A expectativa para as novas consolas da Microsoft, em particular da Series X eram altíssimas. E mais do que um desejo por parte daqueles que sempre foram fieis à marca em verem a Xbox novamente no lugar onde outrora já esteve, havia por outro lado a curiosidade em todos percebermos o que a marca planeava para o futuro.
Sabendo a conjuntura actual do mercado, não era segredo de que a Xbox tinha de investir na diferenciação de maneira a recuperar terreno para as duas principais rivais. Este primeiro ano da Xbox Series foi a definitiva prova disso e uma verdadeira demonstração da fortíssima aposta para o futuro. É igualmente a materialização da visão de Phil Spencer que tem sido o rosto da transformação recente, e de uma clara evolução de toda a divisão Xbox.
As duas novas consolas da Microsoft simbolizaram não só uma clara mudança de estratégia, mas também a vontade de chegarem ao máximo de pessoas possíveis, sejam eles gamers mais vincados, ou jogadores mais casuais. Ofereceram uma opção de potência, com a Series X, e o hardware mais poderoso que uma consola teve até hoje; e uma solução mais económica e prática de entrada na nova geração com a Series S.
Enquanto que a Series X se focava em tirar o melhor partido gráfico e de performance nos jogos, chegando aos 4K nativos e 60 fps como padrão; a Series S apontava aos 1080p, mas mantendo as mesmas velocidades de carregamento, sendo até uma interessante hipótese como consola secundária – como o número de unidades vendidas no Japão mostraram recentemente. Ambas beneficiam de uma completa arquitectura RDNA 2 da AMD, que proporciona tecnologias muito ambiciosas de nova geração, como a Xbox Velocity Architecture, Ray Tracing e FidelityFX Super Resolution.
Este foi o passo decisivo para que, mais do que uma consola, a Xbox fosse vista como um ecossistema, ao qual se junta o PC e os dispositivos móveis, através do xCloud. Todas estas plataformas são unidas pelo grande trunfo que é hoje o Game Pass. Na verdade, foi este serviço que provavelmente salvou e deu um rumo claro à marca. Se antes a Xbox sempre se viu encurralada a seguir os passos do que faziam os seus rivais, foi com o Game Pass que assumiu uma direcção diferente e inédita no mercado dos videojogos, pelo menos da forma como foi implementada.
No entanto, para que pudesse ser competitivo, o Game Pass precisava ser aliciante, especialmente para quem nunca tinha olhado para a Xbox como alternativa. Investiu muito, mas investiu bem; e começa agora a colher os frutos. Comprou mais de uma dezena de estúdios numa primeira fase, todos bastante promissores, numa perspectiva de irem crescendo dentro do Xbox Studios e pegarem no desenvolvimento de exclusivos importantes. Contudo, o melhor estava reservado para o verão de 2020, com a bomba da aquisição da Bethesda, e ficando em seu poder com IP’s como The Elder Scrolls, DOOM, Quake, Dishonored, Fallout, Wolfenstein, The Evil Within e Rage, só para dar alguns exemplos. E sim, com todos os futuros jogos a saírem day one no Game Pass.
Não foi só a venda de consolas que foi afectada pelo chip shortage e a chegada da pandemia, mas também o desenvolvimento de jogos, e em particular dos AAA’s sofreram por arrasto. O grande sacrificado foi sem dúvida Halo Infinite, que era suposto acompanhar o lançamento das consolas e foi adiado para Dezembro de 2021. As Xbox Series foram sobrevivendo essencialmente dos lançamentos third party – e até elaborámos uma lista dos 10 jogos obrigatórios deste primeiro ano –, mas tem sido nestes últimos meses que se tem erguido verdadeiramente, com os lançamentos de Psychonauts 2, Forza Horizon 5 e Halo Infinite, brevemente.
Todavia, é 2022 que promete ser um dos melhores anos de sempre da Xbox quando olhamos para jogos first party. Starfield e Forza Motorsport 8 e Hellblade 2 são os lançamentos sonantes esperados para o próximo ano, com a possibilidade de também podermos ainda vir a ter Perfect Dark, Fable 4, Gears 6 e Avowed, correspondendo à aspiração da Xbox em lançar um exclusivo a cada três meses. E se assim for, dificilmente encontraremos um ano que rivalize com este em 20 anos de Xbox, sendo um dos períodos mais entusiasmantes para ter uma das suas consolas.
A retrocompatibilidade foi igualmente um princípio desta próxima geração Xbox, continuando a avolumar formas de desfrutarmos de jogos que foram marcantes em alguns momentos das nossas vidas. O Auto HDR e o FPS Boost são bons exemplos disso mesmo, melhorando as experiências de jogos mais antigos, com resultados realmente impressionantes. É uma das medidas mais louváveis da Xbox, que trata com respeito não só o consumidor, mas todo um legado de criações artísticas que moldaram a história da indústria.
É, portanto, um aniversário de 20 anos que não podia vir em melhor momento, visto que expressa uma identidade e uma esperança reforçada para quem sempre preferiu a Xbox como uma das principais fornecedoras de entretenimento. Os preparativos estão prontos, e até falamos aqui em maior detalhe sobre o que podemos esperar para amanhã – além de outras coisas pertinentes que merecem ser destacadas – num evento que certamente será imperdível.