DeveloperKoei Tecmo e Nintendo
Plataformas: Nintendo Switch 2
Data de Lançamento: 6 de Novembro de 2025

Se há um estúdio que consegue trazer para o mercado os melhores Musou que já joguei, é sem dúvida a Koei Tecmo. No início do ano lançaram Dynasty Warriors: Origins, que obteve um sucesso estrondoso e que chegará em 2026 à Nintendo Switch 2, e agora é a vez de vermos chegar Hyrule Warriors: Age of Imprisonment, também para a nova consola da Nintendo.

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Muitos devem ter na memória o último jogo do estúdio ligado à franquia The Legend of Zelda, Hyrule Warriors: Age of Calamity, e os seus dois DLC — Pulse of the AncientsGuardian of Remembrance — que nos trouxeram a história que se passava 100 anos antes dos acontecimentos de The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Neste novo jogo, a ideia é semelhante: contar algo que ainda não foi revelado aos jogadores, mas que agora se relaciona com o mais recente título da franquia, The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom.

Para quem jogou Age of Calamity, foi fácil criar uma expectativa elevada em relação a Age of Imprisonment. Quer pela jogabilidade — sempre verdadeiramente incrível —, quer pelos trailers que foram sendo mostrados, mas também pelas palavras dos produtores, que referiram que a Nintendo Switch 2 lhes permitiu ser mais criativos, trazendo muito mais inimigos em simultâneo em cada batalha, além de uma capacidade superior para o jogo correr em frame rates mais estáveis e com uma resolução mais alta.

Quanto à história, tal como fiz na análise do jogo anterior, vou apenas enquadrar-vos sem revelar qualquer detalhe importante para não estragar surpresas. Para quem não sabe, esta é uma história canónica, ou seja, os eventos apresentados fazem parte oficial da cronologia da série. Estamos perante uma prequela relacionada com os acontecimentos de Tears of the Kingdom. Quem jogou deve lembrar-se de quando Zelda e Link exploravam a área subterrânea do Castelo de Hyrule e encontraram uma múmia, despertando-a. Essa múmia era o Demon King: Ganondorf. Durante o confronto, Link é derrotado e Zelda cai num abismo, desaparecendo subitamente.

O desaparecimento de Zelda está ligado ao facto de ter sido transportada para um passado remoto de Hyrule, quando o reino era governado pelo Rei Rauru e pela Rainha Sonia. Estes foram os fundadores de Hyrule e os responsáveis por estabelecer as bases da civilização. Um pormenor importante deste casal é o facto de Rauru não ser Hyliano, mas sim um elemento de uma antiga raça chamada Zonai, um povo dotado de tecnologia e poder divino que existiu muito antes do surgimento do povo de Hyrule.

Se por um lado tudo isto já era conhecido através de Tears of the Kingdom, agora teremos a oportunidade de ver como ocorreu a ascensão de Ganondorf e como, devido a essa ascensão, se iniciou a célebre Guerra do Aprisionamento (Imprisoning War). O jogo leva-nos a conhecer personagens inéditas, outras que antes tinham pouca importância mas que aqui ganham destaque, e mostra essencialmente o início da eterna guerra entre o bem e o mal que atravessa toda a saga The Legend of Zelda.

Ficando-me por aqui no que toca à história, passemos agora à jogabilidade. Tal como em Age of Calamity, tudo se desenrola num grande mapa — agora idêntico ao de Tears of the Kingdom — que inclui a superfície de Hyrule, o seu subterrâneo e os céus. É neste mapa que encontramos todas as atividades do jogo: as missões da história, os diversos challenges, os serviços e as quests.

As missões da história estão divididas por capítulos, e cada capítulo tem entre três a cinco missões. Cada um representa uma parte importante da narrativa, e essa divisão está muito bem feita, sendo fácil perceber o que os produtores pretendem transmitir e identificar os momentos-chave de cada segmento. Normalmente temos apenas uma missão principal ativa, e ao completá-la surge a seguinte. No entanto, há momentos em que duas missões ficam disponíveis em simultâneo, representando acontecimentos que decorrem em diferentes locais com personagens distintas, reforçando a sensação de que ocorreram ao mesmo tempo.

Os Challenges funcionam como missões secundárias. A lista de desafios é extensa, mas estas missões são curtas, exigindo normalmente o cumprimento de dois ou três objetivos, como quase sempre derrotar alguns inimigos mais fortes, cumprir uma tarefa num tempo limite ou proteger um aliado. O mais importante nestes Challenges são as recompensas: XP para subir o nível das personagens envolvidas, novos itens e armas, Rupees, desbloqueio de personagens secundárias, entre outros. Normalmente, os Challenges estão divididos por grupos de níveis recomendados, indo do nível 1 ao 10, do 11 ao 20, do 21 ao 30, e assim sucessivamente. Existem ainda os Scouting Challenges, que são geralmente onde desbloqueamos novas personagens.

Ainda dentro das missões dos Challenges, encontramos algumas que, embora não sejam obrigatórias, é quase impossível não querer completá-las. Estas estão relacionadas com a recuperação de territórios, e passo a explicar: como todos sabem, a superfície de Hyrule está dividida em várias regiões e zonas. Inicialmente, todas essas zonas estão livres, até que chegamos a uma parte da história em que praticamente todas ficam sob o controlo dos inimigos. A partir daí, surgem Challenges específicos para recuperar esses territórios. A razão pela qual é essencial reconquistá-los é simples: muitos desses locais, depois de recuperados, passam a oferecer serviços que podemos utilizar. Para terem uma ideia, esses serviços incluem a melhoria de armas, o treino de personagens (gastando Rupees), lojas onde é possível comprar alimentos e até zonas onde podemos desbloquear dispositivos Zonai.

Quanto às Quests, estas estão relacionadas com as personagens e encontram-se espalhadas pelo mapa. À medida que completamos umas, outras vão surgindo. Para as concluir, basta entregar determinados itens, e ao fazê-lo recebemos recompensas que melhoram as personagens. Essas melhorias podem adicionar corações à vida, desbloquear novas habilidades, aumentar o poder de ataque ou melhorar habilidades já existentes. À medida que completamos quests em cada região, o progresso é assinalado no canto superior direito do mapa através de pequenas figuras estilizadas, que se vão iluminando consoante avançamos nas atividades dessa zona.

Já mencionei várias vezes os itens, e é importante reforçar que são uma parte essencial do jogo. Tal como em Breath of the Wild e Tears of the Kingdom, os itens desempenham um papel central. Aqui, embora não sirvam para cozinhar ou criar equipamentos, são indispensáveis para completar quests, desbloquear tecnologias Zonai e até para usar nos acampamentos.

Esta é uma das novidades mais interessantes do jogo: os acampamentos. Embora não estejam disponíveis logo no início, desbloqueiam-se relativamente cedo. Neles, podemos preparar as personagens antes de uma missão, dando-lhes pequenos bónus temporários. Podemos, por exemplo, aumentar a velocidade de movimento, o XP ganho, reduzir o tempo de recarga das habilidades, ou fazer com que os ataques especiais fiquem disponíveis mais rapidamente. É importante ter em conta que só podemos escolher três bónus e que cada item influencia apenas um deles. Podemos usar até cinco itens por vez, e estes afetam os três bónus selecionados. Em algumas missões mais demoradas da história, podemos também encontrar acampamentos a meio da missão, e nesses casos podemos modificar os bónus ou os itens que lá colocamos.

Antes de passar para o combate, há ainda as Aside Quests, uma espécie de objetivos paralelos que podemos cumprir para obter recompensas adicionais. Estes objetivos devem ser completados durante os Challenges ou as missões da história e incluem tarefas como eliminar um certo número de inimigos, usar determinadas habilidades, derrotar um tipo específico de boss, entre muitas outras. Além dos Challenges, esta é uma das melhores formas de conseguir recursos para completar quests e obter os itens necessários para melhorar as armas.

Falando agora do combate, o verdadeiro coração de qualquer jogo deste género, posso desde já garantir-vos que está simplesmente fantástico. Mais uma vez, a equipa fez uma recriação impecável de tudo o que caracteriza o universo de The Legend of Zelda, especialmente Tears of the Kingdom: animações, personagens, inimigos, armas e até os itens estão perfeitamente adaptados ao estilo Musou. Os cenários onde decorrem as batalhas — seja na superfície, nos céus ou no subterrâneo — são totalmente inspirados no mais recente título da série, o que confere uma sensação de autenticidade incrível. É notório o cuidado em tornar Age of Imprisonment numa obra que vai agradar a todos os fãs da franquia.

Quanto às personagens jogáveis, cada uma tem as suas habilidades únicas. Algumas têm armas fixas, enquanto outras permitem escolher a arma a utilizar, tal como acontecia em Age of Calamity. Cada tipo de arma oferece ataques distintos, e essa diferença sente-se claramente na jogabilidade. Encontramos espadas, arcos, lanças, machados, espadas longas e até armas mais estranhas, como os célebres Bokoblin Arm (aqueles braços esqueléticos que muitos recordarão).

As armas podem ser melhoradas, e para isso existe o serviço que referi anteriormente. Além de aumentar o dano, a melhoria permite adicionar efeitos extra, como infligir mais dano em ataques especiais, ganhar mais XP ao derrotar inimigos, ou aumentar a eficácia de ataques normais, entre outros.

O jogo está repleto de pequenos pormenores, e seria impossível mencionar todos aqui, mas contribuem imensamente para a sua grandiosidade. Um exemplo são os utensílios da tecnologia Zonai, tal como em Tears of the Kingdom, que permitem lançar fogo, gelo, água, ataques elétricos, bombas, rockets e muito mais.

Durante o combate, temos novamente os famosos confrontos de “mil contra um”, característicos dos Musou, e nota-se que nesta versão há muito mais inimigos em simultâneo do que em Age of Calamity. Isso torna as batalhas mais entusiasmantes e visualmente impressionantes. Encontramos inimigos bem conhecidos como Bokoblins, Lizalfos, Chuchus e Octoroks. Já os inimigos mais desafiantes — autênticos mini-bosses — incluem os Boss Bokoblin, Lynels, Moblins, Hinox, Talus, Flux Construct, entre outros. E claro, há ainda os Bosses principais.

A sensação de combate é verdadeiramente empolgante. Derrotar centenas de inimigos ao mesmo tempo é sempre algo incrivelmente satisfatório, especialmente quando conseguimos executar combos que sabemos ser eficazes contra certos tipos de inimigos. As missões e quests evoluem consoante cumprimos objetivos. Começamos com um ou dois, e à medida que os completamos, novos aparecem até atingirmos o objetivo final. Muitas vezes, esses objetivos passam por ajudar um aliado, recuperar um local, derrotar um inimigo recém-aparecido ou escoltar alguém até um ponto específico do mapa. Os mapas das áreas de combate são, na sua maioria, lineares, e pode existir um ou outro mais labiríntico, mas nunca há a sensação de estarmos perdidos, sendo tudo claro e intuitivo.

Falando dos oponentes, além dos inimigos mais fracos que derrotamos com poucos golpes, continuam a existir aqueles de nível intermédio, que não são bosses mas exigem mais esforço. Quer nos bosses, como nesses inimigos, está de volta o sistema do hexágono, que indica a defesa do inimigo. Quando conseguimos quebrar essa defesa, podemos desferir um ataque devastador. Se nos desviarmos no momento certo, o inimigo fica vulnerável durante alguns segundos, permitindo reduzir-lhe ainda mais as defesas. Outra novidade bem-vinda são os ataques diferenciados que estes inimigos agora possuem, desde ataques aéreos, defesas reforçadas e golpes frontais. Cada um pode ser contra-atacado com a habilidade especial certa, e por exemplo, se o inimigo realizar um ataque aéreo, devemos usar a habilidade que o neutraliza. Quando acertamos, o inimigo fica vulnerável por um curto período.

Outra componente fundamental, ligada à tecnologia Zonai, é a presença de inimigos com afinidades elementares: fogo, gelo, lama ou eletricidade. Estes causam mais dano, mas têm também fraquezas claras, visto que um inimigo de gelo é facilmente derrotado com fogo; um coberto de lama pode ser neutralizado com água, e assim sucessivamente. No entanto, tal como em Tears of the Kingdom, os utensílios Zonai consomem bateria, e quando esta se esgota, deixam de poder ser usados até recarregar.

Quanto às personagens jogáveis, Zelda é uma das principais figuras, empunhando uma espada de luz. O Rei Rauru, outra personagem central, utiliza uma lança de energia luminosa. Há também um misterioso Construct, uma espécie de soldado movido pela antiga energia Zonai, capaz de empunhar diversos tipos de armas e extremamente versátil. Para além deles, há várias personagens de diferentes raças: um Korok, membros das tribos Rito, Zora e Goron, e alguns Hylians.

Outro ponto que merece destaque é o modo cooperativo, que permite jogar até dois jogadores. Em modo local, o ecrã divide-se horizontalmente, mas existe também a funcionalidade GameShare (Local), onde basta um dos jogadores ter o jogo para ambos poderem jogar, e o Game Share via GameChat, onde aqui usando a internet é possível partilhar o jogo e jogar neste modo, onde mais uma vez apenas um jogador precisa de ter o jogo. É uma funcionalidade extremamente bem-vinda para quem gosta de partilhar estas experiências com amigos.

Infelizmente, há um ponto que pode desagradar a alguns jogadores: a ausência da língua portuguesa. Esta falta de localização já se tornou quase uma tradição nos jogos da Koei Tecmo, o que é lamentável, especialmente num título desta dimensão. Seria extremamente positivo ver o jogo traduzido para português, não só para facilitar a compreensão total da história, mas também porque tanto Breath of the Wild como Tears of the Kingdom já ofereceram essa opção.

Falando agora do grafismo, Hyrule Warriors: Age of Imprisonment é visualmente deslumbrante. Quem adorou Tears of the Kingdom vai inevitavelmente ficar encantado com este título. Os cenários são inspirados diretamente nesse universo e facilmente reconhecíveis para qualquer fã. As paisagens são belíssimas, e o estilo artístico mantém a essência que caracteriza a série desde a chegada à Nintendo Switch. Os menus, o mapa e a interface são familiares, e mesmo sendo um Musou, sentimos que estamos dentro do mesmo mundo. As cutscenes são magníficas e ajudam a acompanhar a história, destacando os momentos mais importantes e emocionantes.

O aspeto sonoro é outro ponto alto. A banda sonora transpira The Legend of Zelda, com temas que se ajustam perfeitamente a cada momento, desde as músicas mais tensas às mais emotivas ou calmas. Os efeitos sonoros são igualmente excelentes, o som das habilidades, das armas, dos inimigos, do fogo, da água e da eletricidade está extremamente bem conseguido. O voice acting também merece elogios — embora nem sempre presente — brilha nas cutscenes, com vozes familiares e uma interpretação de grande qualidade.

Hyrule Warriors: Age of Imprisonment é, sem dúvida, um dos Musou mais incríveis que já joguei. 2025 está a ser um ano extraordinário para os fãs do género, com a Koei Tecmo a lançar dois títulos absolutamente notáveis. Este, em particular, destaca-se por estar ligado à franquia The Legend of Zelda e por apresentar uma história fascinante. Oferece uma jogabilidade envolvente, momentos narrativos memoráveis e combates épicos. É, sem qualquer dúvida, um daqueles jogos obrigatórios para qualquer fã de The Legend of Zelda.

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Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.
analise-hyrule-warriors-age-of-imprisonment<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Combates incríveis</li> <li style="text-align: justify;">Visualmente muito bonito</li> <li style="text-align: justify;">História prende-nos ao ecrã durante horas</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Falta da língua portuguesa</li> </ul>