, que invoca os Westerns americanos, se bem que este último, já lançado é muito mais do que isso, com elementos fantásticos e de terror.
Para quem já segue o nosso site, facilmente saberá que eu tenho uma predilecção por jogos que invocam estas eras, estas culturas, estas filosofias até, basta olhar para as análise de um Ghost of Tsushima ou de um Desperados III para perceber o envolvimento que tenho perante estes “mundos”, mas Weird West aventura-se para lá do banal, do habitual, fazendo uma fusão de estilos, tanto de jogabilidade, como de proposta e de temáticas que só brilhantemente executado, poderá dar um jogo de excelência. E será que foi isso que aconteceu? É isso que vamos ver!
Já que falei de Desperados III, aproveito para dizer que apesar de algumas parecenças, o jogo da WolfEye Studios, rapidamente foge dessa lógica e desse domínio. É certo que o jogo acontece numa visão isométrica como Desperados III, mas o analógico direito dá-nos a oportunidade de rapidamente apertar o ângulo da câmera na nossa personagem chegando, no seu máximo, a quase uma perspectiva de terceira pessoa. O que podem encontrar de semelhanças passa mais pelo ambiente de cowboys e índios, os cenários, a paisagem, o chamado “setting” e, é claro, os cones de visão. Sendo que em Weird West não há outra forma de ver se os inimigos vos toparam, a não ser pelo seu cone de visão que apenas aparece demonstrado no pequeno mapa no canto superior direito e por pontos de interrogação em cima das suas cabeças que vos dão conta do estado de alerta dos inimigos. E a partir daí, é tudo completamente diferente.
Desde logo a história, dividida em 5 capítulos, encarnando 5 personagens completamente diferentes ao longo do jogo. Sem perceberem muito bem o como e o porquê, o vosso espírito apodera-se dos corpos de 5 personagens, cujas histórias estão ligadas, de uma maneira ou de outra e cujo o fim será interpretado em conjunto. E se acham, no início, que vão encarnar cowboys diferentes, tirem o cavalinho da chuva, porque vão encarnar numa caçadora de recompensas, depois num homem porco, logo de seguida, um nativo protector, um lobisomem e por fim uma cultista.
A informação que vos é dada no início é muito parca, mas existe logo uma ligação quase que emocional à primeira personagem, à Jane, que vê o seu filho ser morto por canibais e o seu marido raptado, como carne gourmet. Rapidamente, vão querer salvar o vosso marido e vingarem-se de tudo e de todos pelo caminho. A partir daí, a razão e a emoção que vos invade, em cada personagem que pegam, será diferente mas, já com a premissa na cabeça de que tudo o que fizerem com a personagem anterior, terá algum reflexo no futuro e, obviamente, por que andamos a passear de um corpo para o outro.
Cada personagem pode levar entre as 5 a 8 horas de dedicação para chegar ao fim, por volta de 25 a 40 horas de duração, o que é altamente satisfatório e, mais do que isso, recompensador pelo grau de narrativa que vão encontrar e por todas as mecânicas ao vosso dispor e o grind que proporciona.
E cada personagem terá os seus próprios traços e as suas próprias habilidades como podem imaginar portanto, nunca sentem cansaço ou repetição, mas vão gostar mais de umas personagens do que outras, o que traz também diversidade.
Existe uma espécie de skill tree associada a cada persoangem e própria a cada uma delas que, quando mudam de capítulo e de personagem têm que novamente encontrar as relíquias Nimp para desbloquearem cada habilidade. Já as Vantagens, essas mantêm-se.
As Vantagens são também habilidades mais gerais, como por exemplo, o ser mais silencioso, mais rápido na movimentação, conseguir extrair melhor loot, entre outros pequenos boosts.
A viagem entre as regiões é feita por um mapa, ao início bastante nublado, onde a velocidade é definida pelo transporte utilizado. Este mapa vai fazer-vos lembrar Fallout, onde podem ver o mapa inteiro mas o que existe pelo caminho só vai aparecendo conforme avançam. Com isso, também podem ver o ciclo de dia e noite, para saberem, por exemplo, se as lojas vão estar abertas ou fechadas.
O maior foco de Weird West é na simulação imersiva, isto é o impacto das decisões e escolhas do jogador em determinados momentos e que vão ter um efeito posteriormente. Se salvarem alguém das mãos de bandidos, essa persoangem pode voltar como aliado em momentos oportunos ou se tentarem abater o líder de um gangue e recolher a sua recompensa e deixarem alguns dos seus membros vivos, e eles vão-vos apanhar em algum momento do jogo. O mesmo acontece se decidirem ser impiedosos, sorrateiros, ladrões, executores da lei ou outra coisa qualquer, isso vai sempre trazer uma consequência.
Quanto à jogabilidade propriamente dita, Weird West vai ser muito similar a outros RPG’s de ação com visão isométrica editados até hoje.
O combate é um dos pontos mais interessantes, usando o mesmo sistema de escolhas para uma melhor aproximação. Seja utilizando stealth e tentando uma abordagem sorrateira ou atirando sem piedade, usar tudo o que o mapa vos oferece é sempre o melhor caminho. Feno seco pode ser incendiado e apanhar inimigos desprevenidos, assim como usar barris de óleo que podem explodir, tanques de explosivos, utilizar terreno alto para uma melhor abordagem ou procurar cobertura e tentativa de ataque silencioso com arco e flechas. Opções é o que não faltam e devem ser exploradas sempre que possível.
Um problema que encontrámos tem a ver com os comandos e algumas acções. O tipo de visão não ajuda muito em alguns mapas, principalmente naqueles mais apertados e mesmo com opção de 3 distâncias de câmara. De qualquer forma, mirar no esquema twin stick pode ser um desafio, mas a WolfEye Studios deu-nos aquela espécie de bullet time para ajudar, mas como nem sempre temos a oportunidade de a utilizar, sentimos alguma dificuldade. Para além disso, é fácil confundir os comandos de habilidades para cada tipo de armamento das personagens, às vezes com uma combinação de 3 a 4 comandos para os acionarmos. E muitas vezes estamos a falar de uma simples ativação de um tiro silencioso e mortal com um rifle de repetição, por exemplo.
Outra questão prende-se com o inventário que rapidamente se esgota, o que pode ser uma verdadeira chatice em muitos dos casos. Por isso deixo já a dica, comprem, assim que puderem, um cofre na cidade para colocar os vossos itmes mais preciosos e, já agora, também um cavalo, pois podem colocar nos seus alforjes peças de inventário.
Graficamente,Weird West não é um portento do realismo ou algo parecido. Apresenta um lado mais cartoonesco através de cell shading, fazendo às vezes lembrar um estilo mais Borderlands nesta componente. A riqueza dos visuais do jogo surgem através dos efeitos, seja das explosões, do já referido bullet time ou de outras habilidades que usamos, assim como de todo o ambiente e cenários mais bizarros com que nos vamos deparando.
Weird West é, tal como o nome indica, algo estranho, mas que se entranha facilmente. Perdemos as horas de jogo sempre na tentativa de perceber qual vai ser o fim ou até mesmo o propósito de toda a narrativa. E com isso, com o factor novidade sempre a ser aplicado através dos arcos de narrativa de cada uma das personagens e das suas habilidades e abordagens específicas. É um jogo longo e com planos para ir introduzindo mais eventos, eventualmente mais personagens e mais narrativas.